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terça-feira, 14 de abril de 2015

Impressões: Mercado Persa 2015

Depois de dois anos afastada, resolvi voltar a fazer parte da dança do ventre. Comecei minhas aulas no dia 28/02, super recente, ainda estou destravando várias partes do meu corpo e eis que surgiu a oportunidade de conhecer e cobrir o Mercado Persa. Assim, as minhas impressões estarão muito mais voltadas a meu retorno e minha redescoberta da dança e meu ininterrupto contato com a cultura árabe do que exatamente uma análise crítica e técnica, mas vamos lá! 

Bicho do mato, eu! Nunca havia vindo para o Mercado Persa ou qualquer evento de dança do ventre fora do Rio, já vi algumas meninas participando deles, mas sem grandes envolvimentos. Então qualquer evento do Rio de Janeiro (que eu já tenha ido, quem sabe há surpresas por aí) não tem comparação com a grandiosidade do Mercado Persa

Falando do espaço:
O WTC é bem prático por causa do shopping. Era engraçado ir na praça de alimentação e encontrar várias pessoas com figurino, eu ficava imaginando o que pensavam os atendentes. Dentro do Centro de Convenções, a decoração estava impecável, os tapetes bem colocados (não tropecei em nenhum e não vi ninguém tropeçando) e as mesas do expositores pareciam até mesmo fazer parte da decoração. Eu que pude ir somente sábado e domingo, percebi que domingo por ser o último dia do evento, estava extremamente lotado! A parte da entrada estava muito difícil de transitar, acredito que os vendedores daquele espaço não tenham tido tanta sorte nesse dia, pois era impossível parar sem levar encoxadas e esbarrões. Na área dos palcos a lotação também era máxima, mas acho que o que complicou mais foi a falta de educação de algumas pessoas: gente em pé atrapalhando a visão das apresentações, bolsas espalhadas pelo chão (altos malabarismos e alongamentos para pular todas elas), mesmo havendo lugar para guardar essas coisas.

Falando da organização:
Nesse momento faço uma ode de graças à Iolanda, que me salvou inúmeras vezes. De fato, num evento de grande porte, a organização é a área mais trabalhosa, e que devia ter pessoas melhores selecionadas. Não falo sobre educação, boa vontade ou atenciosidade, mas exatamente pessoas que deveriam ser responsáveis, mas não assumem qualquer responsabilidade. Não só eu, mas outras pessoas ficavam minutos preciosos (no domingo fiquei 1h30) esperando alguém liberar a sua entrada porque ou não achavam o envelope com seu nome, ou não encontravam no arquivo do computador, e queriam que outra pessoa - que nunca estava na recepção - assumisse a responsabilidade de liberar quem estivesse com este problema, mesmo que a pessoa tivesse comprovantes para entrar. Em relação a parte das bailarinas, por eu não estar envolvida nem pessoalmente ou com alguém que fosse participar, a minha visão foi de que tinha muita gente gostando da experiência, apenas com reclamações sobre o local de se trocar ser muito exposto e pequeno, e os banheiros serem sempre escolhidos como segunda opção! Além de dificuldades para saber onde entrar e sair dos locais de apresentação, aqui pontos positivos para os seguranças, muito simpáticos, que guiavam as meninas perdidas com cordialidade.

Falando das mostras, concursos e palestras:
Ficar presa na entrada me impediu de acompanhar decentemente essas atividades, até porque chegar no meio delas me deixava perdida no que estava acontecendo. Tentei ver alguma coisa, mas não foi bem meu foco durante o Mercado Persa. De fato a grande maioria das dançarinas seguia o estilo alongada, carão, giros e poses, isto é, buscando limpar o máximo possível a dança. Como disse uma amiga minha, Sarah, dava pra sentir o nervosismo delas da platéia, mas isso não diminuía sua qualidade da dança, muitas me surpreenderam positivamente. Ah, sobre surpresas, o grande diferencial desse evento foi ver homens em todas as modalidades de concursos e danças. Não apenas no folclore, mas no meio de coreografias em grupo, em solos, em apresentações DI-VI-NAS! Adorei não só a participação deles, como também o acolhimento da platéia que os assistiu, pois no Rio já vi situações bem tensas quando um homem entrava no palco dançando o tradicional estilo feminino. Sobre as palestras, eu fiquei deslumbrada na barraca de prata (nada de ouro, inshallah) do Magdy Basha e quando me dei conta, a Jade el Jabel já tinha falado a tão comentada e famosa palestra. #chateada

Falando dos expositores:

Digo que foi aqui que fiquei, foi aqui que me senti acolhida! Não por estar torrando dinheiro (quem me dera!), mas por encontrar gente muito bacana: Ahmed e sua barraca tipicamente egípcia, e sua esposa Vanessa, na barraca de henna, Carlos Karan e sua impressionante sensitividade, e ainda caligrafia árabe com o Abdelaziz Bahsain, que realizou meu sonho de ter em quadro a frase "Eu tenho um coração árabe". Ainda pude tocar um pouco de derbake, um pouco de snuj, brincar com as espadas com a Sarah, falar todo meu árabe reprimido (em clássico e rir do Ahmed me zoar dizendo "árabe clássico é F***A"), e as pessoas que não soube o nome, mas ficaram na minha memória e no meu coração!
Domingo ainda tive a alegria de ter a companhia da Sarah Ghuraba, muçulmana e blogueira, na minha visita "antropológica" e daí foi só diversão! Lá naquele cantinho acolhedor, havia um mini palco onde vimos apresentações de dança do ventre e dança cigana, uma moça inspiradíssima por sinal (geralmente só vejo gente pulando e sacudindo a saia, essa lacrou!) e derbakistas com Carlla Silveira, diva divônica! Com ela eu paguei meu máximo mico extreme: chorar, oh! Ansuya já teve essa experiência comigo, haha. Como havia falado no post passado, voltar à dança é como voltar pra casa, se sentir na sua tribo e a minha inspiração era a Carlla. Tava eu olhando as barraquinhas distraída, quando olhei pra cima e pá!, estava lá ela, e só foram lágrimas e lágrimas que me rolaram. Como comentei com umas meninas da dança, não sei como ela é enquanto pessoa, eu a conheço pela sua dança; o povo ainda diz que ela não bem saiu da dança do ventre porque ela continuou vendendo seus produtos, mas ora, eu também mantive o blog no ar, por um tempo até com as contribuições da Lívia, e isso não deslegitimou minha distância no corpo e no coração. Voltar, deixar pra trás medos, preconceitos, mágoas, é um passo muito grande, é falar: "é isso que me faz feliz, na sua essência, eu quero de volta!". Então Carlla é minha inspiração e vê-la num momento icônico como esse (estar no maior evento de cultura árabe do mundo com o espírito de iniciante) foi algo emocionante para mim! (espero apenas que não tenha sido assustador para ela, haha).

Falando do espetáculo:
Sábado à noite houve o Espetáculo Oásis, com a Banda Mouzayek. O Tony continua a mesma coisa das minhas lembranças, um pouco mais velho, claro, mas o mesmo "ahhhhhh" - o tarab infinitivo que ele fica fazendo - em todas as músicas, especialmente no início do show. Nesse evento eu tive a companhia de uma senhorinha extremamente animada e fofa, a dona Leatrícia, Lia para os amigos. Dona Lia tem uma neta na dança do ventre e já sabia diferenciar estilos e qualidade de apresentações. Uma fofa mesmo! No show, a presença masculina foi bem forte, especialmente folclórica, mas tendo representantes da dança tradicional com Pablo Acosta com a música Habibi Ya Eini (finalmente uma música que pude cantar, percebi que meu repertório de músicas está desatualizado!). Ele foi uma das apresentações mais cativantes!
Das novidades, tivemos o indiano Sunny Singh, que deixou as mulheres no cio na plateia. Músculos e gingado, meninos, anotem a dica! No dia seguinte ao show, até fui conhecer esse tal indiano, como deu pra perceber, ele é excelente dançarino, mas como pessoa... Ok, talvez eu tenha enfiado o dedo na ferida, mas começou com: "você dança bem e é bonito, parece aquele ator do filme Krrish (Hrithik Roshan).", resposta: "não, não pareço". Daí o dedo na ferida foi perguntar sobre a questão racial na Índia, ele sendo um indiano com "fair skin", pele clara, nossa, ele me chamou de ignorante! Ok, me disseram que a palavra "ignorance" em inglês não tem o mesmo peso em português, mas ele foi super grosseiro no resto da resposta, e ainda disse que apenas o sul da Índia tem a pele escura, o resto é tudo branco e por isso os filmes só tem atores brancos (aquelas fotos de Mumbai com pessoas de todos os tons de pele é ilusão de ótica, vlw flw).
Falando de coisa boa, que maravilinda é a Mahira Hasan! Todas as dançarinas profissionais foram divinas, mas ela foi, para mim, a mais perfeita. Claro que Ju Marconato foi a sensação no palco (ela é a cara da minha amiga Virgínia Njainne!). O que ainda reparei nelas é como as roupas de dança do ventre estão ganhando ares modernosos: bustiês fechados, cortes incomuns nas saias, mostrando shortinhos do mesmo tecido, minissaias com cauda, foi uma boa surpresa para mim.
Falando de coisas não tão boas, algumas dançarinas não profissionais estavam bem aquém da qualidade que vi nas apresentações das mostras e concursos no sábado e domingo. Será o nervosismo? O fato é que achei até estranho elas ali. Outra coisa meio estranha foram umas dançarinas vencedoras tendo que dançar pela primeira vez com banda ao vivo com as medalhas no pescoço! Gente, é uma experiência única, a gente quer estar linda e perfeita, e aquela medalha rodando no nosso pescoço te tirando a atenção. Ruim, não?
No fim, claro, veio o dabke que sempre termina em bagunça boa. Já havia tido um maior contato com o público com os dançarinos descendo do palco, começando pelo Tarik e fechou nessa interação com a galera subindo no palco para fazer a roda de dabke. Eu gosto, mas não arrisco não, haha, eu não tenho coordenação motora para isso! Fato comprovadíssimo é que homens dançando dabke são muito sexy, meu maridinho está intimado a aprender para me seduzir, haha.

Então essas foram as minhas impressões do evento. Sinceramente, considero que há impressões diferentes dependendo do que você está buscando e como você se insere nele. Eu estava passeando, basicamente, e também pesquisando. Para mim foi uma forma de experiência antropológica, e como historiadora, eu fiquei mais admirando e analisando pessoalmente que criticando tecnicamente. Talvez eu estando mais envolvida com a dança do ventre, quem sabe até competindo (será?!), eu tivesse uma postura mais analítica, eu visse outros aspectos e detalhes que me chamariam mais a atenção e pesasse mais na hora de narrar minha experiência. Agora eu já inseri a comunidade muçulmana de São Paulo para passar por lá, primeiramente com as impressões da Sarah - que amou tudo! - e também já deixei avisado o meio acadêmico árabe e islâmico da USP, o qual ano que vem deve estar lá para deixar seu olhar. Acho que pelo próprio caráter do evento, ele não se limita a ser um entretenimento e uma atividade puramente para envolvidos diretamente com a dança do ventre, mas para todos aqueles que gostam ou querem conhecer a cultura árabe, e a partir daí, ter acesso a outras culturas orientais, como a cigana e a indiana. Apesar de não ser barato, pela sua grandiosidade, é uma ótima oportunidade para se divertir e conhecer esse meio, e pensando no significado de seu nome, a construção deste evento me remeteu à imagem de uma Isfahan medieval abrangendo diversos povos, trocas e riquezas, uma representação da comunhão de culturas que foi, uma vez, o império árabe.

"Tenho um coração árabe" S2

domingo, 11 de setembro de 2011

Reportagem: Lumina Qamar 2011


Overdose de dança do ventre!
Este é meu atual estágio após 10 horas ouvindo música árabe!

Bem, para quem não conhece, o Lumina Qamar é um dos eventos mais prestigiados da dança do ventre carioca. Todo ano ele reúne vários grupos para principalmente competir (uma vez que o preço do concurso é beeem mais barato que o da mostra de dança) e, assim, trazer várias formas de leituras e corpos para nossa amada dança do ventre. Claro que o resultado final fica a critério de um grupo de jurados que avaliam a consonância das coreografias para vencer a disputa.

Este ano o Lumina foi realizado na Casa de Espanha, no Humaitá, e como já haviam me falado, o evento foi muito bem organizado, não extrapolando horários, nem com problemas técnicos (sérios) que pudessem comprometer a evolução das dançarinas. Eu só senti falta - na grande maioria das coreografias - de algo que já venho comentando por aqui: sentimento versus técnica. Por exemplo: nas vencedoras do grupo de dança do ventre, eu simplesmente AMEI a coreografia do segundo lugar (eu não lembro o nome dos grupos, sorry), teve cores, sentimento, alegria e técnica. Para mim ela seria primeiro lugar! Mas parece que há uma valorização maior para uma limpeza dos movimentos, uma coisa mais fria, mais pose e padronização.

