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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Instrumentos Musicais: Acordeão

O acordeão, ou de forma gringa, acordeón, também conhecido como sanfona, é um instrumento de ar importado para a dança do ventre. Ele não é um instrumento de sopro, pois o acordionista não usa o seu próprio ar para tocar, mas o instrumento infla e produz sons com o dedilhado nas teclas pelo músico e pela forma como este controla a entrada e a saída do ar ambiente no instrumento.

Oficialmente o acordeão é um instrumento alemão, mas dizem as lendas que existiram proto-acordeões na China e na Rússia, até chegar ao formato e estilo que conhecemos e o identificamos hoje como tal. O som o acordeão também é muito usado para caracterizar sons culturais de diversos países, sua versão romântica, a la "La Vie en Rose", sempre é aludida à França, a famosa "Parriii"; o seu som forte e intenso marca profundamente os sons culturais argentinos, os tangos, automaticamente lembro de "Adiós Noniño" e paixão transbordando em um acordeão. E para o mundo árabe? Eu vejo automaticamente melodiosidade.

O acordeão foi agregado à sonoridade árabe em meados do séc. XX, por compositores inspirados no Ocidente, alguns dizem que mais os libaneses, mas ouço tantos tarabs e músicas clássicas egípcias com acordeão, que acho que foi uma coisa mais abrangente, quem nem o som techno das músicas moderninhas da Nancy. O som do acordeão, numa música árabe, associa-se aos movimentos ondulatórios de baixo ventre. O som do instrumento, mais fechado e sentimental, não combina com braços (este que se apega ao som da flauta pela leveza e fluidez), ainda que estes adornem sempre a dança, ele encarna uma ondulação rica e inspirada no tronco e nos quadris. A ondulação, reparem, não deve ser vazia: o acordeão respira, a ondulação respira também, pausa, sente, vibra. (O vídeo da Didem abaixo ilustra bem)

O acordeão é encontrado principalmente no baladi e em taqsim nas músicas clássicas, por conseguir carregar uma grande tensão dramática, nesse caso geralmente acompanhado de ritmos de introspecção como o Wahda W Noss, Chifteleli e o Samai.

Aqui abaixo o som do acordeão numa melodia árabe:



E uma dançarina, claro: Nagwa Fouad:


E um exemplo de leitura politicamente incorreta da dançarina turca Didem:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Música Clássica na Dança do Ventre

De todas as músicas árabes disponíveis para nossa criatividade na dança, a música clássica é aquela que "não basta ser um rostinho bonito" para dançar. Se preparar para dançar uma música clássica é sobretudo estudar!! Sabe toda a nossa preocupação em passar ritmos, instrumentos musicais, dicas de professoras? Você pode usar estas dicas para uma outra finalidade, mas todas elas são necessárias para se dançar corretamente uma música clássica. As clássicas necessitam de ouvido atento (e afiado), conhecimento da sua estrutura, dos seus pormenores: hora de deslocar, de parar, de usar o véu e de soltá-lo, hora para tremer, para ondular, para pular, etc. A criatividade fica para os inúmeros passos que podemos explorar em cada momento, mas não para reinventar uma nova forma de interpretar os momentos da música.

