Mostrando postagens com marcador Primeiros passos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Primeiros passos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Primeiros Passos de Samara Nyla

Samara Nyla é formada em Geografia e pós-graduada em Psicopedagogia. No entanto, estuda Dança do Ventre desde 1999, quando tinha apenas 12 anos de idade. É uma bailarina conhecida por sua leitura musical refinada e performances de improviso. Atualmente, mantêm-se em constante estudo com diversos profissionais internacionais e nacionais, mas seus principais professores são Samra Sanches e Nami Hanna. Já participou de diversos programas na televisão como Big Brother Brasil, Fantástico, a novela "O Astro", entre outros. Em 2012 abriu seu próprio espaço de dança, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, o Studio El Said de Dança, onde ministra aulas (entre outros locais). Ela também possui um atelier especializado em figurinos para Dança do Ventre e de moda fitness que leva seu nome como marca em parceria com sua mãe Gilda Marques. Vamos conhecer um pouco do seu início?
Samara Nyla ainda loira em 2003
Porque você começou a dançar a dança do ventre? 


Meu primeiro contato com a dança do ventre foi em 1998 quando fui assistir a CIA de danças Yahliw com Luciana Midlej e Adriana Almeida em uma feira cultural no RJ. Me apaixonei pela dança mas não iniciei meus estudos naquele ano. Eu comecei a dançar aos 12 anos de idade devido a um problema de saúde (ovário policístico) e minha médica me indicou fazer dança do ventre 2 vezes na semana para dissolver os cistos do meu ovário. Achei aquilo muito interessante pois não sabia que a dança era bom para esse tipo de problema. Com 1 ano de aula a minha médica constatou a eficácia da dança e eu já não tinha mais nada. Mas a esta altura eu já estava apaixonada por essa arte tão magnífica que nunca mais parei e indico a todas as mulheres que tem ou venham a ter qualquer tipo de problema parecido com o que eu tive.

Como foram as primeiras aulas? 
A primeira aula foi muito engraçada! rs Eu achei todos os movimentos muito estranhos no corpo, mas ao mesmo tempo achei leve, bonito e comecei a gostar do que vi que meu corpo podia fazer. Com o tempo, e claro com treinos, que a gente percebe como os movimentos ganham mais formas e se tornam mais fáceis, muito bons!
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou? 
Minha maior dificuldade era parar as mãos! rs Eu fazia todos os movimentos e os braços e mãos ligados no 220V! rs Eu acho a coordenação de mãos e molduras de braços a parte mais difícil da dança, estudei muito sobre isso e tive uma mestra maravilhosa, que até hoje está presente em minha vida, que é a Samra Sanches. Com ela aprendi a ter mais calma para dançar e a coordenar melhor os braços e mãos. 
Uma história peculiar sua com a dança do ventre. 
Sempre me achei muito baixinha!!!! rsrsrs e com isso, quando eu comecei a dançar com véu de seda eu sempre me embolava nele. Daí o véu parecia mais uma burca colorida do que um elemento de dança. Meus braços sempre foram muito curtinho devido também a minha altura e eu tive que trabalhar muito a questão do véu na minha dança.

Um recado para quem está começando ou continua estudando. 


Para quem esta começando a dançar agora eu digo siga em frente e mergulhe de cabeça nessa arte milenar tão rica e encantadora que é a dança do ventre. Estude sempre, se aperfeiçoe cada dia mais, treine e busque seus objetivos, não se deixe levar por decepções do mundo da arte, viva intensamente a sua emoção ao dançar!

Primeiramente quero agradecer a Jesus, que me deu esse dom que tanto amo que é dançar e por ele fazer a minha vida muito mais colorida devido a dança. Quero agradecer também a Luciana Midlej e Adriana Almeida por terem sido, sem saber na época, as grandes motivadoras do meu sonho se tornar realidade, porque foi as vendo dançar que eu me apaixonei pela arte. Agradeço a minha médica na época, Drª Sandra Barcelos, que me mandou fazer a dança para melhorar minha saúde. Mas agradeço mesmo imensamente a minha mãe, Gilda Marques, por ser a maior fã e parceira que eu tenho, por ter me dado força desde primeira aula, por ter sido ela a me levar para ver meu primeiro show de dança do ventre e por ela ter batalhado junto comigo a minha melhora de saúde na época, obrigada minha heroína! Agradeço também ao meu marido Rick Araujo por todo o carinho e empenho de trabalhar junto comigo e de ser tão compreensivo com a minha dança e por fim, ao meu avô Lino Marques que era contra a dança no início, mas logo mudou de ideia quando descobriu a cultura e o quanto estudamos para fazer bonito no palco.