No quesito folclore, a premiação seguiu o mesmo resultado dos anos anteriores, os grupos especificamente folclóricos tiveram destaque, e eu fiquei muito surpresa da inspiração do primeiro lugar: o Flash Mob que rolou no Aeroporto de Beirute há um tempo atrás, que vocês podem ver aqui. O primeiro lugar pegou a coregrafia do flash mob e apresentou-a numa versão reduzida: transeuntes se encontrando do nada e começando a dançar um dabke. Mesmo não sendo ideia original do grupo vencedor, foi legal terem trazido a coreografia para quem não a conhecia. Pena que não tenho os vídeos aqui para vocês compararem, pois o homem do vídeo se enrolou todo no final do show e não conseguiu entregar nenhum dvd, o que me fez desistir de comprar! :/

Das dançarinas profissionais que se apresentaram, eu tenho que admitir: o show ficou por conta da Samara Nyla. Tranquila, linda e impactante, ninguém piscou enquanto ela se apresentou. Adorei! Não só do estilo egípcio que as dançarinas podem se destacar, o estilo libanês da Samara foi uma quebra extasiante entre tantas danças que vimos por lá.

E claro, não posso esquecer da fã do blog que encontrei por lá: Amanda. Gente, eu sou tímida, fico super sem graça quando alguém me reconhece, mas podem falar comigo mesmo que eu não mordo, heheh. A primeira fã que encontrei foi a Joyce, no Raqs el Albi (ainda vou comentar deste evento, só estou aproveitando que o Lumina ainda está fresquinho na minha memória), e eu fiquei contentíssima.

Por fim, Gamal Seif, o espetáculo em pessoa. Ainda que o seu Saidi tenha sido cheio de energia e alegria, não tem comparação com Tanoura, a dança de transe dos sufis. É incrível ver uma pessoa girando e girando sem cair e ainda criar formas com as saias. Lindo mesmo! Pena que são tão poucos homens que se aventuram a aprender a dançar no meio da dança do ventre.

Então é isso, people, vou ficando por aqui, até porque tenho que descansar, ordens médicas por causa da coluna! Impressões e sugestões, é só comentar aqui!

Aqui só um pequeno exemplo da Tanoura:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ser Iniciante é...

Primeiramente é ser totalmente encantada pela dança do ventre e ficar um tanto aficcionada por música árabe e afins. Tem gente que com o tempo melhora, mas tem outras - vide o meu caso - que criam blogs e tudo para compartilhar a sua fixação! :D Estava conversando com minha amiga Lívia que começou a fazer dança do ventre recentemente, e ela estava reclamando como alguns movimentos são tão difíceis de extrair do corpo. Meninas, acontece com todas, com exceção das que vieram do Ballet (malditas!! - zoeira, mas elas pegam assim no ar, impressionante). Mãos suaves e posição altiva são complicadas de se fazer se você está pensando ao mesmo tempo: ok, encaixa, chuta, carão, mãos, ahhh!, ok, agora eu mudo a posição, cruzes, eu to toda troncha, ahhh!, e por aí vai. Certos movimentos se tornam automáticos com o tempo de prática, antes parecem dificílimos! Assim, eu decidi fazer uma lista do que acontecia comigo na minha época iniciante, quem sabe vocês não se identificam? É bom dividir as nossas experiências e assim vermos o quanto a dança nos aproxima, não é?

Quando eu era iniciante, sempre:

1 - Fazia camelo invertido quando era o normal e vice-versa;
2 - Segurava os ombros com as mãos quando fazia o oito com a esperança do tronco não seguir meu quadril como uma "lagatixa com caimbrã".
3 - Girava a cabeça no Khaleege e quase caía no chão (ok, eu caí uma vez e fiquei estatelada uns momentos no chão tentando recobrar meu eixo, mas acho que só eu tive essa experiência bizarra... ¬¬).
4 - Achava que estava abafando, mas quando me olhava no espelho estava com as mãos caídas que nem garras parecendo o tiranossauro rex;
5 - Eu NUNCA conseguia fazer um deslocamento lateral perfeito. Saía desesperada atrás da professora! Ah!
6 - Fazia origami dançando com o véu;
7 - Perdia a ponta do véu ou o jogava como se fosse um lençol para ser estendido no varal;
8 - Dançava fazendo careta ou cara de sofrimento para ficar concentrada;;
9 - Não conseguia coordenar movimentos de braços e quadril ao mesmo tempo! Era muita informação!
10 - Quase enfartava quando a professora pedia para improvisar;
11 - Achava que nunca ia identificar os ritmos de ouvido;
12 - Só ouvia Nancy Ajram e Amr Diab! :D
13 - Quando fazia um movimento certo, ficava tão feliz que saía contando pra todo mundo. Até quem não fazia e não sabia nada de dança do ventre...


Bem, foi o que consegui me lembrar agora. Quem sabe depois eu não recordo de mais coisas? É bom lembrar da época de iniciante porque a gente percebe o quanto a dança nos motivou a crescer. Não conheço nenhuma outra modalidade de dança que dependa de tanto desprendimento de seu corpo que não seja de uma forma que o descaracterize ou o padronize, mas que traga lá do fundo seu extravazamento para interpretar uma melodia, explorando seu corpo e ele dando forma e sentimento à música. Acho que a dança do ventre toca lá na nossa alma porque para dançá-la precisamos ir além da técnica pura (que não existe aqui, no meu ponto de vista), porque dançar uma música árabe com intensidade e "perfeição" é entregar seu corpo deliberadamente.

Aqui então abaixo, uma dança (uma fusão entre dança do ventre e dança indiana) que eu acredito que seja total entrega, para inspirar iniciantes e iniciadas!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dança do Ventre como um Ato de Amor

Recebi um e-mail falando do trabalho de uma dançarina que deveria servir de exemplo para quem deseja trazer um pouco de alegria a quem precisa tanto dela! A dançarina do ventre Aziza Abdullah, aluna da escola Asmahan, possui uma atividade que é linda: ela leva a magia da dança do ventre às pessoas doentes e aos idosos em hospitais e asilos, encantando-os com esta arte que a nós já faz tão bem.

Aziza tem um trabalho social voluntário que é simplesmente ir a esses locais entreter aquelas pessoas que muitas vezes estão passando por momentos difíceis, alegrando-as com a presença especial e marcante que qualquer dançarina do ventre traz, seja ela uma exímia dançarina ou somente contagiante. As pessoas vibram só pela presença dela, porque esperam em sua apresentação, não a destreza de movimentos e um show performático, mas um momento em que algo novo e mágico tomará seu pensamento e fará seu dia mais feliz.

