O acordeão, ou de forma gringa, acordeón, também conhecido como sanfona, é um instrumento de ar importado para a dança do ventre. Ele não é um instrumento de sopro, pois o acordionista não usa o seu próprio ar para tocar, mas o instrumento infla e produz sons com o dedilhado nas teclas pelo músico e pela forma como este controla a entrada e a saída do ar ambiente no instrumento.
Oficialmente o acordeão é um instrumento alemão, mas dizem as lendas que existiram proto-acordeões na China e na Rússia, até chegar ao formato e estilo que conhecemos e o identificamos hoje como tal. O som o acordeão também é muito usado para caracterizar sons culturais de diversos países, sua versão romântica, a la "La Vie en Rose", sempre é aludida à França, a famosa "Parriii"; o seu som forte e intenso marca profundamente os sons culturais argentinos, os tangos, automaticamente lembro de "Adiós Noniño" e paixão transbordando em um acordeão. E para o mundo árabe? Eu vejo automaticamente melodiosidade.
O acordeão foi agregado à sonoridade árabe em meados do séc. XX, por compositores inspirados no Ocidente, alguns dizem que mais os libaneses, mas ouço tantos tarabs e músicas clássicas egípcias com acordeão, que acho que foi uma coisa mais abrangente, quem nem o som techno das músicas moderninhas da Nancy. O som do acordeão, numa música árabe, associa-se aos movimentos ondulatórios de baixo ventre. O som do instrumento, mais fechado e sentimental, não combina com braços (este que se apega ao som da flauta pela leveza e fluidez), ainda que estes adornem sempre a dança, ele encarna uma ondulação rica e inspirada no tronco e nos quadris. A ondulação, reparem, não deve ser vazia: o acordeão respira, a ondulação respira também, pausa, sente, vibra. (O vídeo da Didem abaixo ilustra bem)
O acordeão é encontrado principalmente no baladi e em taqsim nas músicas clássicas, por conseguir carregar uma grande tensão dramática, nesse caso geralmente acompanhado de ritmos de introspecção como o Wahda W Noss, Chifteleli e o Samai.
Aqui abaixo o som do acordeão numa melodia árabe:
E uma dançarina, claro: Nagwa Fouad:
E um exemplo de leitura politicamente incorreta da dançarina turca Didem: