domingo, 30 de outubro de 2011

Dança do Ventre em Filmes: Kaf Al Amar


Lançado em Abril de 2011 no Festival de Cinema de Alexandria, Kaf Al Amar não é um filme sobre dança do ventre, é um filme sobre relações familiares estremecidas.

Do diretor egípcio Yusuf Khalid, o filme conta com a atriz Wafa Amer como a viúva Kamar, que após a morte de seu marido, seus cinco filhos se mudam para o Cairo, a fim de ganhar a vida. Com o tempo, sua saúde se deteriora e ela pede para rever seus filhos, mas morre antes de seu filho mais velho conseguir reunir seus irmãos.

O filho mais velho é interpretado por Khalid Salah, cujo personagem é um empreiteiro de construção antes de se tornar um traficante de armas. Sabri Fawaz interpreta o filho mais novo, Jawdat, um traficante de drogas em Alexandria. Hassan Raddad é o terceiro filho, vendedor de caldo de cana em uma loja em Ataba. O quarto filho, interpretado por Haitham, Ahmed Zaki, é um poeta e um artista que vive um romance com uma dançarina do ventre, interpretado por Huria Farghali. O ator Yassir Al-Masri representa o quinto filho, um verdureiro. Eu não sei exatamente qual é a temática do filme, mas me parece que fala sobre valores familiares, em como reunir novamente os irmãos com destinos tão diferentes.

A parte mais interessante do filme, para nós, fica por conta do filho artista Ahmed Zaki, que dança tanoura - dança de transe dos sufis - e de sua namorada, que é dançarina do ventre. O trailler mostra muitas cenas entre eles, e algumas imagens promocionais também aparecem com eles. Acho interessante para ver como a dança do ventre se insere na sociedade egípcia.

O trailler aqui embaixo:

Primeiros Passos de Nadja el Balady

Nadja el Balady é carioca e atua profissionalmente na dança árabe desde 1997. Além disso, possui graduação em Dança e sua formação passa por diversas modalidades da dança como o Ballet, Jazz, Dança Afro, Contemporânea, Dança Cigana, entre outras. Em 2004 conquistou o padrão de qualidade da Khan el Khalili. Desde 2005 vem se dedicando também ao Tribal, com um toque pessoal fudindo o orientalismo à corporeidade afro-brasileira. No Rio de Janeiro dirige a Tribo Mozuna (a primeira trupe de ATS do Brasil), a Cia. de dança Caballeras e é uma das organizadoras do Festival Tribes, festival pioneiro no Brasil dedicado ao tribal, que em 2012 entra na sua quinta edição. Sua última conquista foi o primeiro lugar na categoria solo tribal no Festival Nacional Shimmie. Ela conta um pouco da sua trajetória no início para nós.

Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Fiz diversos tipos de dança. Ballet, Jazz, danças brasileiras, afro, cigana, flamenco. Mas foi a dança do ventre que me ensinou a voar.

O que você lembra de especial dos primeiros anos como aluna?
Justo a sensação de estar voando.

Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
Fluidez na parte superior do tronco, definição dos movimentos de quadril e alongamento de cotovelos e joelhos. Treino, treino e muito treino!




Uma história peculiar sua com a dança do ventre.

No início da minha carreira como professora, utilizei muito a casa da minha mãe para ensaios e aulas de vídeo. Em uma destas, a danada da minha mãe veio como um VHS da minha primeira apresentação... eu pedi: “Não, por favor, pelo amor de Deus!” e minhas alunas: “A gente quer ver!” Nossa... elas rolavam de rir! Comentários posteriores : “Puxa Nadja, se você dançava assim, até que eu tenho chance...”
Mico que só mãe faz a gente pagar...

Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Não desista! Você nunca vai agradar a todo mundo e não tem a menor obrigação disso. Esteja feliz com você mesma e dê o seu melhor. Não deixe que te demovam dos teus sonhos, esteja com a consciência tranqüila, você não precisa da aprovação de ninguém. Procure pessoas que tenham afinidade artística com você, pois é muito difícil estar sozinha. Nossas amigas de dança freqüentemente são nossas melhores amigas na vida. Seja grata, aproveite as oportunidades e saiba aplaudir o sucesso das colegas com sinceridade. O que é seu é seu. Não puxe o tapete de ninguém para ter o que não é.
***
Um antes e depois de Nadja

Abertura do DVD didático de Nadja - 2006


2011


E não podia faltar um Tribal Brasil

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Hórus" - Festival Nacional de Danças Árabes (RJ)


Para quem é do Rio de Janeiro, neste sábado acontece a quinta edição do "Hórus" - Festival Nacional de Danças Árabes sob direção de Shaira Sayaad, com a presença ilustre de Tufic Nabak, bailarino libanês, e ainda Nadja el Balady, Suheil, Marcia Gaia, Samara Nyla, Natália Trigo, Jhade Sharif, entre outros. E no domingo, dia 30, tem workshop com Suheil, Marcia Gaia e Amira Nut el Khali. Vamos? A entrada custa somente R$20,00.

