segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Movimentos de Marcação: Shimmie


Sim, ele é o terror da maioria das dançarinas! O shimmie é aquele tremido que se faz ao ouvir percussões dedilhadas, ou instrumentos de corda dedilhados (qanoun, alaúde, violino), e em alguns casos até ao som de uma flauta floreada. O movimento transmite uma profunda conexão da dançarina com a melodia, é como se o som reverberasse pelo corpo dela, como se ela estivesse em total imersão na música. Agora, como sair o bendito tão belo e perfeito?

Eu vou dar um exemplo ruim aqui, mas como é meu mesmo, o problema é meu!huahuahua. Aqui abaixo eu pega de supresa numa festinha no meu curso de árabe (notem que não fui preparada, levei o lenço de quadril pra mostrar pra uma guria e que tava de calça jeans!):


A minha cara de "oh, não, é um shimmie maldito", não é falsa. Não fiz escola com a Dina, foi sofrimento verdadeiro. Meu joelho travou e eu desesperada para sair o shimmie, chegava a dar uns trancos.

Ok, o que aprendemos com isso?

Primeiro: não faça shimmie de calça jeans! :p.
Segundo: um corpo relaxado é uma benção para o shimmie fluir, logo sinta a música, relaxe os músculos, quanto mais tensa, mais difícil será tremer (a não ser que suas pernas já estejam bambas, aí você pode aproveitar o embalo - eu já fui agraciada com isso).

O shimmie varia não só em intensidade, mas também em tipos, definindo-os abaixo:

Shimmie de vibração: é o mais comum! Simplesmente alterne os joelhos, como se estivesse impaciente no nível máximo. Alterne os joelhos com pouco espaço entre eles, lembrando de estar relaxada para o shimmie sair mais fluído e não movimentar a parte superior do tronco. Uma dica preciosa que minha primeira professora deu, mas eu não faço muito porque precisa de tempo e memória (lembrar de fazer todo dia), para soltar as pernas num shimmie de vibração é: deitar de barriga pra cima no chão, colocar uma perna apoiada no chão, a outra esticada para o ar, a qual você deve tremer; alterne as pernas nesse movimento até sentir que o tremido está saindo com mais facilidade em cada perna. Por fim estique as duas pernas com as costas apoiadas no chão e balance-as alternadamente. Para não ter dúvidas se está certo ou não: vai parecer que você está estrebuchando no chão!

Shimmie de tensão: esse é perigoso se fizer com muita frequência, pois pode causar lesões na parte interior do músculo da coxa. Basicamente é contrair esse músculo continuamente, dando a impressão de uma onda leve e contínua subir por seu quadril. A velocidade do ritmo da contração e a força que você coloca nela é que farão o shimmie mais visível e contínuo. Algumas pessoas também contraem os glúteos, mas numa saia justa isso pode ficar estranho.

Shimmie preso: o quadril fica paradinho, você terá a impressão que a vibração irá se concentrar nele, como se as ondas subissem dos joelhos ao quadril. A vibração do shimmie para no quadril, é nele que o tremido se sobressai, no conjunto é como se suas pernas e seu quadril fossem uma folha de papel ao vento (poético, não?). O shimmie preso é característico do shimmie de tensão, mas também pode ser feito com shimmie de vibração. As pernas ficam juntas, a alternância entre os joelhos é mínima.

Shimmie solto: esse é feito com o shimmie de vibração, além de alternar as pernas, se deverá liberar a tensão do quadril para que eles balancem de um lado para o outro durante o shimmie. As pernas não precisam ficar juntas! É importante lembrar, que no shimmie solto, o tremido tem como apoio o pé (onde você pisar), como se ele neutralizasse a vibração. É como se as pernas somente impulsionassem o quadril, mas é ele que comanda a velocidade e a intensidade do shimmie, as "ondas" vão de cima para baixo.

O shimmie pode ser combinado a qualquer movimento ondulatório, deslocamento e até outro movimento de marcação, como o básico egípcio. Para encaixá-lo basta somente tremer a perna que estiver apoiada no chão. O shimmie aparece justamente para marcar trechos da música que representam um momento de interiorização, de percepção, de uma fala íntima, seja algo alegre ou algo melodramático. O shimmie transmite o segredo da música, a alegria, a paixão, o encantamento, a consternação. Para mim, se houvesse uma declamação durante uma música, o shimmie seria a poesia.

Vamos nos inspirar?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crônicas de uma Dançarina do Ventre - Episódio 1

Estava eu feliz e contente no meu trabalho, chegando após um final de semana prolongado (feriadão), quando um colega me faz aquela pergunta chavão:

_ E aí, Celia! Como foi seu fim de semana? Passeou bastante?
_ Sim, fui num restaurante árabe, acabei tendo sorte e peguei uma apresentação de dança do ventre.
_ Como assim apresentação de dança do ventre?! (cara de espanto)
_ Ué, tinha dançarina lá.
_ Dançarina?!!?! No meio das pessoas, como assim?

Eu aqui pensando, por acaso ele acha que as dançarinas do ventre são seres abstratos, tipo uma fada? Ou então as pessoas estavam jantando normalmente, veio uma mulher com a barraquinha, botou o disco pra tocar, e deu uma dançadinha pra animar a galera e ganhar umas moedas.

_ Dançando normal, caramba, entre as mesas!
_ Nossa, se eu visse isso eu ia cair na gargalhada!
_ Ahn?! (Você tem problemas mentais?)
_ Ahhh, como pode uma mulher vir dançar dança do ventre enquanto as pessoas estão comendo nas mesas, com a família, lá não é lugar para isso!

Momento pausa para eu despencar dentro de mim, ir ali dar um grito, voltar com a minha cara blasé e tentar levar a pessoa para a luz.

_ Meu filho, você está achando que dança do ventre é striptease? Dança do ventre é uma apresentação cultural, é para entreter como arte, não para fazer exposição da figura da dançarina.
_ Ah, não sei, eu nunca vi uma apresentação de dança do ventre, mas cá entre nós, é óbvio que uma mulher que vai dançar assim na frente das pessoas ela tá querendo alguma coisa.

Você tá achando que as dançarinas são o quê, seu pervertido?! Como uma pessoa pode pensar o PIOR da dança do ventre, se ela nem ao menos sabe o que é? Eu tentei amenizar a situação:

_ Cara, não tem nada dessa coisa de sensualização, até os maridos das dançarinas vão com elas...
_ O quê?! Eu nunca me submeteria a isso!
_ Olha, se sua mulher fizesse dança do ventre, você veria que não tem nada disso!
_ Tudo bem, eu "deixaria" ela fazer, mas com uma condição: ela não poderia reclamar quando eu ficasse olhando as outras dançarinas!

Ok, out of the question, Senhor, é uma alma perdida! E eu ainda tento...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quer falar Árabe Egípcio?

 

Pessoas que já são "alifibatizadas" em árabe, a UFRJ através do Cursos de Línguas Abertos à Comunidade (CLAC) fará uma prova de seleção para um ano de curso de conversação em árabe egípcio dialetal (aquele das músicas). O curso será ministrado pela Prof. Tainise Soares e será aos sábados, das 08h às 12h, no Campus de Letras da UFRJ na Ilha do Fundão.

Quem estiver interessado em fazer este curso, deverá fazer uma prova de nivelamento no dia 11/02, a qual ocorre de hora em hora, sendo a primeira às 09h e a última às 15h, no mesmo local onde ocorrem as aulas do curso. Deve-se levar carteira de identidade e CPF. A semestralidade (1 pagamento por semestre) é R$228.


!!!!  نأمل أن نراكم هناك

domingo, 22 de janeiro de 2012

Dança de casal e descontração

Chega de coisa ruim. Para alegrar nosso final de semana, duas apresentações de casais divertidas. Uma de Shaabi e outra de Melea Laff. Ficou interessante a idéia de misturar dança, um pouco de teatro, uma historinha sendo contada entre os casais... O que vocês acharam? Uma pena não ter a letra da primeira música. Fiquei imaginando aqui sobre o que é a possível discussão deles. Divirtam-se um pouquinho =)

Porque a dança do ventre também pode ser engraçada, mas no bom sentido.
*

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Dança do Ventre Country

Quer aparecer? Olha a dica!