*
Vamos ver o Antes e Depois dos vídeos da Samara?
(2008)
(2012)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Primeiros Passos de Kiania Lima

A linda Kiania Lima tem se destacado no meio da Dança do Ventre pelo seu talento, domínio técnico e simpatia. Inclusive, já contribuiu aqui no nosso blog com um "guia" sobre improvisação que nós amamos e recomendamos fortemente a leitura. Ela conheceu a dança do ventre com 10 anos de idade, após assistir duas bailarinas na televisão. Este foi o click do encantamento e o início da busca pelos estudos. Dentre suas professoras podemos destacar Rita Ferraz, Málak Alaoani e Aziza Mor-Said. Hoje, integra o quadro de bailarinas "Noites no Harém" da famosa casa de chá paulista Khan el Khalili. Sua maior fonte de estudo é a bailarina egípcia Dina. Vamos conhecer um pouco do início de todo esse percurso agora?
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Eu não tenho nenhum motivo considerado especial para ter entrado no mundo da dança do ventre. Não tenho descendência árabe e não me lembro de ter tido contato com alguém da cultura até realmente começar a dançar profissionalmente, muitos anos depois. Me apaixonei pela dança quando, aos meus 10 anos, assisti uma apresentação de duas moças, na TV. Era uma apresentação com taças, e há 16 anos atrás, a dança não tinha todo o glamour que vemos nos dias atuais. Eu sempre tive contato com os esportes. Tentei jogar basquete, handball, fiz natação. Não me dei bem com nenhuma dessas modalidades. Paralelamente a isso, tinha meu contato com a dança. Iniciei meu aprendizado no jazz. Tão pequena que nem consigo me lembrar quantos anos eu tinha. Gostava muito do jazz. Fiz uma aula de ballet clássico e odiei. Nunca mais voltei. (Coitada da minha mãe que tinha comprado todos os acessórios, se assim posso dizer). Bom, aos meus 10 anos eu decidi que queria fazer dança do ventre de qualquer jeito, pois tinha ficado fascinada pelas moças da TV. Um dia, na minha escola, organizaram um show de talentos, onde qualquer aluno poderia apresentar qualquer coisa que quisesse. Fiquei espantada quando uma das minhas amiguinhas de sala fez um número de dança do ventre. Era muito difícil encontrar informações, locais de aulas, ainda mais com a minha idade.  Bom, tive a oportunidade de fazer a minha primeira aula com a professora dessa minha amiga de escola. Rita Ferraz. Ela dava aula na sala de estar da sua casa. Entrei em uma turma de duas pessoas. As duas meninas do meu colégio. Nem preciso dizer que eu não parei nunca mais e as duas desistiram, né?! Fiz aulas regulares com a Rita até meus 20 anos.

Como foram as primeiras aulas?
As minhas primeiras aulas foram uma delícia. Sinto muita falta daquele cheirinho da sala de estar da Rita. Não só por ser onde tudo começou. A minha vida, os meus sonhos, mas também porque foram os anos mais acolhedores que vivi, no meio da dança. Naquela época a dança era só amor. Eu nem sonhava um dia estar onde estou (estar, por exemplo, escrevendo para vocês, contando sobre o meu início). Me lembro de a minha primeira aula ter sido uma delícia. Eu estava tão ansiosa. AHHHH..COMO ESTAVA! Lembro que na primeira aula aprendi os oitos verticais (oito para cima e oito para baixo) e me lembro que consegui fazer os dois de primeira, e que me senti super confortável fazendo aquilo. Me lembro que a Rita ficou meio abismada e me encheu de elogios. Eu fiquei me achando horrores e me senti em um sonho. Fazendo o que eu tanto queria. Me sentindo a menina das mil e uma noites. Por alguma razão que eu só tenho a capacidade de entender nos dias de hoje, eu acredito que estava destinada àquilo. Foi uma coisa muito forte que senti. Por incrível que pareça, eu sinto mais dificuldades hoje do que no início do meu aprendizado. Talvez por toda a cobrança que toda bailarina profissional carrega consigo.