Maiores informações:
Email: festivalss@ig.com.br
Telefone: (21) 9393-8462 (Shaira Sayaad)

OBS: As vagas estão lotadas para mostras e concursos.

domingo, 23 de outubro de 2011

Show me the money! - Vamos tratar de negócios


Lendo uns artigos sobre Dança do Ventre pela internet, encontrei um bastante interessante para quem também faz da dança um meio de ganhar a vida. Sim, é lindo dançar só pela arte, peace and love, etc, mas todos têm contas a pagar certo? E se podemos unir o útil ao agradável, por que não?

No entanto, por que será que quando temos que
falar em ganhar dinheiro com algo que gostamos tanto bate aquele nervoso, aquela insegurança? Por que é tão difícil cobrar um preço justo quando se trata de algo que nos proporciona tanto prazer? Vejamos. Seria pela ideia de que o dinheiro está ligado à ambição, ao luxo ou à cobiça? Ou porque cobrar mais poderia desvirtuar seu amor pela dança? São ideias tão entranhadas em nossa cultura que muitas vezes nem sabemos por que nos sentimos mal em misturar dinheiro com uma atividade que no começo era apenas fonte de prazer.

Muitas dançarinas nunca pensaram em fazer da dança uma forma de ganhar
dinheiro até que a situação simplesmente surgisse em suas vidas. É um convite para uma festa, depois para dançar no restaurante de um amigo... Tudo na amizade, sem cobrar nada. Mas quando você se dá conta, percebe que aquela atividade está te tomando mais tempo e energia do que deveria (e dando mais certo do que você havia imaginado). E aí surge a questão: não seria esse o momento certo para fazer de sua dança um bom negócio? É claro que você não precisa escolher a dança como forma de ganhar dinheiro, mas apenas em mente que não há nada de romântico em bancar o "artista miserável" ou em dançar apenas pelo "sacerdócio" quando lhe falta dinheiro. Fazer isso é desrespeitar a sua vida, o seu espírito e também a sua arte.
Do outro lado da história, das dançarinas que optam por fazer da arte um meio de vida, muitas ainda não sabem como valorizar sua dança e, quando digo isso, não me refiro apenas a cobrar o preço justo por seu trabalho. Isso é importante sim, mas ao abraçar um processo de negociação que envolve dinheiro, devemos estar atentas para que nos portemos como verdadeiras profissionais nesse meio e, assim, tenhamos nosso valor devidamente reconhecido. A mudança de perspectiva não está apenas na quantia cobrada, mas sobretudo na segurança que devemos passar a um possível cliente.

Antes de pensar em valores, uma dançarina deve ser muito objetiva quanto ao que tem para oferecer. Dependendo da sua idade, experiência e gostos, o mercado pode variar desde shows em estabelecimentos específicos até às aulas de Dança do Ventre. Além disso, há a confecção de roupas, o patrocínio de eventos, as vendas, etc. Decida de qual lado quer ficar e, em seguida, estabeleça um "padrão", um valor mínino a ser cobrado por seus serviços.


Segura de si

Auto-confiança é outro fator importante. Para demonstrar isso, veremos dois diálogos que exemplificam uma negociação de uma dançarina com um possível cliente. Não se atenham aos valores ou aos nomes. São todos fictícios :)

Exemplo 1

O telefone toca...

Sr. Ali: - Olá, meu nome é Ali e eu quero contratar uma dançarina de Dança do Ventre. Quanto você cobra por evento?

Você: - Eh..., bom, humm, depende muito. Eu geralmente cobro R$ 100, mas... bom, depende.

Sr. Ali: Você é uma boa dançarina? Qual é a cor do seu cabelo? Quantos anos você tem? Os clientes do restaurante costumam dar boas gorjetas.

Você: Bem, eu sou boa sim. Eu estudei com uma grande professora, a Madame Turkish, por dez anos. Sobre as gorjetas, eu... ahn, parecem boas... mas eu realmente preciso de R$ 100.

Sr. Ali: Desculpe, mas vou procurar por um dançarina iniciante. Elas cobram uns R$ 30 e ainda dançam por duas, três horas...