Tão comum um saidi-country!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Primeiros Passos de Jade el Jabel


Gente, é emoção PURA! Nossa entrevista de hoje é com uma Mulher (com "M" maiúsculo) de difícil apresentação! Ela já fez tanta coisa nesta vida e é uma figura tão admirável, que é difícil apresentá-la em poucas linhas. Jade nasceu artista! Antes do seu encontro com a Dança do Ventre, estudou música, literatura e outras formas de dança. Em 1991 surge então a Dança do Ventre no seu caminho, na casa de chá egípcia Khan el Khalili. Hoje é uma das grandes bailarinas desta mesma casa onde iniciou seus estudos. Sua primeira professora foi Layla. Em paralelo a Dança Oriental, Jade estudou Ballet Clássico e Moderno, além de ter aulas de língua árabe (o que prossegue até hoje). Jade desenha, esculpe, escreve, produz eventos.. tanta coisa que fica difícil enumerar. Em 2007, em parceria com Tony Mouzayek lançou seu primeiro DVD didáticoJade El Jabel – Interpretando Om Kalsoum”. Jade participou até de documentário sobre a Dança do Ventre na França. Leiam, leiam e leiam de novo a entrevista abaixo!! Existem mensagens muito boas nela, coisas que só podemos ver em alguém com maturidade, experiência, ética e amor ao que faz. Aproveitem, pois com vocês: Jade el Jabel!!
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Como é comum a muitos artistas, foi meio sem-querer. Eu demorei muito pra querer ser bailarina e, somente depois de 15 anos de profissão foi que decidi – por falta de tempo pra fazer as outras coisas, apenas! – “viver” de Dança do Ventre. Uma amiga de uma amiga, num jantar, comentou “Jade, fui num lugar q achei a sua cara! Tem Dança do Ventre!!!" – com muitos pontos de exclamação, já q era 1991 e isso era uma coisa da qual pouca gente havia ouvido falar – e eles têm aula” e me deu um cartão da Khan El Khalili. Fui fazer aula pra experimentar, me apaixonei pela professora, pela música e pela língua! Daí, como tinha meia dúzia de bailarinas no Brasil, funcionava assim: Se você tivesse figurinos, cabelo comprido, um corpo “em ordem” e soubesse fazer meia dúzia de passos mais, claro, um pouco de cara de pau, começava a trabalhar... Eu, inclusive, não queria, não... Tinha preconceito, porque eu me julgava “muito intelectual para trabalhar com o corpo”, mas minha Grande Mestra Layla me disse: “Você quem sabe... você pode fazer agora ou virar a ‘rainha do baile da terceira idade’ mas a dança tá em você e você não vai ter por onde fugir!”. O resto da história é esta que vocês têm acompanhado.
Como foram as primeiras aulas?
Sinceramente? Me lembro de ter achado tudo muito gostoso e fácil de fazer – doce ilusão de Iniciante!. Me lembro de tudo! Do perfume da Layla, do modo como ela se despia com naturalidade na nossa frente, como era possível ser linda aos 38, 39 anos (a idade dela na época), de como era lindo e bom ser mulher, ruiva, tatuada e sem filhos depois dos 30 (“coisa” na qual me transformei também), lembro-me da primeira música que ouvi (“We eh, Yani” do Amr Diab), do cheiro da Khan el Khalili... Mas, sequer passava pela minha cabeça “ser bailarina”, eu queria aprender a dançar e dançar muito bem! Foi instinto, intuição...
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
A primeira profissão que me interessou na vida foi de “Chacrete” (RS...) eu nunca tive vergonha de aparecer, estive minha vida inteira envolvida com arte e artistas, minha família é cheia de violeiros (somos do Interior do Paraná) e o mundo dos adultos nunca foi proibido pra mim, trabalho desde os 12 anos, não tive tempo, nem oportunidade de ter medo de me expressar, estudei música, me apresentei (cantando!) em festivais e continuo cantando nas “festinhas de família”. Venho de uma família de homens (muitos homens...) e ser mulher sempre foi um valor, uso batom e salto alto desde que