sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Origem das Odaliscas

A imagem das odaliscas é grande estereótipo da dança do ventre. Mas quem eram estas mulheres? E por que a dança do ventre se relaciona com elas? Primeiramente, o termo odalisca é recente, aproximadamente do séc. XV, antes de serem denominadas "odaliscas", o nome que definia a sua presença na sociedade árabe-islâmica clássica era outro: Jawari (no Egito chamadas de Awalim).

Jawari é o plural de Jariya, que quer dizer, serva. Esta serva poderia possuir duas funções: poderia ser responsável pela casa e pelas notícias da vizinhança, ou poderia ser uma qina, isto é, uma serva para entretenimento, principalmente para cantar. A Jariya que soubesse cantar era disputada no mercado, o que acabou a tornando um artigo de luxo de príncipes e ricos comerciantes, gradativamente alterando seu conceito de "serva" para "concubina".

Eram as Jawari que constituíam os haréns dos sultões, que dançavam, cantavam e conversavam sobre filosofia e poesia para entreter seus senhores. Vários sábios árabes a descreveram em seus livros, como Nafzawi, Al-Jahiz, criando em sua imagem toda uma atmosfera de encantamento e sexualidade. São nos contos sobre as Jawari que surgem os casos de homoerotismo feminino, o que chamaríamos hoje de lesbianismo. Para os muçulmanos clássicos, as mulheres só poderiam se sentir atraídas sexualmente umas pelas outras se estivessem em haréns, o local onde as Jawari viviam ao lado de todas as mulheres da vida do sultão (mãe, filhas e esposas legítimas).

O harém não representava um local voltado para o sexo, mas um local de convivência secreto, onde somente o senhor e os eunucos que o guardavam poderiam ter acesso, sendo dirigido pela mãe do sultão. As Jawari não eram muçulmanas, mas sobretudo cristãs, capturadas em guerras ou pilhagens, e vendidas nos mercados. A concubina que se convertesse ao islamismo, deveria se casar, seja com o seu senhor ou com outro designado por ele. A partir do séc. XVI, mesmo aquelas não convertidas poderiam sair do harém e se casarem com homens escolhidos por seu senhor, caso fossem dados como terminados seus serviços ou se nunca tivessem sido requisitadas pelo sultão.

Ainda assim, a condição das Jawari não era das melhores. Diferentemente das Ghawazee, as Jawari eram escravas, não possuíam liberdade ou representação social. Elas ainda poderiam ser compartilhadas por co-proprietários ou mesmo vendidas sucessivamente a novos donos. Para as concubinas comuns, a única forma de conquistarem algum direito era em caso de se tornarem mães (um al-walad), o que lhes garantia a estabilidade ao lado de um único proprietário pelo resto da vida. Já as concubinas do harém poderiam ter a chance de possuírem alguma posição no mundo exterior, porém era muito raro de acontecer. Em ambas condições, por mais que as Jawari não tivessem qualquer controle de sua vida, elas exerciam grande influência sobre seu senhor, algo que pode ser exemplificado pelos diversos discursos que apontam o harém como um local de intrigas e conspirações.

No Império Turco Otomano, as Jawari passaram a ser chamadas de odaliscas (algo como camareiras). O termo odalisca passou também a abarcar aquelas que não eram propriamente concubinas, algo semelhante ao conceito inicial de Jariya. Aquelas que eram belas ou que tinham algum talento para dançar ou cantar, eram treinadas para se tornarem amantes do sultão. Se fossem bem sucedidas na sua arte de sedução, ou como cantoras ou dançarinas, poderiam ganhar algum status fora do harém, sendo utilizadas até mesmo para dar as "boas vindas" aos visitantes do Império.

A partir do séc. XIX, quando as nações europeias passaram a comercializar seus produtos industrializados e a mesmo industrializar os países árabes, as odaliscas tiveram quase um papel diplomático, ao representarem a hospitalidade dos sultões através de seus corpos e de sua dança. A dança do ventre encantou profundamente os imperialistas europeus, que fascinados, passaram a exportar para a Europa algo como um show de cabaret, primeiramente na França sob o nome "Danse du Ventre", nome este que passou a designar toda essa modalidade de dança no mundo ocidental (o nome original é Raqs Sharqi, que quer dizer, Dança do Oriente).