Fica aqui a dica para quem quiser levar um pouco de alegria e satisfação a quem está só esperando um sorriso, nada mais. Ninguém precisa ter a roupa do momento, o corpo da moda ou a dança perfeita da Lulu From Brazil, mas a vontade sincera de fazer um coraçãozinho solitário feliz.

Uma pequena ilustração de que com pouco pode se obter muito: Aziza alegrando muitos corações!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mundo Árabe na TV

Uhuuuuuuuuuuuuuu!!! Meninas, novidade total!! No dia 16 de Janeiro, estreou na TVC 16, canal de Petrópolis, o programa Mundo Árabe! O programa é apresentado pela bailarina Márcia Gaia, terá receitas de culinária com a Rosane Nagib do Restaurante Petrópolis Gourmet, aulas de língua árabe com o libanês Nami Hanna e o clima musical com a presença dos derbakistas Christiano Markes e Melquisedeque (mais conhecido como Melqui).

O programa é exibido aos domingos às 16h. O canal é transmitido na Região Serrana e reprisado no site: http://www.tvc16.com/portal/

domingo, 12 de dezembro de 2010

Dança do Ventre Para Todos!


Eu vi um vídeo no blog Ventre Em Ebulição que me deixou impressionada! Lembra que falei da dançarina do ventre praticamente cega que dançou com bastão no evento da Heloísa Caridade? A dança do ventre realmente é PARA TODAS! A dançarina Isete Corrêa não tem um dos braços, e dança muitíssimo bem!!


Esse programa sobre deficientes que fazem várias atividades passa na TV Brasil, é o Programa Especial, eu sempre via à tarde, mas esse dia eu estava trabalhando, e não vi a matéria super interessante para nós, dançarinas do ventre, que andamos tão impactadas pela necessidade de um corpo perfeito e "desejável". A iniciativa da TV Brasil é para que percamos o preconceito que deficientes são incapacitados, que não podem ser independentes, bonitos e ativos. Todas as deficiências são abordadas, e o formato do programa é feito de modo que todos possam acompanhá-lo, independente de sua deficiência.

Isete Corrêa já é professora de dança do ventre e o fato de não ter um dos braços não atrapalha a sua desenvoltura como dançarina profissional e como professora. Ela com certeza é dos grandes exemplos que temos a admirar e acreditar que a dança do ventre enquanto arte e estilo de dança está com as portas abertas para todos os corpos, para todas as pessoas que queiram expressar em movimentos o que a dança do ventre representa de melhor. Parabéns, Isete!!

Aqui a Isete dançando no evento Reatech 2010:

domingo, 21 de novembro de 2010

A Imagem da Dança do Ventre

O que poderia nos fazer mais felizes como representantes da dança do ventre? Para mim foi conquistar o coração de uma pessoa para a dança com o argumento da arte, e não da sedução, da boa forma, do "esquisoterismo". A imagem que se vende da dança do ventre é na maioria das vezes a mais rasa possível, e em outras tantas vezes é aquela que mais a desprestigia do que prestigia. A comprovação disso vem pelas opiniões que se manifestam a respeito dela mesma.

Já aconteceu com muitas bailarinas - para não dizer com todas - é só dizermos que fazemos dança do ventre para vários olhares maledicentes apontarem para nós! Eu tenho a convicção que a grande maioria das pessoas não tem a menor ideia do que é a dança do ventre, como ela se insere na cultura árabe-muçulmana e mais ainda: como hoje ela é uma arte, possuindo regras e interesses como um estilo de dança qualquer. Ainda assim é difícil encontrar quem saiba disso, assim listei abaixo o que mais ouço desse tipo de pessoa.
Ranking dos comentários mais frequentes que me fizeram sobre a dança do ventre:
1) Você já dançou para seu marido/namorado?
2) Hummm, você faz aquele negócio com a barriga?
3) O que seu marido/namorado acha disso?
4) Ah, dança do ventre, eu já vi na televisão algo sobre o pompoarismo... (???)
5) Dança do ventre é coisa do diabo!!
6) Você não tem vergonha de ficar se insinuando na dança pras pessoas?
7) Dança do ventre dá barriga...
8) Liberte a deusa-mãe que existe dentro de você...
9) Show de dança do ventre? Uhhhhh... (olhares maliciosos ¬¬)
10) É ruim que eu deixaria minha mulher fazer isso!!

Dá pra ver pela maioria dos comentários, que as pessoas colocam a dança do ventre no mesmo patamar que o strip-tease: a dança é uma atividade esvaziada de sentido, tendo por finalidade somente o entretenimento masculino!! E sinceramente? Eu vejo várias dançarinas do ventre usando e abusando desse estereótipo para se promover! Como defender a dança do ventre como arte se aparecem aos montes esse povo que se vende como carne no açougue?

A última agora foi uma tal professora de dança do ventre discriminada que vai posar nua. Detalhe que a discriminação não partiu de nenhuma relação com a dança do ventre, mas pela "beleza" da mulher, só que aparecendo os flashes em sua porta, ela prontamente escancarou que é professora de dança do ventre para apimentar sua imagem de sex symbol, explorando obviamente a sensualidade do imaginário das odaliscas.

A dança do ventre tem uma relação com a sensualidade, mas isso não é o seu ponto principal. Hoje o que chamamos de dança do ventre agrega diversas modalidades folclóricas árabes-islâmicas e respondem muito mais à cultura do que a uma forma de expressão da sexualidade. Até o povo que diaboliza a dança do ventre não pára para pensar que quando Jesus transformou a água em vinho, deviam haver diversas proto-dançarinas do ventre animando a festa!

Essa semana eu comecei a explicar a uma amiga historiadora, que odiava a dança do ventre, o que realmente era essa arte. Para exemplificar, coloquei a música clássica Traccia para ela ouvir e fui explicando com uma meia-dúzia de passos o que significava cada momento da música, os intrumentos, o que a dançarina deveria fazer; expliquei alguns tipos de folclores, e só. Claro, essa amiga é uma pessoa inteligente, não adianta jogar pérolas aos porcos, ela prestou atenção no que eu tinha a dizer, e impressionante: ela foi buscar vídeos e informações sobre a dança do ventre de verdade, não dessas mulheres que se promovem mais com seu corpo do que com técnica. Resultado: ela mudou de opinião, agora ela admira a dança do ventre como arte, e ela ainda me deixou um depoimento incrível expressando essa mudança!! Isso me deixou imensamente feliz, me deu mais esperanças que um trabalho formiguinha pode corrigir muitos preconceitos que a dança tem por aí.