comecei a andar, meu pai achava lindo, etc. Então “demonstrar feminilidade” e coisas afins nunca foi tabu pra mim... As dificuldades que tive vieram no início da minha carreira. Em aula, nunca, porque eu tive a melhor professora do mundo e ela, simplesmente, não permitia q isso acontecesse, sabe? Era um outro tempo, uma outra dança, era tudo muito mais intuitivo, e coisas mais “complicadas” como, por exemplo, as vindas do ballet, não somente não eram comuns, como meio que “pegava mal” usar... Era “isso não é dança do ventre!”, diferente de hoje que, gostando ou não, tem q saber. Difícil foi lidar com a vaidade, fofoca, ciúmes, falsidades, etc, etc, etc... porque estas coisas não faziam parte do meu mundo e não falo das coisas só nos outros, não! Falo das coisas em mim! Me decepcionei demais comigo mesma e com as pessoas, ter gente que “mal conheço” achando isso ou aquilo a meu respeito, isso foi muito dolorido. Hoje em dia, 20 anos depois, claro que não! Já tenho antídotos, defesas e, principalmente, muito senso de humor pra lidar com isso. Dificuldades técnicas? TODAS! E ainda tenho, cada hora é uma coisa que tem que melhorar ou resgatar ou segurar...
Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
A Dança do Ventre nunca foi pra mim uma coisa “terapêutica” ou “curativa”, sabe? Muito pelo contrário! Foi essa dança e suas peculiaridades que me mandaram pra terapia e não o contrário! Porque lidar com gente, com fama, etc, dá o maior trabalho! Eu sou uma máquina de trabalhar, sempre fui. Com tudo que trabalhei (e como trabalhei!!!) antes e durante minha carreira de Bailarina. Eu administro Dança do Ventre como administraria Odontologia, caso eu fosse dentista. É preciso aprender com quem tem mais experiência do que eu e, ao mesmo tempo, estar de olho em tendências, na direção que a Dança tem no mundo, então eu faço o que tem que ser feito: Estudo todos os dias, amo o que faço (e não “faço o que amo” que é bem diferente!) e faço questão absoluta de ser competente, muito competente, inclusive, como um modo de “compensar” o fato de não ser, nem nunca ter sido uma moça boazinha que faz o que as pessoas esperam de mim. A meta a ser quebrada é a minha, a maior concorrência, eu, os erros e acertos da minha carreira, meus. Então é isso: Competência, seriedade, profissionalismo e, sim, podemos dizer que é uma história “peculiar”, já que boa parte das bailarinas que conhecemos diz que faz e deixa de fazer isso ou aquilo , assim ou assado ou deixam de fazê-los porque o mercado ou sabe-se Deus quem “exige”. Mentira. De acordo com as prostitutas, ou boa parte delas “Qualquer mulher na sua situação também se prostituiria”. Mentira. A pessoa, simplesmente está ou não à venda, todo e qualquer tipo de “venda”. Eu? Não, obrigada!


Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Estude, estude, estude, estude... Não escolha nada de acordo com o que está na moda porque a moda passa. Acredite no que você gosta, não se abandone, não desista, não saia da frente do espelho, não perca seu tempo vendo bizarrices no YouTube, não tente entrar no mercado “pela portinha dos fundos”... não existe “esquema” nenhum e os que existem não prestam, o preço é muito alto e não precisa. Comporte-se, tenha classe, elegância, sempre, deixe seus pais orgulhosos de você, alongue-se, cuide da pele, do cabelo, do corpo, alimente-se e durma bem, o melhor possível. Sinta por você o que você espera que o público sinta! Acredite: DÁ, SIM!!!
Muito obrigada! Com amor e Com Deus! Jade El Jabel.
*
Visitem o site da Jade que é um arraso de lindo e saibam mais sobre esta artista do nosso país: www.jadedancadoventre.com.br

O antes e depois de Jade el Jabel
(Não sabemos a data)
2011
Para conhecer mais, o documentário que Jade el Jabel participou. Aproveitem.

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