Quais eram as suas dificuldades e como você as superou? 
Minha maior dificuldade na dança sempre foi a de me apresentar em público. Sempre fui estudiosa. Sempre tive um certo talento, que era o que algumas pessoas diziam, mas eu saía correndo de qualquer tipo de apresentação. Sempre fui muito tímida. Dancei apenas para mim mesma por 13 anos e, ainda hoje, tenho isso como minha principal barreira a superar. Sempre busquei a perfeição. Nunca achava que estava pronta para nada e, por isso, demorei tanto tempo para dar início a minha carreira de bailarina e, ainda assim, por um empurrão da minha mãe, que me inscreveu na pré-seleção de bailarinas Khan el Khalili.

Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
FATO 1: Sempre me achei muito dura na parte do tronco. Tinha o sonho de ser modelo e ginasta, ao mesmo tempo (hahahaha). Fui daquelas garotinhas que andavam com livro em cima da cabeça e tudo. Cheguei a trabalhar um pouco como modelo de passarela, mas tenho como uma das minhas frustrações na vida, a de nunca ter conseguido fazer a minha aula de ginástica olímpica e também a de nunca ter sabido dar uma estrelinha... Por toda a minha vida na dança ouvi diversas pessoas falando que eu era muito travada, muito durinha. Me cansei disso e decidi encarar como meu estilo na dança. Não ligo. Sou durinha e nunca consegui fazer aquele passo de soltar os bracinhos molinhos, de um lado para o outro, passando o peso. É idiota, mas só faço isso do jeitinho durinho da Kiania.
FATO 2: Eu não ia ser Kiania, no momento em que estava dando minhas primeiras engatinhadas no mundo das bailarinas profissionais. Ia ser Paola. Tinha vergonha de me chamar Kiania, sei lá por que.Graças ao Jorge Sabongi e Aziza Mor Saidi escolhi o melhor nome para me acompanhar na minha jornada. O MEU!

FATO 3: Uma vez, na aula da Aziza, ela pediu que fizéssemos uma seqüência de forma despojada. Eu fiz, achando que estava arrasando (Hahaha), aí quando terminou a minha seqüência a Aziza falou: "Legal, Ki! Agora faz a despojada." Eu fiquei com aquela cara de "Ué?! Morri!!! Hahahahaha. Isso marcou a minha vida eternamente.

Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Eu acho que o mais importante é ter certeza do seu amor por essa arte. Se não tem muito amor, não vai longe. Se você acha as roupas bonitas, se acha que tem algum glamour em vesti-la e é simplesmente isso, tudo vai dar bem errado. Bailarina de dança do ventre é quase uma sem vida. Óbvio que tudo depende do quanto você vai se dedicar e querer se entregar para este mundo. E é aí que mora a palavra AMOR.
Siga seus princípios.
Seja você, mesmo que seu você seja "menos legal" do que o você de outra pessoa.
"Tente" falar pouco.
Dance. Dance. Dance.
*
Vamos ver o antes e o depois dos vídeos da Kiania?
(2010)

(2013)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Primeiros Passos de Munira Magharib