Assim fica de inspiração para a técnica da dança do ventre a dançarina Suellem dançando também Traccia. Como eu disse à minha amiga: a função da dançarina do ventre é transpor a música de forma tridimensional, é traduzir a melodia, os instrumentos com seu corpo! Vamos pensar nisso também!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Minha Visita à Khan El Khalili

Eu fui a São Paulo pela primeira vez!!! \o/

E também andei de avião pela primeira vez!! Que negócio horrível, como alguém pode gostar daquilo? Tudo bem, um dado sobre mim que vocês não sabem: eu tenho medo de altura, logo imaginem yo nas alturas. Imaginaram? Pois é, pelo menos eu diverti muitas pessoas com o meu desespero de 40 min...

Casa de Chá Khan el Khalili! Finalmente pude ver para falar dela! Primeiramente, não vá esperando comer comida árabe, tem uma ou duas coisas árabes, o resto é como se você tivesse ido tomar café na padaria: bolo, pães, pasta de azeitona, coxinha, bolinho de queijo, etc. Das coisas árabes tivemos: homus, uma versão oleosa do babaganoush, kibe, helwas (três doces árabes) e só. Claro que tem gente que não gosta de comida árabe, mas eu amo de paixão! Aí foi uma desilusão só. De qualquer forma, percebi que mais pela comida o que vale é a dança!

No sábado fui comer e ver a apresentação de dança do ventre que não difere muito dos restaurantes que temos no Rio de Janeiro. Dançaram: Suellem, Zel, Sherine, Julie e Patrícia. Cada uma com seu estilo particular, mas com uma marca que percebi em todas as dançarinas da KK: linearidade. Por mais que uma seja mais suave e outra mais forte, elas não diferem gritantemente umas das outras, e nem é por questão de vocabulário de dança, mas creio que pela forma como exploram o ambiente e como encaram o público. O que achei o máximo e eu anta nunca tinha percebido que causa um frisson é perfumar o véu!! Cada uma que entrava tinha um perfume diferente, e parecia que tinha chegado uma fada! Amei! Vou fazer isso assim que eu me prontificar a dançar em algum evento (provavelmente em dezembro na Cia Njainne, aguardem...).

No dia seguinte era prova da seleção da KK, e fui para prestigiar minhas amigas que estavam lá buscando seu lugarzinho ao sol, e também para conhecer ao vivo o que eram as "Noites do Harém". Quesito primordial da casa de chá: ser magra. Não importa se você tem 18 ou 50 anos, se é magra, tá dentro. E segundo quesito: improviso. O Jorge Sabongi que apresenta o show escolhe na hora as músicas que vão tocar, e a dançarina que se vira. Se ela conhecer a música, que ótimo, se não, dá um jeito aí. Deu pra perceber quem conhecia ou não a música porque faço dança do ventre, mas para o público tudo era divino.

Outro ponto alto que gostei da Casa de Chá: o espaço dedicado à apresentação da dança do ventre. As "Noites do Harém" são para se ver dançarinas do ventre, não para comer e ver dançarinas, ou curtir e ver dançarinas, ou zoar e ver dançarinas! Elas são as estrelas, o que todos estão esperando ver! A forma como a sala está disposta também faz com que a atenção dos espectadores se volte para quem está dançando, ou seja, é ser diva do início ao fim. Isso me deu uma vontade imensa de emagrecer os 20 kg que me separam das bone girls, só para dançar uns minutinhos ali, o que foi um dos privilégios das pré-selecionadas que lá fizeram a prova. No domingo dançaram: Shirley, Lainá, Suellem, Monah Souad e Leila Soraia. Tenho que confessar que amei a dança da Suellem, vou estudar! huhu.

No final de tanta diversão, tenho que agradecer ao rapaz de Guarujá que me indicou onde sentar para tirar as fotos, e não perguntei o nome; e às meninas que fizeram a viagem muito mais divertida: Virgínia, Dahab e Eliza! Eu ainda fui sorteada e ganhei um ingresso para voltar nesse domingo. Mas pessoa trabalhadora e moneyless como sou, não dava pra ficar em SP só pra assistir ao Noites! Doei gentilmente meu convite para o colombiano que estava no hostel comigo e que era muito engraçado. Diego, quero te ver lá, hein?!?!?!

Desejo boa sorte a todas as meninas que fizeram a avaliação para adquirirem o selo de qualidade Khan el Khalili. Elas puderam dar uma palinha para o público, e o que vi foram mais que rostos felizes, vi almas deslumbradas de emoção! Achei incrível, foi algo que me motivou profundamente a acreditar na dança do ventre como arte e como qualidade de vida!

Aqui abaixo uma pequena filmagem que fiz da dança da Suellem na Casa de Chá.



E "Noites do Harém" com algumas das dançarinas pré-selecionadas: Dahab, Zahra, Eliza e Virgínia Njainne.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Busca da Perfeição na Dança do Ventre

Quando dançamos num concurso, numa festa, numa mostra de dança, o que buscamos alcançar? A glória, a fama, elogios, alegria, sensação de ser útil ao mundo, ou superação dos nossos próprios limites? Creio que cada um tem seu motivo pessoal para dançar, e mais ainda para se apresentar como uma verdadeira representante da dança do ventre, mas esse esforço é pela arte ou para si mesmo?

As dançarinas cada vez mais buscam se aprofundar, e isso é muito bom. Vejo cada vez mais pessoas preocupadas em entender a música que estão dançando, não só a letra dela, mas a melodia, o ritmo, a sua construção, e buscando expressar isso de forma catártica, uma entrega que vemos nas artes, como o ballet, o flamenco, etc. Existem pessoas que não fazem nada disso e mesmo assim querem aparecer? Claro que sim, infelizmente na dança do ventre elas ainda são a maioria, mas o impulso em aperfeiçoar a técnica parece estar ganhando a cada dia mais seguidoras, o que me faz pensar que a dança do ventre se encaminha para se tornar uma verdadeira arte.

Mas nessa ânsia em se aprofundar, vemos algo que foge um pouco dessa exaltação que toda arte traz em si: o sentimento. As bailarinas andam tão preocupadas em saber ler tecnicamente a música, que a dança não é mais que bonita. Ela não toca, não produz eco. A perfeição é perseguida, mas só em uma margem do rio, que é aquela que com empenho se adquire, mas o talento, onde está? Talento para mim não é só saber fazer de forma graciosa os passos, mas dar sentido a eles, como se fossem palavras, é o famigerado sentimento.