Assim, nada mais justificável que a imagem da dança do ventre fosse representada por tantos anos como a concubina bela e sedutora, a odalisca. No mundo árabe, a dança do ventre como entretenimento só era desempenhada por Ghawazee ou Jawari (Odaliscas), isto é, por prostitutas ou concubinas, e é por isso que a dança do ventre não é vista com bons olhos por lá. Atualmente, muitas países usam a dança do ventre com papel turístico, como o Líbano, o Egito, a Turquia, mas para muitos árabes, a dança do ventre está longe de perder a sua imagem de promiscuidade.

Existem danças folclóricas festejadas por grupos étnicos, danças que chegaram até nós, como o Falahi, o Baladi, entre outros, mas que eram desempenhadas por camponeses em ocasiões festivas. Esses folclores foram incorporados ao que chamamos no Ocidente de Dança do Ventre, mas eles eram atividades distintas das praticadas no haréns e nas ruas pelos Ghawazee.

A impressão deixada nos europeus pelas odaliscas pode ser conferida pelas diversas pinturas que encontramos até mesmo no Google. Pintores como Jean Auguste Dominique, Vicenzo Martinelli e Fabio Fabbi retrataram o imaginário europeu do que seria o harém, obras de erotologia árabe foram traduzidas, se iniciou o movimento que chamamos de "orientalismo" (o Oriente como algo envolto em misticismo e encantamento, como "o outro").

Para fechar, em homenagem a essa ideia orientalista do Oriente (por incrível que pareça não é um pleonasmo), e sobretudo sobre a ideia que temos do harém e das odaliscas, um vídeo "modernoso" da Sarah Brightman:

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Origens da Dança do Ventre: Ghawazee


Informações do site Belly Dance Chicago


Ghawazee era o nome de um dos mais famosos grupos de dançarinos nômades do Egito. As mulheres Ghawazee eram chamadas de Ghazeeye e os homens de Ghazee. Porém, o nome Ghawazee era geralmente usado para se referir às dançarinas. Assim como muitas formas de dança oriental, grande parte da história dos Ghawazee é desconhecida devido à falta de documentação histórica.

Os Ghawaaze professavam a fé mulçumana e falavam a mesma língua, mas não eram de origem egípcia. Os Ghawazee eram conhecidos por não se parecerem fisicamente com os egípcios e suas mulheres eram consideradas, por muitos, as mais belas do Egito.

Escritores ocidentais retratam as dançarinas Ghawazee florescendo como uma parte bem aceita da sociedade egípcia por volta de 1700. Isso durou até cerca de 1834, quando foram expulsas devido a pressões religiosas. A principal razão para o banimento era o fato de as mulheres Ghawazee não usarem véus para cobrir o rosto.

Os Ghawazee viviam nas grandes aldeias do Egito, sobretudo no Alto Egito. Nas cidades do delta, moravam em assentamentos de tendas e barracas. Eles prezavam muito pelos bebês de sexo feminino e consideravam um filho homem como uma desgraça econômica. Isso tudo porque as mulheres Ghawazee, sem exceção, eram criadas para se tornarem prostitutas e dançarinas. Antes de uma menina se casar, seu pai venderia seus "serviços" a quem pagasse mais. Ela então, normalmente, se casaria com um homem de seu próprio grupo.

Os Ghawazee viajavam de cidade em cidade, participando de feiras e acampamentos. As mulheres dançavam nas ruas, geralmente recolhendo dinheiro com o pandeiro depois do show. Enquanto os homens tocavam instrumentos, as mulheres dançavam sozinhas ou com dançarinas de outros grupos, ao mesmo tempo em que tocavam snujs. Também era comum que dançassem em ocasiões festivas em haréns, casamentos e nascimentos. As mulheres Ghawazee desfrutavam do prestígio de serem as dançarinas mais conhecidas do Egito.

As Ghawazee conviviam com os cidadãos mais ricos da região. Essa segurança financeira permitia que as dançarinas adquirissem considerável riqueza, fama e bons casamentos. As mais ricas se vestiam com seda e usavam colares, tornozeleiras, pulseiras de ouro e adornavam a cabeça com moedas. Algumas ainda usavam piercing no nariz. Geralmente, as Ghawazee usavam trajes quase idênticos aos das mulheres da classe média egípcia. Tanto homens quanto mulheres pintavam os olhos com kohl (pó preto usado para maquiagem) e tatuavam as mãos e os pés com henna, seguindo o costume das classes média e alta do Egito. Alguns Ghawazee conquistaram muita riqueza, casas luxuosas, escravos e gado.

A dança das Ghawazee pode ser descrita como um tanto "pesada" e sensual. Shimmies, batidas de quadril e giros são uma espécie de consenso em todas os estilos de dança do ventre. Mas os shimmies das Ghawazee, por exemplo, eram feitos de movimentos paralelos ao chão, para frente e para trás, ao invés de um movimento vertical, para cima e para baixo. Além de realizarem outros movimentos como cambrês, e tocarem snujs, era comum ouvir gritos estridentes e zaghareets (yalalalalalalala :D) das dançarinas durante sua apresentação. Seus gestos geralmente convidavam o público a bater palmas e a dar dinheiro.

Além das dançarinas Ghawaaze, existiam também as Jawari (ou Jawaree), concubinas, que também praticavam o que chamamos de dança do ventre. Diferentemente das primeiras, as Jawari não possuíam liberdade, elas eram escravas sexuais, mas deveriam ser instruídas para entreter seus senhores, com filosofia, poesia, música, canto e/ou dança. Mas delas trataremos em outro post.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Música Clássica na Dança do Ventre

De todas as músicas árabes disponíveis para nossa criatividade na dança, a música clássica é aquela que "não basta ser um rostinho bonito" para dançar. Se preparar para dançar uma música clássica é sobretudo estudar!! Sabe toda a nossa preocupação em passar ritmos, instrumentos musicais, dicas de professoras? Você pode usar estas dicas para uma outra finalidade, mas todas elas são necessárias para se dançar corretamente uma música clássica. As clássicas necessitam de ouvido atento (e afiado), conhecimento da sua estrutura, dos seus pormenores: hora de deslocar, de parar, de usar o véu e de soltá-lo, hora para tremer, para ondular, para pular, etc. A criatividade fica para os inúmeros passos que podemos explorar em cada momento, mas não para reinventar uma nova forma de interpretar os momentos da música.

Mas meninas, não pensem que isso é ditadura cruel das dançarinas do ventre, de um grupinho que está no topo. Não podemos sambar no frevo, não é? Ou dançar valsa no tango! Esta é a estrutura formada para que as dançarinas leiam todos os instrumentos da música, a função da dançarina é justamente expor essa harmonia entre melodia e percussão em 3D (como diria Hossam Ramzy). Para isso, vamos explicar por tópicos basicamente o que temos que nos atentar:
  1. Introdução da música: NÃO DANCE!! Sequer apareça em frente ao público (já vi bailarinas paradas como estátuas com a mão na cintura ainda, que horror!). Esta é a apresentação da banda, por mais que ela não esteja ali fisicamente, esse momento não foi feito para a dança, mesmo que você ache lindo de morrer.
  2. Chamada da Bailarina: Ela pode ser longa ou só um floreio rápido. Fique atenta, uma variação da melodia de introdução é a chamada da dançarina. Geralmente ela vem após a percussão iniciar o ritmo da entrada.
  3. Entrada: Nesse momento, o ritmo inicia puro, sem melodia, quando a melodia entra junto com ritmo, é a hora de entrar com deslocamentos ou andando (se o ritmo for o Vox, por exemplo). Mas caso você não conheça a música e não queira sair esbaforida, conte até 4 e entre no 5. É meu segredo: eu conto!hehe. A música árabe tem 2, 4 ou 8 tempos, normalmente, ou seja, ela "vira" após essa contagem, o que marca um novo momento da música. Comigo até hoje deu certo!
  4. Baladi: Chamo de baladi, mas pode ser um saidi sem mizmar (cornetinha). Esse é o momento para parar de deslocar, e marcar com um básico egípcio. Só posso fazer básico egípcio? Bem, ele é o sinal que você reconheceu o ritmo, e num concurso ou numa prova isso é fundamental. Essa é a hora de largar o véu, se estiver com ele na entrada.
  5. Variação: Bem, a partir de agora a música vai variar não necessariamente na mesma ordem. Podemos ter um Taqsim (quanoun sempre se treme, alaúde se for dedilhado; instrumentos de sopro se ondula, com exceção do mizmar); um folclore (said com mizmar é Saidi! Pule, faça gracejos; soudi se dança khaleege; ayoub puro - sem melodia, só percussão - é zaar, baixe um santo) ou podemos ter um ritmo de deslocamento (malfuf, vox, ayoub, masmoudi "caminhando" com 3 DUM) acompanhando a melodia alternando entre um momento e outro da música.
  6. Finalização: A melodia da introdução vai se repetir, podendo vir mais acelerada. É hora de girar - perto do final - e montar a sua pose de diva.
Isso aí é um "basicão" que geralmente se aplica à maioria das músicas. Existem músicas como Shirin, por exemplo, que a entrada só termina no minuto 2:40, aproximadamente, mas existem várias variações ainda dentro da entrada! Para essas "pegadinhas" é preciso ouvir as músicas, quase memorizá-las, hehehe, especialmente se for do seu interesse se formar para dar aulas ou fazer concursos. Essas coisas a gente aprende perguntando, lendo, fazendo workshops, por isso é fundamental procurar se informar. Já vi muitas professoras "assassinando" músicas clássicas, coisa de dar dó. A aluna que está ali geralmente como "receptora", não consegue perceber que está aprendendo errado, aí vai lá pular no saidi, e só! Não lê os instrumentos melódicos, que nos indicam como variar nossos movimentos, nada de ficar na percussão, ela só indica se é para andarmos ou ficarmos paradas; entra na apresentação da banda, ignora os folclores "desconhecidos". Estudar é necessário, vamos nos empenhar para trazer técnica e qualidade à dança do ventre.