Outra bailarina sensacional para nossa série de entrevistas! Munira Magharib teve contato com a música e a dança árabe desde pequena, através de sua mãe, mas em 1991/1992 se aperfeiçoou tecnicamente com Fátima Fontes na dança do ventre. No ano seguinte, em 1993, ela passa a integrar o grupo de bailarinas da casa de chá egípcia Khan el Khalili, onde dança até hoje. Você pode assistir a Munira, inclusive, em vários DVDs da casa. Em dezembro do ano passado, ela completou 20 anos de carreira! Essa mulher é um show. Gosto muito mesmo!! Divas são eternas, né gente? Assisto os vídeos dela e fico encantada com a vitalidade, delicadeza e sentimento que ela possui. Uma vez vi alguém diferenciar as bailarinas que nos encantam das que nos emocionam. Eu me emociono com a Munira. Já cheguei a lacrimejar vendo ela interpretar um taksim de tão lindo que era, sério mesmo. Munira dança lindamente as músicas clássicas, com braços magníficos e uma leitura tradicional muito rica, além de possuir uma alegria de viver no folclore. Ah, não podemos nos esquecer de seus cambreés fantásticos (morram de inveja). Sua apresentação na Super Noites no Harém 3 com Aysha Almeé de percussão afro é de ficar babando, nunca me esqueço. Vamos conhecer mais sobre sua história? Com vocês, Munira!
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Desde bem pequena sou apaixonada por música árabe. Em casa, tínhamos um disco chamado “Port Said” que eu ouvia, cantava e dançava suas músicas sem parar, e minha mãe me ensinava alguns movimentos de braços e passos árabes. Aos 8 anos, fui assistir pela primeira vez a um show árabe na Casa de Chá Khan El Khalili e fiquei deslumbrada, sonhando em ser uma bailarina. Na minha adolescência, já dançava em festinhas de família, mas só aos 17 anos pude me aprimorar tecnicamente. Aos 18 anos, entrei como bailarina da Khan El Khalili.
Como foram as primeiras aulas?
Minhas primeiras aulas foram com a bailarina Fátima Fontes. Eram aulas particulares de dança. Na época, não havia essa variedade de passos como atualmente. Aprendi os oitos, alguns camelos, batidas e tremidos. Estudava bastante os vídeos da Fifi Abdo, Amani, Asa Sharif e Samara. Aprendi muito na prática; dançando, fazendo show e observando as bailarinas mais experientes.
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
A minha maior dificuldade era dançar música lenta, porque quando era mais nova era muito agitada. Com o tempo, acho que também com mais maturidade, aprendi a ser mais calma. Para superar essa dificuldade, comecei a escolher músicas que tinham uma parte lenta para me obrigar a estudar. Hoje, amo dançar lento. Consigo me entregar nesse momento. É uma das partes preferidas da música para mim. Agora, sempre escolho músicas que me desafiam, que têm partes que acho difíceis. Isso é ótimo para você crescer como bailarina.
Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
Um dos meus primeiros shows foi em um antigo restaurante chamado “Porta Aberta”, muito tradicional em show árabe. Já estava pronta desde as 22:00 e fiquei esperando para entrar, com um frio na barriga porque era com música ao vivo e eu não estava acostumada. Bom, entrei mais ou menos às 2 e meia da manhã e dancei mais de 1 hora e meia sem parar, porque tinham mais músicos naquele dia e eles ficavam revezando o teclado, o derback, até o cantor, porque tinha convidado de fora naquele dia. Quando acabou e entrei no camarim, eu parecia que tinha saído da piscina: o cabelo molhado, o delineador e rímel no meio do rosto. Eu costumava dançar umas 3 ou 4 músicas seguidas, no máximo. Como eu era inexperiente, não falei nada durante o show, então os músicos achavam que eu estava adorando e continuaram tocando. Depois, eu me acostumei a trabalhar com música ao vivo e me lembro dessa época com muito carinho.
Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Estudar é muito importante para o seu crescimento como bailarina. Não se pode parar de aprender nunca. Claro que não podemos perder de vista os passos que caracterizam a dança do ventre, senão a dança perde a sua essência. Mesmo que você consiga fazer passos mirabolantes, não se esqueça dos oitos, dos camelos, da sinuosidade dos braços, das batidas laterais e dos básicos egípcios. Lembre-se o que a dança do ventre representa ou significa. Assista suas apresentações com um olhar objetivo; veja o que pode melhorar e quais vícios adquiriu. E não importa quanto tempo já dance: você pode melhorar sempre!
Beijinho carinhoso a todas, Munira Magharib.
*
Que lindo não é? Perceberam que a Munira também tinha o mesmo probleminha (rs) da Suellem de hiperatividade? Adorei a história do show árabe também, fiquei imaginando a cena! Coitada. Vamos ver o Antes e Depois da Munira.
Antes (2005/2006)
Depois(2011)
Me permito colocar mais esse vídeo, porque é muito lindo!
Quem quiser conhecer mais, acesse o site da Munira: www.munira.com.br

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Primeiros Passos de Jade el Jabel


Gente, é emoção PURA! Nossa entrevista de hoje é com uma Mulher (com "M" maiúsculo) de difícil apresentação! Ela já fez tanta coisa nesta vida e é uma figura tão admirável, que é difícil apresentá-la em poucas linhas. Jade nasceu artista! Antes do seu encontro com a Dança do Ventre, estudou música, literatura e outras formas de dança. Em 1991 surge então a Dança do Ventre no seu caminho, na casa de chá egípcia Khan el Khalili. Hoje é uma das grandes bailarinas desta mesma casa onde iniciou seus estudos. Sua primeira professora foi Layla. Em paralelo a Dança Oriental, Jade estudou Ballet Clássico e Moderno, além de ter aulas de língua árabe (o que prossegue até hoje). Jade desenha, esculpe, escreve, produz eventos.. tanta coisa que fica difícil enumerar. Em 2007, em parceria com Tony Mouzayek lançou seu primeiro DVD didáticoJade El Jabel – Interpretando Om Kalsoum”. Jade participou até de documentário sobre a Dança do Ventre na França. Leiam, leiam e leiam de novo a entrevista abaixo!! Existem mensagens muito boas nela, coisas que só podemos ver em alguém com maturidade, experiência, ética e amor ao que faz. Aproveitem, pois com vocês: Jade el Jabel!!
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Como é comum a muitos artistas, foi meio sem-querer. Eu demorei muito pra querer ser bailarina e, somente depois de 15 anos de profissão foi que decidi – por falta de tempo pra fazer as outras coisas, apenas! – “viver” de Dança do Ventre. Uma amiga de uma amiga, num jantar, comentou “Jade, fui num lugar q achei a sua cara! Tem Dança do Ventre!!!" – com muitos pontos de exclamação, já q era 1991 e isso era uma coisa da qual pouca gente havia ouvido falar – e eles têm aula” e me deu um cartão da Khan El Khalili. Fui fazer aula pra experimentar, me apaixonei pela professora, pela música e pela língua! Daí, como tinha meia dúzia de bailarinas no Brasil, funcionava assim: Se você tivesse figurinos, cabelo comprido, um corpo “em ordem” e soubesse fazer meia dúzia de passos mais, claro, um pouco de cara de pau, começava a trabalhar... Eu, inclusive, não queria, não... Tinha preconceito, porque eu me julgava “muito intelectual para trabalhar com o corpo”, mas minha Grande Mestra Layla me disse: “Você quem sabe... você pode fazer agora ou virar a ‘rainha do baile da terceira idade’ mas a dança tá em você e você não vai ter por onde fugir!”. O resto da história é esta que vocês têm acompanhado.
Como foram as primeiras aulas?
Sinceramente? Me lembro de ter achado tudo muito gostoso e fácil de fazer – doce ilusão de Iniciante!. Me lembro de tudo! Do perfume da Layla, do modo como ela se despia com naturalidade na nossa frente, como era possível ser linda aos 38, 39 anos (a idade dela na época), de como era lindo e bom ser mulher, ruiva, tatuada e sem filhos depois dos 30 (“coisa” na qual me transformei também), lembro-me da primeira música que ouvi (“We eh, Yani” do Amr Diab), do cheiro da Khan el Khalili... Mas, sequer passava pela minha cabeça “ser bailarina”, eu queria aprender a dançar e dançar muito bem! Foi instinto, intuição...
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
A primeira profissão que me interessou na vida foi de “Chacrete” (RS...) eu nunca tive vergonha de aparecer, estive minha vida inteira envolvida com arte e artistas, minha família é cheia de violeiros (somos do Interior do Paraná) e o mundo dos adultos nunca foi proibido pra mim, trabalho desde os 12 anos, não tive tempo, nem oportunidade de ter medo de me expressar, estudei música, me apresentei (cantando!) em festivais e continuo cantando nas “festinhas de família”. Venho de uma família de homens (muitos homens...) e ser mulher sempre foi um valor, uso batom e salto alto desde que