segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Dilema dos Figurinos de Dança do Ventre


Cada vez mais o figurino de dança do ventre tem sido um quesito com maior peso para a qualidade da dançarina... Eu disse qualidade? Pois é, isso mesmo! Estar com uma roupa de dança do ventre considerada bonita é quesito para concursos e provas de seleção! E o quesito luxo é de longe um dos mais cotados para essas avaliações.

Falar sobre isso me lembra um post antigo da Amar El Binnaz, no qual ela levou sua turma para concorrer numa mostra de dança (se não me engano), e como elas não tinham condições financeiras de arcar com no mínimo R$200 para comprar um figurino, foi roupa da 25 de Março mesmo (ou o Saara como chamamos no Rio). Sabe o que disseram na avaliação? Que fantasia não era figurino de dança do ventre!! Peraí, agora só quem pode pagar por uma roupa sinistrona que pode concorrer num evento de "dança"? Ou seria um evento de moda?

Bem, fato é que um figurino bem trabalhado "causa", e além disso uma roupa que realça seus pontos positivos e atenue os negativos chama a atenção dos espectadores, e te deixa mais confiante. Mas ela não é nada se compararmos à importância da dança, desde que a roupa não atrapalhe sua evolução ou te faça parecer uma árvore de natal ou uma mulher da vida, por que não lançar mão da simplicidade? Alguns critérios parecem tão sem sentido na avaliação dos figurinos, que nos perguntamos se a dança não fica num segundo plano. Um exemplo: uma colega minha recebeu nota baixa porque a saia estava justa na bunda! Sinceramente, o que isso atrapalha a dança dela?

A minha amiga Lina Basimah (ela abaixo) tem um talento nato para a costura, e ela mesma faz suas roupas de dança do ventre. Ela sabe distribuir bem as pastilhas, lantejoulas, paetês e gasta bem menos para fazer tudo isso! Ela não precisa pagar mil reais para ter uma roupa bonita que a faz se sentir bem e valoriza seu corpo. Ah sim, a dança do ventre expõe nosso corpo, nossas curvas, até porque os movimentos fazem com que as pessoas tenham sua atenção voltada para ele. O figurino precisa nos adornar, não somente nos cobrir, o que não importa é se ele é feito com diamantes ou com vidrilhos!

Obviamente a condição de cada uma não é igual, entretanto vale mais a pena você ter uma roupa com um material mais resistente que também fará dela mais durável, só acho um tanto fútil pensar que só se gastando os tubos se poderá ser uma dançarina do ventre de qualidade. Outro exemplo: ano retrasado comprei uma roupa luxuosa de dança do ventre num ateliê, fui toda poderosa para um evento, chegando lá, ao me olhar no espelho tinha um guria com a mesma roupa que eu!! Ahhhh! Pode parecer besteira, mas imagina você com o mesmo vestido de festa que outra pessoa desconhecida? Eu gastei R$700 para ter uma roupa com diversas cópias espalhadas por aí!

A solução para mim seria: vamos aprender a bordar!hehehe. Mas como eu não tenho paciência e talento para isso, e sei que muitas também não tem sequer tempo, acho que podemos ao menos refletir se não estamos supervalorizando o luxo nas roupas de dança do ventre, em detrimento da simplicidade com qualidade. O nosso visual tem que envolver as pessoas, mas de repente um corte diferente, um tecido mais adequado, materiais equilibrados e aquela costureira amiga poderiam dar um resultado muito bonito e melhor: exclusivo! E claro: a dança em primeiro lugar! Afinal, o que importa mais é a embalagem ou o que há por dentro?

E aqui abaixo Hanna Aisha, que é conhecida, dentre outras coisas, por fazer seus figurinos de dança do ventre.

16 comentários:

Anônimo disse...

Muito pertinente, seu post.

Sinceramente, acho que se começarmos a ser medidas pelos trajes e não pela qualidade de nossa dança, isso vai acabar causando uma divisão vergonhosa, na dança do ventre no Brasil.

Que tem uma qualidade técnica e profissional tão boa, reconhecida até pelos países que deram origem ao estilo!

Pois, muitas de nós, não tem condições de comprar um traje de ateliês, que sabemos bem...são caríssimos. (como vc frisou tão bem).

Acredito, que se começarem a fazer este tipo de distinção, deixando de considerar o que realmente importa. Como: a técnica, a dedicação, o carisma e delicadeza e entrega da bailarina,etc.

Estaremos indo por um caminho, perigosamente preconceituoso.

Quero crer, que isso não aconteça e que cada uma de nós bailarinas do ventre, quer tenham talento para bordar ou não, não sejamos julgadas, apenas pela quantidade de strass que apresentarmos em um figurino, ou pela falta deles.

MAs, pela alma e coração que cada um puser em cena, quando dançar.

Carinhosa e esperançosamente...
Nana.

Elaine Cris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elaine Cris disse...

Eu sempre tenho a impressão que quando a roupa está pelada demais ou o figurino é muito "árvore de natal", todo mundo presta mais atenção no corpo e no figurino que na dança. Então gosto mais quando a roupa é mais "comportada" e mais clean.
Muito linda a roupa da sua amiga! Uma das mais bonitas que já vi. Mais bonito até que alguns figurinos caros que já vi por aí...
O modelo é simples e bonito e o lilás clarinho caiu muito bem pra ela, que também é muito bonita.

Bjus

Hanna Aisha disse...

Esse é um dilema mesmo!

Acho que vale a pena ter figurinos de grife sim, mas também existem ocasiões que eles não fazem diferença.

Logo, sempre vale a pena procurar criar seus figurinos para quem tem o talento ou conhecido que possa ajudar.

Curiosidade: sou conhecida por fazer meus figurinos de dança e por outras coisas também, segundo você. Fiquei com medo de saber quais as outras coisas! ahahahahahah

Obrigada pela lembrança.
Beijos

Carol Liguori disse...

Aii Célia!

Legal vc lembrar de mim no post!! Adorei!! hehe

Na verdade sempre tive um exemplo em casa! Na época de balé e sapateado, minha mãe não tinha grana pra mandar bordar minhas roupas, então ela mesma as fazia!
Quando comecei a fazer dança do ventre pensei: Não dá pra ficar comprando roupas de ateliês, mas tb não quero dessas feiosinhas de saara e lojinhas de copacabana que todas ficam iguais!! Então resolvi começar a fazer minhas próprias roupas! Pesquisei modelos, tecidos e pedrarias! Fiz 4 roupas até agora! Essa lilás foi a segunda e é meu xodó! rs

Como não sou profissional, me contento com minhas idéias e "talento". Não penso em comprar não! É bom pq ja que não danço essas maravilhas (eu tento rsrs) pelo menos fico feliz em ouvir elogios pela roupa! kkkkkkkk

Laurinha, muito obrigada viu!!


bjuss a todas!!!
Lina Basimah

Luciana Nogueira disse...

Oi Célia,

Fugindo totalmente do assunto figurino, te peço que me envie novamente seu artigo de outubro, que diga-se de passagem já não lembro mais qual era, porque meu computador deu pau e perdi tudo que tinha nele. Inclusive seu e-mail. Desculpe-me por escrever aqui, mas não tinha outra forma... Bjs!

Celia disse...

Olá meninas, obrigada pelos comentários!

Nana, creio que tem que partir de nós, dançarinas, esse estímulo a valorização da dança nos concursos, mais do que dos trajes que vestimos. Me lembro em uma vez no show do Tony Mouzayek, a mulher entrou com uma roupa coberta de strass e um véu wing importado para dançar... "Akhasmak Ah", sendo que no meio deu uma louca nela, a mulher largou os wings e começou a dançar khaleege. Tenho certeza que o furor no público causado pelo luxo da roupa dela não durou mais que um minuto!

Laurinha, a Lina (Carol) realmente é linda assim como a sua roupa. Ela me ajudou a comprar material para eu mesma fazer a minha, só que faltou em mim o talento q ela tem!

Hanna, "coisas" realmente não é a melhor palavra, de repente eu poderia substituir por "características", não sei... É que além de costurar suas roupas, sabemos que você é grande conhecedora de folclores, que já ganhou diversos concursos, que dá aulas no Rio, que faz mestrado em Biologia, que fez curso de árabe e que gosta de participar dos blogs de dança do ventre dividindo sua opinião. É, acho que é bastante "coisa", hehehe

Carol!! Abre um ateliê!hehe, brincadeira! Gostaria de ter 1% do talento que vc tem para fazer suas roupas!

Luciana, vou te mandar o artigo! Tudo bem, não é um segredo que publico alguns dos posts daqui do blog no seu site!

Bjos a todas!

Anônimo disse...

Concordo plenamente com vc, Célia!

Nossa, faço ideia como deve ter sido Dantesca, a cena.

Quero te parabenizar pelo lindo trabalho, voltado para todos os aspectos da dança, que vc faz nesse blog.

Beijinhos...
NAna.

Estela Cauri disse...

Oi, adoro o blog, acompanho sempre! Fui ridicularizada em uma comunidade do orkut por dizer que bordo maiô que não uso mais, e reciclo antigos vestidos de baile transformando-os em roupas de dança. Acredito que podemos ter bons trajes gastando pouco, e ainda não correr o risco de termos cópias por aí. E acredito que a qualidade da dança é MUITO mais importante que a roupa.

Hanna Aisha disse...

Celia: fofa.

PS.: Já tô no doutorado. hhahhahaha

Heloísa Caridade disse...

Muito pertinente mesmo! A roupa ganhou um estatos que só uma inversão de valores explica, é isso, no mundo de hoje tá tudo invertido mesmo. É capaz de alguém montar um número para uma roupa e não o contrário. Claro que figurino tb é arte, conheço ótimas figurinistas, verdadeiras gênias artísticas, concordo que fantasia não é figurino, a fantasia vem pura, somente a roupa e já tá bom, figurino vem ilustrar uma personagem, uma atuação. Que seria do folclore sem um bom figurino. Gostava muito de figurino ghawazee maltrapilho, quase uma cigana mendiga que eu fazia com a cia, ilustrando uma troupe "paupérrima" e o figurino era ótimo, confeccionado com as roupas mais velhas que tínhamos em casa. E por falar em luxo, a meu ver, só faz sentido um super figurino de luxo, de gala mesmo, numa noite de gala, em um luxuoso restaurante, penso que as coisas tem que ter pelo menos alguma concordância, não só gramatical...rs.
Tem uns figurinos por ae que são tãããão elaborados, que tem tantos detalhes, que são tãããão lindos que ficamos vendo a roupa tanto tempo, seus detalhes tentando entender a manga, de onde sai a saia, se tem uma tatuagem bordada na meia calça de uma perna só...ufa, quando vou acabar de entender a roupa o que acabou foi a dança;)

Jac Nascimento disse...

Adorei o post. Concordo absolutamente!!!
Acho péssimo pagar horrores numa roupa pra ficar igual a outra em algum outro lugar.
Eu não sei costurar a roupa toda, mas sei bordar, e também sei escolher lindos tecidos já bordados e forrar o top e a pala. Minha avó faz minhas saias ou alguma outra costura em máquina que precisar. Minha mãe ajuda a escolher o tecido certo, e troco muitas ideias de modelos com uma amiga que é modista, e também dança.
O melhor de tudo isso nem é tanto o preço, que fica bem mais barato (o que é ótimo), mas principalmente a exclusividade. É uma sensação muito boa saber que a roupa que você fez é linda e é única.
Parabéns pelo blog. Vou acompanhar sempre.

Anônimo disse...

Creio que a própria supervalorização dos trajes tenha acontecido própria e unicamente pelas bailarinas....Hoje em dia trajes para dança do ventre tbm segue tendencias...Mas qual será o motivo???? E sinceramente,acho impossível "bailarinas" serem julgadas por trajes,só acho que um pouco de bom senso para a vestimenta é muito importante...

Anônimo disse...

Boa tarde! Achei o texto por acaso, mas vou aproveitar para deixar minha opinião: eu faço dança do ventre e quero construir um figurino mais fiel ao que se usa lá nos paises da dança. Essas roupas ocidentais eu acho ou muito cafona (cheias de lantejoulas e paetês, ora parecem até dançarinas do "Calypso"). Ou muito luxousas, algumas dançarinas ainda usam bijus de brilhantes que parecem mais que vão a um casamento do que dançar, danças árabes. Acho que seguindo minha idéia, talvez até fique mais barato de comprar.

Espaço de Nastenka disse...

LINDAS, SOU A NASTENKA, NÃO SOU FAMOSA, NEM TENHO VIDEOS NO YOUTUBE. Se tenho deve ser alguma aluna que postou...eu nunca postei nada.Mas tenho a minha poesia e a "oração da bailarina" espalhadas pela net em muitos blogs...
Hoje sem querer buscando tecidos sobre como fazer um véu... bati aqui mais uma vez, gosto muito desse site, acho a "dona" maravilhosa porque ela expõe suas ideias, aqui nada a ver com preconceito...achei a opinião dela sincera sim.Devemos respeitar as opiniões alheias assim como gostamos que respeitem a nossa.
Eu passei pelo câncer no final de 2011 na mama, um tipo raro, maligno e que me fez cair assim que descobri. Parar com minhas aulas de dança que é tudo para mim, fechar meu salão de beleza que era o meu sustento(sou viúva e sou pai e mãe de 2 adolescentes lindos)...o chão se abriu e quase afundei...mas a dança do ventre me tirou da beirinha desse abismo. Tive que fazer uma mastectomia(retirada dos seio direito inteiro, e esvaziamento das axilas-retirada dos linfonodos que estavam contaminados)raspagem nas costelas e músculos e por pouco ele não atingiu meu pulmão. Passei pela quimuio(6 meses) perdi meus lindos cabelos vermelhos de 90 cm...fiquei carequinha e meus 2 filhos e os amigos deles também rasparam a cabeça para compartilhar o sofrimento...perder meus cabelos doeu e muito. O seio eu faço a reconstrução em 1 anos...mas os cabelos...foram 20 anos com eles!Passei pela radio(3 meses todo dia) e hoje estou aqui amigas, dando minhas aulas...
Eu não consigo achar um bustier que cubra a minha prótese...fica muito feio a falta do seio, fica um espaço...então eu mesma faço minhas roupas. Bordo e ainda faço as luvas de arrastão com franjas...invento!!! As saias eu compro pela "mercado livre" com uma amiga, já que não posso ficar muito tempo na máquina de costura sentada, dói o braço. E quer saber...ficam lindas em mim...
O que vale mesmo apreciar é a "sua dança", o valor do que você faz e faz bonito..."a sua e só a sua dança".
Julgar a bailarina pela roupa? Que coisa mais feia...a gente fica meses em treinamentos...ensaios...dores musculares...para ser julgada por causa de uma grife?
Claro que já vi dançarinas quase nua em palco...isso sim, é feio. Mas cada um tem o seu bom senso
Abençoada seja a "dança" que cura e liberta! Hoje eu estou aqui, buscando a vida dentro dessa dança que me faz tão bem...beijos e parabéns pelo site!

Espaço de Nastenka disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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