Abaixo a Shadia el Gamila dançando Tammil como uma música clássica, hamdellah!



OBS: Notem que ela entra antes do ritmo se unir à melodia, mas ela só começa a se deslocar após a chamada da dançarina.

Professoras de Dança do Ventre: Virgínia Njainne

Para quem mora na Ilha do Governador e não sabe onde encontrar uma boa professora de dança do ventre, cá está a grande dica: Virgínia Njainne! A moça está oferecendo aulas para os níveis iniciante e intermediário.

Professora: Virgínia Njainne
Local: Rua Marino da Costa, nº 67, Jardim Guanabara, Ilha do Governador
Referência: Centro de Estética Dermoface. Perto da Casa Clipper.
Contato: (21) 2462-3220

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tradução: Mo3gaba

Tradução da música Mo3gaba da Nancy Ajram a pedido da Daniele Moreira.


Mo3gaba - Eu gosto dele

Eu gosto dele, estou apaixonada por ele,
Não quero ninguém mais, a não ser ele
O seu jeito de andar, o seu suspiro, o seu olhar
Eles mexem com meu coração intensamente

Alguém devia dizer a ele
Alguém devia dizer a ele que eu o amo muito
Alguém devia dizer a ele para ser gentil comigo
Sou muito tímida para falar com ele

Sim, ele me conquistou com sua beleza charmosa
Meu desejo é nitidamente por ele
Meu olhos já revelaram isso a ele
Tenho medo que eu não seja a única em sua cabeça
Depois de tudo isso

Vá e diga a ele que eu o amo, entendeu?
Eu realmente gosto dele
Sou alguém apaixonada
Que viveria toda a sua vida por ele

Letra:

mo3gaba, moghrama, ana ba2a mesh 3ayza ella howa
mashyeto, hamseto, nazreto bet7arak alby gowa
(2x)

7ad ye2olo, 7ad ye2olo, enny ba7ebo el 7ob dah kollo
(2x)
7ad ye7annen albo 3alaya, ana maksoofa aroo7lo w a2oulo

mo3gaba, moghrama, ana ba2a mesh 3ayza ella howa
mashyeto, hamseto, nazreto bet7arak alby gowa

aywa khatafny bse7r gamalo, sho2y bayenlo w 3einy aylalo
(2x)
khayfa makoonsh ana elly fe balo ba3d da kollo

7ad ye2olo, 7ad ye2olo, enny ba7ebo el 7ob dah kollo
7ad ye7annen albo 3alaya, ana maksoofa aroo7lo w a2oulo

mo3gaba, moghrama, ana ba2a mesh 3ayza ella howa
mashyeto, hamseto, nazreto bet7arak alby gowa

roo7o oloulo ba7ebo w malo? mo3gaba beeh w dayba w maylalo
(2x)
wa7da khalas 3ash2a w 3ayshalo 3omraha kollo
7ad ye2olo, 7ad ye2olo, enny ba7ebo el 7ob dah kollo
(2x)
7ad ye7annen albo 3alaya, ana maksoofa aroo7lo w a2oulo
mo3gaba, moghrama, ana ba2a mesh 3ayza ella howa
mashyeto, hamseto, nazreto bet7arak alby gowa

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Layout Novo!

Desculpem a bagunça, mas estamos reformulando nosso blog, e infelizmente ela é necessária! Agora temos botões para quem quiser acessar diretamente as informações mais visitadas do nosso blog!