E o que vemos de sentimento por aí? Sinceramente? Um monte de caretas!!!! Toca um taqsim, o semblante se fecha, parece que o cérebro mandou a mensagem: "dor de barriga", e não porque a dançarina realmente está compreendendo o que aquele instrumento está querendo dizer. Não é puramente fingir um sentimento, mas se você conseguir assimilar que aquele violino, que aquele qanoun, estão te falando de algo que te emociona. E olha isso é difícil, ô! Essa é a grande meta da perfeição!

E tem essa também!! O que é ser perfeita? Não quero favorecer a ditadura da dança do ventre, como muitos alegam por aí que anda amordaçando a livre expressão e a verdadeira essência da dança do oriente, mas sejamos coerentes: ser livre para criar seus passos, lindo! Ser livre para dançar baladi com um khaleege... Nãããão!! Gente, cultura, beleza? Você não pode passar por cima da própria construção cultural do ritmo e da música! E onde entra a perfeição? Sinceramente: não sei. É um dos meus dilemas atuais. Eu fico com a definição de perfeição platônica: é aquilo que toca a minha alma, porque me faz lembrar do verdadeiro lugar de onde ela veio. Perfeição, portanto, é aquilo que me emociona.

E para fechar uma poesia de Ibn Hazm que me parece "perfeita" para esse momento:

Pertences ao mundo dos anjos ou ao dos homens?
Diz-me porque a confusão zomba do meu entendimento.
Vejo uma figura humana, mas se uso da minha razão
acho que o teu corpo é um corpo celeste.
Bendito seja O que equilibrou o modo de ser das suas criaturas
e fez que por natureza fosses maravilhosa luz.
Não posso duvidar que és um puro espírito atraído a nós
por uma semelhança que enlaça as almas.
Não há mais prova que ateste a tua encarnação corporal
nem outro argumento de que eras visível.
Se os nossos olhos não contemplassem o teu ser, diríamos
que eras a Sublime Razão Verdadeira.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

As Fases na Dança do Ventre na Carreira de uma Bailarina

No site da Khan El Khalili encontrei este esquema das fases vividas pelas bailarinas que entram na dança do ventre feito pelo Jorge Sabongi. Atualmente estou no item 9 (afinal, já são 4 anos e meio de dança do ventre), e vocês? Também se identificam com alguma dessas fases?

As Fases da Dança do Ventre
(na Carreira de uma Bailarina)
por Jorge Sabongi

Sabemos que a dança do ventre é uma jornada para o resto da vida de todas as mulheres que se predisponham a levá-la a sério e tê-la consigo como balizamento emocional, e elemento estruturador da auto-estima. Em se tratando de aprendizado com intuito profissional, existem algumas fases que devem ser conhecidas:

1) Sede de aprendizado - Tudo começa quando uma mulher tem o primeiro contato com a dança e vislumbra a possibilidade de vir a aprendê-la. Nesse instante, quer saber tudo o que a professora sabe, e acredita que em um mês estará totalmente desenvolta a fim de se apresentar para quem mais gosta.

2) Desânimo ao achar que nunca vai aprender (primeiros 6 meses) - Aparece nas primeiras dificuldades com movimentos mais elaborados e que necessitam coordenação específica.

3) Confiança em acreditar que pode fazer (1 ano) - Após superar o desânimo e continuar com perseverança seus estudos de dança, percebe que, com treino, consegue fazer alguns dos movimentos já suficientes para cumprir os objetivos para os quais se determinou.

4) A primeira dança para o público - É o momento mais importante. Aqui fica definida qual a estrada que vai trilhar. Se as palmas e os elogios acontecem, provavelmente inicia-se um processo de euforia e a crença de que poderá ir além.

5) Início de danças para o público com mais freqüência (2 anos) - Início de uma fase difícil de lidar. A bailarina acredita que domina seu público e que "já sabe tudo"e "pode ensinar muito". Ouve pouco e fala demais. Inicia uma fase de auto-confiança semelhante a uma bolha, que pode esvaziar a qualquer momento. Ela mesma desenha para si uma promessa de sucesso; sua preocupação principal: o cachê. O ego começa a contrastar.

6) Desequilíbrio com o ego e dificuldades em lidar com a humildade - Lida com elogios de forma desequilibrada, podendo perder os traços de humildade. É a tendência para criticar e o desconforto extremo quando vira para si o alvo da crítica. Nesse momento, geralmente, começa a dar aulas, despreparada e sem a generosidade necessária. Assim, não oferece a suas alunas o que de fato deveria.

7) Estrelismo (3 anos) - A pior de todas as fases. O momento negro na carreira da bailarina de dança do ventre profissional. Acredita que ninguém sabe mais do que ela: "todos precisam aprender". É a senhora das palavras, das opiniões e das verdades. Modéstia passa a ser uma palavra desconhecida e o convívio social é permeado pelo interesse profissional. Por vezes, ao ser questionada sobre seu tempo de estudos em dança do ventre adiciona todos os cursos de balé que já fez na vida e diz "já estou trabalhando nessa área há dez anos", quando na verdade só começou a estudar a dança oriental há dois. A inflação no tempo de experiência pode ser extendida para a lista de apresentações profissionais e até mesmo a dança no clube do bairro está lá presente no currículo.

8) O sucesso não chegou como previsto - É o momento da dúvida: afinal, o que saiu errado? A cartilha dizia que era esse o caminho; em que ponto do mapa fica o sucesso tão almejado? O mapa, na verdade, não existe, e a bailarina percebe que precisará escrever seu próprio mapa, se desejar continuar.

9) Desânimo com o que já sabe - Acontece ao perceber que faz sempre as mesmas coisas, os mesmos movimentos, e dança sempre com as mesmas músicas. Surge a sensação de que parou no tempo. Já não se contenta mais com o pouco que desenvolveu e entra em depressão com a dança. Em muitos casos, acaba realizando suas apresentações meramente para angariar recursos financeiros; é uma fase perigosa, pois a tendência aqui é "criar" formas de chamar a atenção para a dança, coisas que ninguém nunca fez e que, eventualmente, podem ser um grande chamariz para atrair as pessoas ou a mídia. Um desrespeito à cultura e à arte. É uma fase de procurar atalhos.

10) Estacionar com o aprendizado (4 anos) - Além do tédio de ter que se apresentar sempre com as mesmas músicas, as mesmas roupas (pois o ânimo e a criatividade parecem que foram embora para sempre), agora parece que já não existem fontes confiáveis e conhecimentos para adquirir, e o jeito será manter a dança como fonte de renda financeira, por mais pesado que pareça este fardo; e aparece a preocupação "tenho que aumentar meu cachê... afinal já estou há quatro anos trabalhando como profissional!".