comecei a andar, meu pai achava lindo, etc. Então “demonstrar feminilidade” e coisas afins nunca foi tabu pra mim... As dificuldades que tive vieram no início da minha carreira. Em aula, nunca, porque eu tive a melhor professora do mundo e ela, simplesmente, não permitia q isso acontecesse, sabe? Era um outro tempo, uma outra dança, era tudo muito mais intuitivo, e coisas mais “complicadas” como, por exemplo, as vindas do ballet, não somente não eram comuns, como meio que “pegava mal” usar... Era “isso não é dança do ventre!”, diferente de hoje que, gostando ou não, tem q saber. Difícil foi lidar com a vaidade, fofoca, ciúmes, falsidades, etc, etc, etc... porque estas coisas não faziam parte do meu mundo e não falo das coisas só nos outros, não! Falo das coisas em mim! Me decepcionei demais comigo mesma e com as pessoas, ter gente que “mal conheço” achando isso ou aquilo a meu respeito, isso foi muito dolorido. Hoje em dia, 20 anos depois, claro que não! Já tenho antídotos, defesas e, principalmente, muito senso de humor pra lidar com isso. Dificuldades técnicas? TODAS! E ainda tenho, cada hora é uma coisa que tem que melhorar ou resgatar ou segurar...
Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
A Dança do Ventre nunca foi pra mim uma coisa “terapêutica” ou “curativa”, sabe? Muito pelo contrário! Foi essa dança e suas peculiaridades que me mandaram pra terapia e não o contrário! Porque lidar com gente, com fama, etc, dá o maior trabalho! Eu sou uma máquina de trabalhar, sempre fui. Com tudo que trabalhei (e como trabalhei!!!) antes e durante minha carreira de Bailarina. Eu administro Dança do Ventre como administraria Odontologia, caso eu fosse dentista. É preciso aprender com quem tem mais experiência do que eu e, ao mesmo tempo, estar de olho em tendências, na direção que a Dança tem no mundo, então eu faço o que tem que ser feito: Estudo todos os dias, amo o que faço (e não “faço o que amo” que é bem diferente!) e faço questão absoluta de ser competente, muito competente, inclusive, como um modo de “compensar” o fato de não ser, nem nunca ter sido uma moça boazinha que faz o que as pessoas esperam de mim. A meta a ser quebrada é a minha, a maior concorrência, eu, os erros e acertos da minha carreira, meus. Então é isso: Competência, seriedade, profissionalismo e, sim, podemos dizer que é uma história “peculiar”, já que boa parte das bailarinas que conhecemos diz que faz e deixa de fazer isso ou aquilo , assim ou assado ou deixam de fazê-los porque o mercado ou sabe-se Deus quem “exige”. Mentira. De acordo com as prostitutas, ou boa parte delas “Qualquer mulher na sua situação também se prostituiria”. Mentira. A pessoa, simplesmente está ou não à venda, todo e qualquer tipo de “venda”. Eu? Não, obrigada!


Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Estude, estude, estude, estude... Não escolha nada de acordo com o que está na moda porque a moda passa. Acredite no que você gosta, não se abandone, não desista, não saia da frente do espelho, não perca seu tempo vendo bizarrices no YouTube, não tente entrar no mercado “pela portinha dos fundos”... não existe “esquema” nenhum e os que existem não prestam, o preço é muito alto e não precisa. Comporte-se, tenha classe, elegância, sempre, deixe seus pais orgulhosos de você, alongue-se, cuide da pele, do cabelo, do corpo, alimente-se e durma bem, o melhor possível. Sinta por você o que você espera que o público sinta! Acredite: DÁ, SIM!!!
Muito obrigada! Com amor e Com Deus! Jade El Jabel.
*
Visitem o site da Jade que é um arraso de lindo e saibam mais sobre esta artista do nosso país: www.jadedancadoventre.com.br

O antes e depois de Jade el Jabel
(Não sabemos a data)
2011
Para conhecer mais, o documentário que Jade el Jabel participou. Aproveitem.

Related Posts with Thumbnails