Assim que tivermos tudo no seu devido lugar, continuaremos trazendo muita informação, letras de música, e o que mais nossos leitores desejarem!

Evento: Noite das Arábias

Corrigindo a data acima, o evento será realizado no dia 07/03/2010, no mesmo horário, no Rio de Janeiro.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tradução: Enta Habibi

Tradução da música Enta Habibi da Samira Said a pedido do Carlos Antonio Jorge.


Enta Habibi - Você é meu querido

Eles disseram que meu cabelo é macio como a seda e a brisa
Eles disseram que meus olhos são até mesmo os mais belos
Eu disse a eles que a coisa mais bela que há em mim
Não está nem no meu cabelo ou em meus olhos
O que há de mais belo e precioso em mim é você, meu querido

Nos seus olhos reside o significado dos dias
São por seus olhos que eu acordo e durmo
E com eles eu vivencio os sonhos
Com eles posso voar, voar

Meu coração voa ao seu redor
E eu ainda o amo mesmo quando estou chateada com você
Meu coração e minha alma são seus
Fico com ciúmes de você em minha alma
Fico enciumada

Eles disseram que meu cabelo é macio como a seda e a brisa
Eles disseram que meus olhos são até mesmo os mais belos
Eu disse a eles que a coisa mais bela que há em mim
Não está nem no meu cabelo ou em meus olhos
O que há de mais belo e precioso em mim é você, meu querido

Letra:

2alo sha3ry nesma 7arir
2alo 3oyouny a7la kteer
(2x)

oltelhom a7la ma feya
wala sha3ry wala fe 3enaya
a7la w aghla malam7y enta, 7abiby

fe 3oyounak ma3na el-ayam
le 3oyounak bas7a w banam
w ma3ahom 3esht el-a7lam
a2dar beehom ateer, ateer
(2x)

alby tayer men 7awaleek
w a3sha2 7atta khofy 3aleek
alby w ro7y melk edeik
3aleek men ro7y bagheer, bagheer
(2x)

2alo sha3ry nesma 7arir
2alo 3oyouny a7la kteer
(2x)

oltelhom a7la ma feya
wala sha3ry wala fe 3enaya
a7la w aghla malam7y enta, 7abiby

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Shahrazad Sharkey

Você que visita nosso blog, que dança, que conhece a dança do ventre, por acaso já pensou como ela chegou aqui no Brasil? Se hoje temos muito o que falar e praticar na dança do ventre, devemos tudo à Shahzarad, a precursora da desta arte milenar no Brasil.

Shahrazad, nascida Madeleine Iskandarian, é palestina, da cidade de Belém, tendo se refugiado no Líbano após a Nakba (criação de Israel). Descendente de armênios, começou a dançar com apenas 7 anos de idade. Mais tarde, se mudou para Síria, onde se casou e teve seus dois filhos, Margarida e Richard.

Sua vinda ao Brasil ocorreu por volta de 1957, e por 18 anos trabalhou como cabelereira. Nos anos 70 voltou a se dedicar à dança do ventre, mas foi em 1979 que Shahrazad Sharkey nasceu, quando começou a se apresentar no Bier Maza, em São Paulo. Shahrazad não apenas dançava, como também cantava, sendo a primeira dançarina do ventre e cantora árabe do Brasil. Ao lado do Bier Maza, o restaurante Porta Aberta também passou a oferecer a dança do ventre como entretenimento para seus clientes, tornando-se os responsáveis pela difusão da música árabe e da dança do ventre, apresentando importantes grupos musicais como o Wadih Koury.

Shahrazad logo conquistou grande sucesso, passando a divulgar a dança do ventre por todo o país, viajando com o grupo Wadih Koury (que contava com o percussionista Fuad Haidamus, mestre e também precursor da música árabe no Brasil), e também dando aulas para as brasileiras, ainda sem qualquer conhecimento desta dança. Shahrazad criou um método para ensinar mulheres dos 7 aos 90 anos, tendo atualmente diversas discípulas, como a famosa dançarina Suheil, bellydance superstar, que atualmente divulga o estilo brasileiro pelo mundo.

O foco do trabalho da mestra Shahrazad é o trabalho com a feminilidade, com o corpo, considerando a dança do ventre aliada para o sexo e para o parto. Ela já possui diversos livros publicados, como o "Resgatando a Feminilidade", leitura recomendadíssima. A sua inspiração é voltada ao Egito, ainda que tenha sua "formação" libanesa. Ela diz que não busca uma coreografia na dança, o que lhe importa é o resgate da essência feminina.