11) Indecisão sobre a dança e seus propósitos pessoais - A dúvida começa a pairar. Foi realmente um acerto ter escolhido esta estrada? Acredita que já aprendeu tudo o que podia. E mesmo assim o questionamento "ser uma estrela" ou "ser uma farsa" tem um grande impacto emocional.

12) Decisão de procurar novas fontes (5 anos) - Se conseguir superar a fase anterior, inicia-se um novo horizonte, com idéias, fluxos de criatividade e vibrações de possibilidades que antes pareciam obscuras.

13) Necessidade de reconhecimento - Começa a acreditar que ninguém, neste período todo de carreira, reconheceu seu valor e tudo o que aprendeu durante anos. O mundo não a compreendeu e não reconhece o talento visível que é.

14) Amadurecimento e respeito pela arte (10 anos) - É o momento em que se atinge o primeiro platô de sabedoria. Percebe que ainda não aprendeu absolutamente nada do que existe neste manancial de cultura e começa a respeitar mais seu corpo e seu aprendizado. Percebe que a estrada é mais longa do que imaginava e agora a incorpora para sempre. Já faz parte do seu sangue conviver com o aprendizado da dança. A humildade começa a aparecer e fica difícil a convivência com as iniciantes que se encontram na fase do desequilíbrio com o ego.

15) Procura incessante por novas fontes e maneiras de dançar - O prazer agora, mais do que nunca, está na descoberta do que durante tantos anos esteve oculto: o conhecimento. Encontra as respostas para muitas atitudes de antes e com tudo que toma contato percebe um sentido melhor, pois já teve oportunidade de sentir e compartilhar pessoalmente no passado.

16) Equilíbrio artístico e definição de métodos de ensino - Já não faz tanta diferença como os outros pensam ou como o mercado reage às suas investidas. Desenvolve seu trabalho procurando sempre ferramentas para aprimorar seus métodos para ensinar, passar a frente tudo o que aprendeu. O aprendizado e o aperfeiçoamento agora importam demais para si.

17) Especialização de danças e investimento na imagem (15 anos) - Começam a fazer parte do currículo danças folclóricas dos países árabes, mediterrâneo, sempre embasadas em um amplo conhecimento em cada assunto. Seu nome começa a ganhar destaque no mercado da dança. Cresce a credibilidade e desenvolve um trabalho sério. Surgem os workshops.

18) Ensino do que aprendeu na carreira - Agora o mais importante é a alavancagem de maior conhecimento possível. Esta passa a ser a fonte de seu prazer. Sua dança só enriquece se descobre novas fontes de conhecimento; e delas sempre se utiliza para o aperfeiçoamento de movimentos e o ensino.

19) Plenitude na dança e fonte de pesquisas (20 anos) - O prazer artístico está alicerçado em conhecimento e saber; realiza com o corpo o que desejar e, graças aos anos de pesquisas empreendidas durante a existência, tudo tem coerência e os pontos de estudo parecem alinhavados.

20) Dúvidas sobre quando parar de dançar - É um momento delicado na carreira de toda bailarina e de qualquer artista. Relutância em acreditar que suas apresentações iniciam uma fase descendente em se tratando de tempo; super-valorização do momento presente. O tempo passa para todos.

21) Nostalgia e respeito público (mais de 25 anos) - Seu nome acaba sendo respeitado e admirado por todas aquelas que fazem parte do meio. As lembranças pessoais parecem recentes... Se conseguiu construir uma carreira íntegra, acaba tornando-se uma "lenda viva" na arte. Torna-se fonte de consultas permanente e admira-se com os novos talentos que despontam. No fundo, lamenta que todas tenham que passar por cada uma dessas fases, se quiserem chegar onde chegou. Umas se perderão no caminho, outras florescerão. Afinal, a vida sempre foi um turbilhão de desafios.

Evidentemente, o tempo de dança varia de mulher para mulher e da mesma forma as fases podem ter períodos de continuidade diferentes. Um fator interessante e também muito importante é que tendo conhecimento de que essas fases existem pode-se diminuir sua longevidade e atenuar muitos dos aspectos negativos, principalmente das fases iniciais.

Faz parte da carreira de toda bailarina conviver com essas fases: elas determinam seu desenvolvimento e crescimento. Nada fácil por sinal.

Esta é minha visão do mundo da dança do ventre no Brasil, depois de conviver desde 1983, diariamente com essa arte.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Horóscopo para a Dança do Ventre

Pelas minhas andanças pelo google, encontrei neste blog a relação de cada signo com a dança do ventre. Por acaso está na dúvida se os astros estão ao seu lado na dança? Para quem curte, aqui está a resposta:

ÁRIES
A dança do ventre encontra um solo propício entre os signos de Áries e Libra, no entanto a ariana, regida por marte, é muito independente e voltada para a vanguarda , por isso a arte em geral lhe faz bem, suprindo a sua necessidade de ser livre . Revolucionária e carismática, ela inspirará outros a praticarem a dança do ventre, e nunca faltará fôlego para a incansável ariana que fugirá ao modelo tradicional, inovando em suas roupas e incorporando a sua famosa "espontaneidade" para criar um estilo totalmente diferente e de alto impacto.... Seu maior problema pode ser a pressa : Precisa lembrar que até mesmo o " Poderoso Ariano" precisa de tempo para evoluir, se respeitar isso, não medirá esforços para aprimorar sua arte e aproveitar sua genialidade.


TOURO
Aqui também, no eixo Touro e escorpião, nós vemos o desenvolvimento dessa arte. É natural e imediata a empatia da taurina com a dança do ventre. Este signo, regido por Vênus, é também um grande sensorial e na arte partirá em busca das formas e da feminilidade. Além disso, essa arte se desenvolveu grandemente no Egito, civilização de fortes características taurinas ( eles adoravam o próprio animal como símbolo de fertilidade ), o que faz com que a maioria dos nativos se sintam "alinhados", com um bem-estar muito grande praticando ou simplesmente admirando essa Arte.


GÊMEOS
Inquieta, a geminiana sente que tem muito a conhecer e trocar com todos que praticam a dança do ventre, sua curiosidade natural vai levá-la a mil e uma estórias que ela passará às outras em infindáveis noites no telefone, internet, escritos, etc.. Ela é o informante do zodíaco. Faz tudo isso enquanto seu corpo se aprimora incansavelmente, pois também não lhe falta fôlego, aliás ela precisa de muita atividade física. Seu único problema parece ser o excesso de interesses, em alguns momentos sentirá necessidade de cortar algumas atividades para alcançar o aprimoramento desejado. Tendo muita energia nas mãos, a criação das roupas de dança do ventre poderão também chamar sua atenção.