Exemplo 2

Sr. Ali: - Olá, meu nome é Ali e eu quero contratar uma dançarina de Dança do Ventre. Quanto você cobra por evento?

Você: - Olá, Sr. Ali, quem fala é a assistente da dançarina Shadiyah. Ela está um pouco ocupada. Será que posso ajudá-lo? Bom, os preços são os seguintes: o Show Bronze custa R$ 100, com um show curto com trajes típicos; o Show Gold sai por R$ 250, incluindo um percussionista e trajes típicos autênticos; e temos também o Show Platinum, que custa R$ 1500, com música ao vivo, decoração e trajes no estilo Las Vegas, danças com espadas, cobras e castiçais. Qual dos shows é o melhor para o seu evento?

Sr. Ali: - Ah, ela vai ganhar mais do que isso em gorjetas! Não se preocupe muito com dinheiro.

Você: - Desculpe, mas a Shadiya não trabalha por gorjetas. Na verdade, se ela receber algum dinheiro da plateia, vai preferir repassá-lo ao senhor, por isso, suas despesas podem acabar sendo menores.

Sr. Ali: Bom... tudo bem. Eu acho que vou ficar com o Show Gold. Mas ela é boa dançarina mesmo?

Você: Sr. Ali, ela é excelente. Shadiyah tem muita experiência, já participou de grandes eventos e tudo isso será listado nas informações que enviaremos ao senhor junto com o contrato. Mas antes, eu preciso checar o calendário dela para ter certeza de que ela estará disponível na data de seu evento, então retorno a ligação. Qual é o seu telefone e seu endereço, por favor?

Nem é preciso dizer que o segundo exemplo, embora um pouco exagerado, é provavelmente o caminho mais seguro para uma negociação de sucesso. Tudo isso porque:

1) É muito mais fácil falar de si mesma se você assumir a voz de uma assistente.Isso é comum no meio artístico. Além disso, esse artifício faz perguntas como idade bem mais impessoais e mais fáceis de se responder.

2) Dar três opções de show/preço dá a você três chances de conseguir o trabalho. E isso te dá uma ideia de quanto o cliente pode pagar por seu show.

3) Evitar gorjetas é bom para sua imagem. Aqui no Brasil, não é tão comum, mas em outros países é uma prática quase certa nos shows de Dança do Ventre em restaurantes, por exemplo, e que pega mal pacas.

4) Assinar contrato para qualquer show, de qualquer tamanho, não é frescura. Se for um amigo e você não se sentir bem em ser tão "oficial" envie uma carta mais informal confirmando o horário, os termos, o preço, etc. Pequenos detalhes podem causar grandes mal-entendidos, especialmente entre amigos. Não comprometa seus relacionamentos por tão pouco.

Em resumo, o mais importante é manter sempre uma postura profissional e confiante. Afinal, quem, além de você mesma, é capaz de assegurar tão bem a qualidade de seu trabalho? Por isso, dê à sua arte a importância que ela merece e sua carreira de dançarina terá tudo para ser brilhante (e os negócios também!).

Publicado originalmente em Amaya - Wise Woman Dancer

domingo, 16 de outubro de 2011

Dança do Ventre e o Grande Público

Esta semana ouvi duas críticas à dança do ventre, feitas por pessoas de fora do meio. A primeira criticava a estética das bailarinas. Segundo a pessoa em questão, na dança do ventre só havia barangas (palavras da pessoa) e por isso a dança não era interessante. A segunda crítica estava relacionada à relativa facilidade de dançar: "é só mexer os quadris e os braços", foi dito com um tom de "é pura encheção de linguiça, não sei porque fazer aulas disso". Ok, vamos tentar não julgar, nem levar pro lado pessoal, mas pensar a partir disso, pois eu não vim para criticá-los, mas para nos criticar.
Penso que em qualquer local que uma dançarina vá se apresentar existe, ao menos, um alguém na platéia que é leigo em dança do ventre. Sempre existe UM. Está lá porque foi acompanhar uma amiga, é da família da bailarina, foi de curiosidade ou interesse em conhecer mais, ou caiu de pára-quedas: nem sabia que ia ter dança do ventre no restaurante/festa/show/etc. As respostas do contato leigo com a dança do ventre podem ser várias. Isso vai de encontro também com diversos aspectos que estarão envolvidos nesse contato: a dançarina dançou ou não como a pessoa esperava, adoraram ou não a música, a festa, ou melhor, o clima, estava bom ou não... Idéias anteriores, fantasias e preconceitos influenciarão também nas conclusões do “leigo”.