Sharahzad formou a primeira geração de dançarinas do ventre brasileiras, e a partir delas, tivemos a dança do ventre difundida por todo o Brasil. Se não fosse a iniciativa desta palestina, que se considera "brasileira roxa", o que seria da Dança do Ventre no Brasil?

Abaixo Shahrazad num programa televisivo há séculos atrás. Aqui a música é "A Dança da Cobra", em referência a um programa de televisão árabe veiculado na TV Gazeta, o "Programa Árabe na TV", o qual possuía esta canção na abertura.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Tradução: La Azon

Tradução da música La Azon do Mohammed Fouad a pedido de Daniele Moreira.


La Azon - Eu não acredito

Você sabe quem eu sou e quem você é
E você voltou ao fim da paixão e do desejo ardente
Nós nos distanciamos um do outro
Você se distanciou do coração que roubou?
Eu... Eu...

Eu sei que é impossível para você me manter distante
Você voltará de novo e de novo
Mesmo depois de tudo o que aconteceu
É possível que seu coração esqueça o meu?
Não, não, não, não
Não, eu não acredito.

Aprenda com o que aconteceu
E não me dê mais este tempo tão difícil
Dê-me paz, que será suficiente
Minha querida, se seu objetivo é me deixar confuso
Você se cansará comigo
Caso você esqueça quem eu sou
Seu coração e seus olhos a lembrarão
Eu... Eu...

Eu não sou aquele que pensa na pessoa que o abandonou no passado
Eu sou aquele que venderia a própria vida para ficar com quem me aceitasse
Mas por dois dias, querida, você jogará com o amor
Não, não, não, não
Não, eu não acredito.

Querida, por mim
Se você estiver voltando, sentindo saudades
Cansada de estar separada de mim
Se você quiser voltar
Se você estiver se aproximando, querida, e você me quer
Quer que eu te abrace dentro de meus olhos
E se você tivesse mudado por dentro
Os problemas de nosso amor se resolveriam
E eu... Eu...

Meu coração, minha mente, minha alma
E todos os meus dias seriam para você
Minha vida e o que faltaria nela estariam em suas mãos
Mas se você está voltando com aquela ideia errada de mim...
Não, não, não, não
Eu não acredito.

Letra:

Ereft enta min wana min wana min
werge3 ba3d cho'a we 7anin we 7anin
werge3na net'abel
men albi khod abel
ana hé ana he he he he
ana 3aref eni bo3di mosta7il tekdar 3lih - wen enta gay gay tani 7ata ba3d eh
a3oula albak enta yensa albi hawah
la la la La Azon
ana 3aref eni bo3di mosta7il tekdar 3lih - wen enta gay gay tani 7ata ba3d eh
a3oula albak enta yensa albi hawah
la la la La Azon

et3allem ba'a we ma tet3ebnich ba'a sallem wakfaya
habibi law nawi 3al 7ira wel 3end 7a tet3ab wayaya
law kont n'sit ana min
albak wa 3nik fakrin
ana he - ana he - hehehehe
ana elli y'be3ni marra 3omry mabk fi youm 3alih
ana ely yechtirini abi3 7ayaty wachterih
laken youmin habibi we youm 7atel3ab bel hawa
la la la ya habibi ana


law gay mochta'a we te3ebt foura'a we nawit terga3 lina
law gay arib we habib we 3ayezna nechilak f'a3nena
etghayar men gowak
wetsal e7 waya hawak
wana he , ana he he hehe
3enaya albi 3a'ali rohy 3omri kollo lik
hayati welli ba'y men hayati bin edek
laken law enta gay 3achan fakerni dawa
la la la La Azon ana

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Taqsim

O Taqsim não é um ritmo, não é um estilo, não é um folclore. Muitas pessoas confundem este nome para denominar um ritmo e/ou uma melodia lenta em uma música, especialmente numa música clássica. O Taqsim é uma improvisação melódica de um instrumento, ou seja, qualquer improvisação de um instrumento melódico (flauta, violino, quanoun, alaúde, etc), podendo vir acompanhado ou não de um ritmo na percussão.

Existem alguns ritmos que aparecem predominantemente para acompanhar o taqsim: Wahda Wo Noss ou Wahda Kabir e o Ciftelelli, sendo o Wahda uma versão mais simples e lenta do Ciftelelli. Assim sendo, ao ouvir uma base rítmica na percussão e a improvisação de um instrumento melódico, a melodia é o Taqsim e o ritmo ou é Wahda Wo Noss ou é Ciftelelli.

Ao ouvir o Taqsim, os movimentos deverão ser sinuosos, acompanhando a melodia. O ritmo não deverá ser marcado na dança, somente o acento do ritmo poderá ser lido pelo corpo. Algumas dançarinas costumam seguir a percussão durante o Taqsim, entretanto a dança perde muito deste momento que deveria ser de "encantamento" pela melodia. O Taqsim é o "grande lamento", quem já viu a Dina chorando nessa hora? A improvisação é praticamente a fala do instrumento, é como se ele estivesse dizendo algo denso e profundo, que deve ser lido com entrega. Marcar somente a percussão é ignorar todo esse apelo sentimental que é próprio do Taqsim.

Aqui abaixo a Dina sofrendo no Taqsim:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ritmos: Nawari

Nawari ou Tabl é um ritmo da "família baladi". Ele é um ritmo muito utilizado no Egito, sobretudo nos solos de percussão.

O ritmo segue a estrutura 4/4: TAKA DUM TAKA DUM TA. O DUM é bem denso neste ritmo, e geralmente os derbakistas costumam florear bastante nos TAKA. Diferentemente dos demais ritmos, o Nawari não começa com o DUM, o que pode deixar muita bailarina perdida mas já reconhecendo o ritmo, a dança seguirá basicamente como um baladi animado.

Infelizmente não consegui um vídeo melhor, mas aqui abaixo extremamente floreado é o ritmo Nawari. Ele é segundo executado.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Boas dançarinas ou dançarinas boas?

Uma das coisas que mais me decepcionam na dança do ventre é a hipocrisia do corpo perfeito. Cara, eu entendo meeesmo, que no palco, num restaurante, as pessoas não querem ver pessoas "fora do padrão de beleza", mas daí colocar pessoas sem talento para dançar só por causa de um corpo bonito, me poupe, não é?

Talvez o público nem perceba, e aí está o grande trunfo: a dançarina é leve, mas executa os movimentos errados, braços tortos, não reconhece os ritmos, parece o tempo todo estar desfilando. Que importa aos olhares leigos? Ela é bonita, e isso basta. Mas nós que não estamos cotadas no conceito de beleza atual, que importa se dançamos bem? Uma ou outra pessoa pode perceber nosso talento, mas a maioria não. E pior: nós podemos estar na televisão, no palco, no restaurante, dançando maravilhosamente bem, o que todos estarão olhando? O nosso corpo. E quantos não estarão debochando de nós? (Digo isso por um vídeo que encontrei no youtube de uma dançarina com um quadril seco perfeito, mas gordinha, e as pessoas trataram de filmar a televisão e postar no youtube a dança da menina juntamente com o áudio dos seus risos debochados).

A minha revolta só bate de vez em quando, tem dias que estou bem conformada, deixo para lá, não vou me esforçar em dar "pérolas aos porcos". Eu danço para quem possa apreciar qualidade técnica, amor à arte, eu danço com a alma, quem me vê dançando, sempre comenta isso. Mas quem do grande público poderia notar? Das vezes que dancei em festinhas para amigos, de calça jeans, sem qualquer preparo ou coreografia, eu sempre fui muito bem recebida. Algumas vezes as pessoas vinham falar comigo, elogiar, pedir informações, para mim que tinha se empolgado com a música, e não tinha aparecido só para dançar. Acho isso muito válido, fico lisonjeada por "roubar a cena" sem querer, mas isso incomoda muita gente, especialmente quem acha que as gordinhas deveriam ficar em casas trancadas, se lamuriando por não ter um corpo esquálido e sem curvas.

Mas e as magras sem talento? Têm váááários vídeos no youtube delas, os comentários são sempre os mesmos: "você é linda, gostosa, charmosa, etc", quem diz: "nossa, quero dançar assim?". Quer dizer, até tem, mas logo você percebe que quem diz isso não sabe lá muito de dança do ventre. E nas festas em que essas mulheres lindas dançam? Coloque uma que dança bem ao lado dela, e olhe bem atentamente: por incrível que pareça, muita gente "leiga" vai notar de imediato que a lindinha não sabe dançar tão bem assim. Infelizmente eles precisam de parâmetros para perceber isso, e como não vamos dar um workshop de dança do ventre em toda apresentação, fica para quem consegue olhar além de um belo corpo.