CÂNCER
Regido pela Lua, até o mais "pacato" canceriano guarda um boêmio dentro de si, seu interesse por poesia, cultura, histórias antigas, e pelo fantástico vão levá-lo a desfrutar ótimos momentos com essa arte. Além do mais este signo precisa muito de formas " não-racionais" de expressão. Essa arte será como uma grande viagem que vai colocar a canceriana em contato com arquétipos femininos, isso a tornará mais forte fazendo com que seu universo emocional ultra-sensível seja equilibrado. Em seu estilo, ela pode explorar " A Grande Mãe", a mulher repleta de energia ying que age como um imã, pois é sempre bom estar ao seu lado, ou explorar seu lado misterioso.


LEÃO
O centro das atenções parece ser uma posição natural para os leoninos, isso se deve não só ao narcisismo, mas à força de sua personalidade que consegue sustentar " um mundo inteiro " à sua volta. A leonina se sentirá fatalmente atraída pelo brilho e glamour da dança do ventre, suas roupas serão chamativas e bonitas, no entanto não deve se esquecer do mais importante : incorporar a irreverência pessoal e alegria de viver ao seu estilo de dança, pois o mais atraente em sua Arte vem da sua personalidade, e não do mundo exterior. Com o tempo, ela acabará entusiasmando outros a se aproximarem dessa arte.

VIRGEM
O Brasil é um país virginiano e aqui o " culto ao corpo " atinge proporções até absurdas.Este é o signo do aprimoramento físico e do aperfeiçoamento da matéria. A virginiana as vezes se embaraça na busca pela perfeição, exigindo demais de si em sua vida e nos relacionamentos. A dança do ventre pode lhe fazer muito bem, suprindo sua eterna necessidade de aprimoramento, de atividade física, e de buscar uma expressão para sua feminilidade, ao mesmo tempo em que deixa de ser tão perfeccionista em sua vida pessoal. Ela se empenhará em adquirir muita técnica e pode criar roupas de bom gosto, mas por trás de toda essa disciplina, não deve esquecer que tem de colocar também sua criação pessoal.


LIBRA
O eixo áries- Libra é bem propício à essa arte. Libra rege exatamente a região dos quadris, e a libriana artística, sempre em busca da estética vai se realizar muito com a prática . Também não poupará esforços para aperfeiçoar o estilo, afinal melhor que ninguém, ela sabe o que significa " A Arte pela Arte ". Poderá se apresentar com roupas bonitas e criativas, pois está à vontade com a estética, além disso vai levar a dança à muitos lugares e pessoas, o que faz parte de sua necessidade natural de contatos. Um dia poderá descobrir também que por trás de toda essa fascinação estética está sua própria busca de significado, da criação de um mundo harmônico onde desfrute de equilíbrio pessoal.


ESCORPIÃO
O eixo Touro- Escorpião está em casa com a dança do ventre, o motivos são óbvios : este é o eixo da fertilidade, da energia sexual , do corpo e dos aspectos emocionais profundos da vida. A nativa de escorpião, regida também por Marte, encontrará na dança um meio de canalizar sua alta energia física, além do mais, essa arte vai equilibrar a sua sensualidade, fazendo-a entender que vida afetiva não é sinônimo de conflito. Mais do que qualquer um, ela precisa sentir a intensidade da vida e dos sentimentos, e a dança do ventre vai fazê-la entrar em contato com sua feminilidade profunda, regenerando totalmente suas energias e dando novo significado ao seu cotidiano.


SAGITÁRIO
Aqui temos um amante natural da dança e do teatro. Com tanta energia a sagitariana precisa de atividade física. Além do mais, a esta é a " mulher no mundo dos homens", ela trabalha, se divide em mil tarefas, sempre dando conta de tudo, precisa reservar espaço para uma atividade feminina como a dança do ventre. Mas sem " dondoquices", ela é um espírito livre. Polivalente, organizará também o vestiário, os cursos e o marketing. Deve se lembrar que o maior benefício dessa arte não está na competição nem na velocidade, mas no prazer de evoluir e aprender mais, a dança vai satisfazer sua necessidade de entrar em contato com outras culturas, ampliar sua visão de mundo, e ela passará este prazer aos outros com muito entusiasmo.


CAPRICÓRNIO
O Capricórnio tem sido muito relacionado com o Balé clássico e os motivos são óbvios : Esforço, constância, Tempo, disciplina e rigidez. Tudo isso é necessário para a formação do dançarino, aliás, ao contrário do que muitos pensam, arte e disciplina sempre andaram juntas. Este signo da terra não medirá esforços, se gostar da dança do ventre, seu desenvolvimento será melhor com o tempo, sem pressa, será um prazer fazer bons cursos e aprimorar sua arte, antes de mostrar isso ao público, se sentirá estruturado e mais seguro. Por dentro do rígido Capricórnio existe um canceriano sensível e os benefícios que a dança do ventre vai proporcionar aos seus sentimentos vão deixá-lo fascinado, além do mais este também é um signo de bastante energia feminina.


AQUÁRIO
Aqui temos um signo vanguardista que pode se interessar pela excentricidade da dança do ventre. Genial e criativa, a aquariana revolucionará o vestuário, suas roupas se destacam, mas deve fugir das " dondoquices", das " mesmices" e explorar seu estilo diferente sem perder o bom gosto, sua expressão normal é se destacar dos outros, assim ela acrescentará algo novo à essa arte. Com o tempo as pessoas entenderão que " era exatamente isso o que faltava" e os críticos passarão a admirar sua inovação, mas lembre-se : Até que isso aconteça é necessário muito trabalho e dedicação, afinal aquário é a revolução, mas não por acaso e sim com responsabilidade de criar um mundo melhor.


PEIXES
Miragem, teu nome é Peixes....O último signo já não se limita mais aos aspectos racionais da vida, a pisciana vê o mundo com outros olhos. Profunda, fantasiosa, com ela descobrimos que a realidade vem depois da arte e "o essencial é invisível aos olhos ". A dança do Ventre vai fasciná-la, fazendo-a se sentir uma "canalizadora" dos poderes femininos e mágicos do Cosmos. Afinal, crenças antigas nos ensinam que o mundo foi criado a partir da Dança e isso nos leva à uma visão cosmológica, onde a coreografia assume o papel de expressão e ordenação da vida, a qual não existiria sem ela, pois sem a "dança-cósmica" tudo seria uma massa confusa. Daí temos : a dança da vida, dos planetas, universos paralelos, etc... Significado , teu nome é Peixes........

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