Enfim... As respostas negativas são o meu foco hoje. Não só porque são negativas, mas porque elas me entristecem. Afinal, enquanto estou levantando a bandeira da dança do ventre, afirmando o quanto é uma dança admirável, especial, única, sempre me deparo com essas situações que me fazem lembrar de mim mesma - de quando eu era uma leiga também. O que vim dizer é que eu ainda concordo comigo mesma (em alguns pontos). Confuso? Vou explicar...

A dança do ventre é linda: quando respeita os ritmos; quando está de acordo com os momentos de uma música árabe; quando a bailarina possui um mínimo de técnica; quando tem emoção no rosto de quem dança; ou seja, quando é bem executada. Não dá para ficar incólume à música e à dança árabe. São duas artes lindas e impossíveis de ignorar... Ah sim: quando há um mínimo de qualidade no que é apresentado.

Nunca gostei de dança do ventre. Meu contato com ela vem da época do “O Clone”. Não convém descrever todos os porquês, mas a resposta principal era porque o que a televisão privilegiava era muito “pobre”. Sei que muita gente foi “fisgada” pela dança naquele momento. Mas, para mim, o que foi mostrado não foi suficiente. Eu até assistia TUDO o que passava, pois como disse: não dá pra ficar incólume. Mas eu assistia criticando... Raramente via algo muito bom que me impressionava de verdade. No fundo, eu acredito que assistia tudo com a esperança de ver algo adequado às belíssimas músicas que ouvia com aqueles movimentos inusitados/exóticos. Dez anos depois, alguém da área me apresentou a dança e a música, li este blog dos pés à cabeça, me interessei por dançar e me apaixonei. Isso é UM ponto.

A dança do ventre é criticada muitas vezes por causa da pouca qualidade como ela é apresentada. As pessoas não têm consciência disso talvez, mas desgostam e criticam, com razão, em virtude da falta de seriedade que certos "profissionais" possuem com a dança do ventre. A dança do ventre não ganha o grande público como uma dança/arte, não por ela mesma (já que possui sua beleza), não (só) porque o público é "burro", insensível e preconceituoso, mas, principalmente, porque não é bem apresentada, porque está incoerente com a música, porque não tem sentimento.

Os leigos sempre estarão lá e acho que como representantes de uma cultura e de uma arte nós devemos procurar pelo melhor. O que nem sempre ocorre e acaba por corroborar certas críticas que não ocorrem em outras modalidades de dança. Isso passa por muito, muito estudo e organização, preparação, dedicação. Estou dizendo isso porque sinto na dança do ventre um certo desleixo. Não pense você (aluna, professora, organizador de evento, etc, etc) que porque eles não compreendem tudo a fundo irão “engolir” um trabalho “meia boca”. Sua mãe, seu namorado, seus amigos, enfim, podem te elogiar na sua frente, mas podem também esconder diversas opiniões não tão boas acerca da sua dança e da dança do ventre que não contribuem para engrandecimento de nenhuma das duas coisas.

Preocupação com organização, estética, habilidade e muito treino para uma boa apresentação, nem sempre existe em todas as apresentações, principalmente dependendo do objetivo desta. Mas você já parou para pensar no quanto isso é quase uma regra na dança do ventre? Boa parte das apresentações não tem, nem procura, uma boa qualidade para ser apresentada ao grande público. E acredite: os leigos são os críticos mais ferrenhos.

Quando assisto alguns shows fico sempre pensando no público leigo que com certeza está presente: se ele entendeu e apreciou aquelas apresentações ou se uma boa impressão foi realmente trasmitida. A dança do ventre, ao meu ver, ainda tem muito para caminhar e finalmente "cair no gosto" do público. Não sei como é lá fora (apenas ouço notícias), mas sei o que se passa aqui no quintal mais próximo. O que me deixa feliz, é que a dança está caminhando e evoluindo, apesar dos pesares. Um dia, quem sabe, tudo o que falei aqui poderá ser passado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Shakira no Rock in Rio


Eu sei, eu sei, pode ser notícia velha para muita gente! Mas Shakira merece esse post por sua performance de dança do ventre no Rock in Rio! Ok, ela não é o suprassumo da técnica da dança do ventre, mas CARACA, eu quase chorei de emoção quando vi o público vir abaixo ao ouvir o derbake tocar! Eu fiquei tão feliz por ver gente que não tem nada a ver com a dança do ventre se empolgando pra valer com um ritmo efetiva e genuinamente árabe:


E claro! Cantar e dançar não é para qualquer um! Dá-lhe Shakira!

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