Críticas à parte, é claro que não há somente dançarinas sem talento, óbvio que não! Temos inúmeras belas dançarinas que entretem um público que não faz parte do meio e são super talentosas, como a Virgínia Njainne, Serena Isthar, Sara Caldas, entre outras. Existem locais em que as dançarinas são escolhidas a dedo, mas em outros... Bem, nesses nosso apelo é que escolham boas dançarinas, não dançarinas "boas"! Sabe, o público não merece ser iludido com uma imagem deturpada da dança do ventre, com alguém que não é a sua melhor representante. Ok, as pessoas - até aquelas que não estão em forma - irão torcer o nariz para uma dançarina gordinha, ou em qualquer estado que não seja o famigerado "mulherão que merece viver e reproduzir", ok, coloque a bela dançarina, mas que ela realmente saiba dançar e encantar por seu talento. Acho que muita gente acha a dança do ventre chata e desinteressante porque só tem contato com essas moçoilas que só prendem a atenção na sua bela aparição, a dança sai quase como um esforço desesperado de parecer interessante, o que não é: a dança do ventre não é só um corpo, existe toda uma técnica envolvida. Já dizia o velho ditado: "Beleza não põe mesa", vamos lá encher os olhos do público com a arte da dança do ventre em seu mais puro talento.

Abaixo uma bela dançarina encantando a todos: Serena Isthar

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tradução: Maaoul

Tradução da música Maaoul do Fadel Shaker a pedido da Daniele Moreira.


Maaoul - É verdade?

É verdade que nos encontramos novamente?
É verdade que não me esqueceu?
É verdade? É verdade? É verdade?

Depois que meus sonhos se desvaneceram
Depois que meus dias envelheceram
Estou te vendo em frente a mim
Oh, isso é demais para mim
Oh, minha vida

Por favor, por favor, por favor,
Apenas espere por mim
Por favor, por favor,
Não olhe nos meus olhos desse jeito
Meu coração não suporta mais

Venha ao meu encontro docemente, docemente
Eu não pensei mais na minha sorte
E também na dor desta espera
Meus olhos estão te observando
E eles temem que você seja apenas uma sombra
E um sonho.

É verdade que estamos juntos?
E que estamos conversando?
Nos encontramos apenas ontem
Mas não parece que foi há tão pouco tempo
Estamos juntos por todos esses anos
A nossa saudade esteve entre nós nos machucando

Meu coração se abriu para você
Desde este dia eu o fechei
E você permaneceu dentro dele
E ninguém mais pode tomar seu lugar
E aqui está meu coração
Para que você possa ter em suas mãos.

Letra:

معقول نتقابل ثاني معقول منتش نسياني
ma32oul net2abel tani, ma32oul mantish nasyani
معقول معقول معقول
ma32oul, ma32oul, ma32oul ?!

بعد ما ذابت احلامي بعد ما شابت أيامي
ba3d ma dabet a7lami, ba3d ma shabet ayami
القاك هنا قدامي
2al2ak hena 2oddami
ده كثير قوي كثير قوي كثير قوي يا زماني
dah kteer awi, kteer awi, kteer awi, ya zamani

أرجوك أرجوك أرجوك استني علي
argouki, argouki, argouki istanni 3alaia
أرجوك أرجوك ما تبصيش كده في عيني
argouki, argouki, ma tbossish keda fe 3enaya
انا قلبي ما يستحملش قابليني شوي شوي
ana 2alby ma yesta7melsh, 2abliny shwaya shwaya
لاعلمت حساب الصدفة ولا قد عذاب اللهفة
la 3amalt 7esab el-sudfa, wala 2ad 3azab el-lahfa
شايفاك عيني وخايفة لا تكون خيال وأماني
shayfaki 3eenaya o khayfa, la tkouni khayal o 2amani

معقول واقفين بنسلم مع بعض سوى بنتكلم
ma32oul wa2feen bensallim, m3 ba3d sawa bnetkallim
وكاننا متقابين امبارح ولا حاسين
o ka2ennina met2ablin embare7 wala 7assin
ان احنا بقالنا سنين الشوق بينا بيتالم
in e7na ba2alna sineen, el shoo2 benna beyt2allim
قلبي اللي فتحته عشانك من يومها ققلته عليكي
2alby elle fata7toh 3ashanik, men youmha 2afaltoh 3aliki
ولا حدش يملى مكانك وده قلبي خدي بايديك
wala 7addish yemla makanik, o dah 2alby khodih be-2eediki

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