Mas meninas, não pensem que isso é ditadura cruel das dançarinas do ventre, de um grupinho que está no topo. Não podemos sambar no frevo, não é? Ou dançar valsa no tango! Esta é a estrutura formada para que as dançarinas leiam todos os instrumentos da música, a função da dançarina é justamente expor essa harmonia entre melodia e percussão em 3D (como diria Hossam Ramzy). Para isso, vamos explicar por tópicos basicamente o que temos que nos atentar:
  1. Introdução da música: NÃO DANCE!! Sequer apareça em frente ao público (já vi bailarinas paradas como estátuas com a mão na cintura ainda, que horror!). Esta é a apresentação da banda, por mais que ela não esteja ali fisicamente, esse momento não foi feito para a dança, mesmo que você ache lindo de morrer.
  2. Chamada da Bailarina: Ela pode ser longa ou só um floreio rápido. Fique atenta, uma variação da melodia de introdução é a chamada da dançarina. Geralmente ela vem após a percussão iniciar o ritmo da entrada.
  3. Entrada: Nesse momento, o ritmo inicia puro, sem melodia, quando a melodia entra junto com ritmo, é a hora de entrar com deslocamentos ou andando (se o ritmo for o Vox, por exemplo). Mas caso você não conheça a música e não queira sair esbaforida, conte até 4 e entre no 5. É meu segredo: eu conto!hehe. A música árabe tem 2, 4 ou 8 tempos, normalmente, ou seja, ela "vira" após essa contagem, o que marca um novo momento da música. Comigo até hoje deu certo!
  4. Baladi: Chamo de baladi, mas pode ser um saidi sem mizmar (cornetinha). Esse é o momento para parar de deslocar, e marcar com um básico egípcio. Só posso fazer básico egípcio? Bem, ele é o sinal que você reconheceu o ritmo, e num concurso ou numa prova isso é fundamental. Essa é a hora de largar o véu, se estiver com ele na entrada.
  5. Variação: Bem, a partir de agora a música vai variar não necessariamente na mesma ordem. Podemos ter um Taqsim (quanoun sempre se treme, alaúde se for dedilhado; instrumentos de sopro se ondula, com exceção do mizmar); um folclore (said com mizmar é Saidi! Pule, faça gracejos; soudi se dança khaleege; ayoub puro - sem melodia, só percussão - é zaar, baixe um santo) ou podemos ter um ritmo de deslocamento (malfuf, vox, ayoub, masmoudi "caminhando" com 3 DUM) acompanhando a melodia alternando entre um momento e outro da música.
  6. Finalização: A melodia da introdução vai se repetir, podendo vir mais acelerada. É hora de girar - perto do final - e montar a sua pose de diva.
Isso aí é um "basicão" que geralmente se aplica à maioria das músicas. Existem músicas como Shirin, por exemplo, que a entrada só termina no minuto 2:40, aproximadamente, mas existem várias variações ainda dentro da entrada! Para essas "pegadinhas" é preciso ouvir as músicas, quase memorizá-las, hehehe, especialmente se for do seu interesse se formar para dar aulas ou fazer concursos. Essas coisas a gente aprende perguntando, lendo, fazendo workshops, por isso é fundamental procurar se informar. Já vi muitas professoras "assassinando" músicas clássicas, coisa de dar dó. A aluna que está ali geralmente como "receptora", não consegue perceber que está aprendendo errado, aí vai lá pular no saidi, e só! Não lê os instrumentos melódicos, que nos indicam como variar nossos movimentos, nada de ficar na percussão, ela só indica se é para andarmos ou ficarmos paradas; entra na apresentação da banda, ignora os folclores "desconhecidos". Estudar é necessário, vamos nos empenhar para trazer técnica e qualidade à dança do ventre.

Abaixo a Shadia el Gamila dançando Tammil como uma música clássica, hamdellah!



OBS: Notem que ela entra antes do ritmo se unir à melodia, mas ela só começa a se deslocar após a chamada da dançarina.

sábado, 31 de outubro de 2009

Instrumentos Musicais: Derbake

Música árabe sem derbake? Até existe, mas o som deste instrumento é a essência de uma música árabe, ao menos para nossos ouvidos ocidentais!

Este instrumento proveniente do Oriente Médio (alguns dizem que do período neolítico!), possui variações de nomes e de estrutura dependendo da região e do país em que se situa. Segundo o derbakista Pedro Françolin, por exemplo, derbake, derbak, durbak ou dirbakki são nomes utilizados na Síria, Jordânia, Líbano e Palestina. Já Tabla é o nome egípcio, sendo um instrumento semelhante ao derbake. Na Turquia seu nome é Darbuka, também diferente do derbake original em sua estrutura, por ter aros e parafusos de afinação em seu interior; e por fim, no Iraque, ele é o Dunbug ou "tabla iraquiana", que diferentemente dos demais que possuem 15 cm de comprimento de pele, ele possui 3 cm, servindo para entoar o soudi, ritmo tradicional iraquiano.

O derbake pode ter o corpo de madeira, barro ou madrepérola. Os primeiros são os tradicionais, forrados com pele de animais, entretanto esse tipo de pele possuía o inconveniente de necessitar aquecer o instrumento para afiná-lo quando o clima estava frio. Hoje existem derbakes com forro de pele artificial de nylon ou então com estrutura de alumínio, ainda assim é possível encontrar com pele de carneiro ou de peixe.

Cada região do derbake é específica para um som: DUM é no centro, TA ainda é na pele, mas no canto, e o KA é no corpo, na borda, seu som precisa ser o mais estridente. O derbake, como todo instrumento de percussão, é quem dá o ritmo da música, essencialmente todo derbakista deve conhecer os ritmos, mas ele também pode florear, isto é, entre uma frase e outra, o derbakista pode inovar com frases mais elaboradas, alterar o tempo da batida e até mesmo inserir batidas sem se atrelar a qualquer ritmo.

Quando a dançarina está num solo de derbake, ela e o derbakista precisam ter uma conexão, algo como "pergunta e resposta". O ritmo que o derbakista "produzir" precisa ser interpretado pela bailarina, e eles podem tanto estar em sintonia como estarem se confrontando. Eu digo isso porque já vi muitas bailarinas sendo realmente "desafiadas" num solo de derbake! Como minha professora dizia: "Se o derbakista não for com a sua cara, você está 'perdida'!" (não exatamente com essa palavra...)." O que ele tocar deverá ser automaticamente lido, então ele pode desafiar a bailarina com as nuances e os ritmos mais escabrosos. Para não passar por um momento "no limite", é bom conhecer os ritmos para saber identificá-los e dançá-los corretamente, assim como ter calma e saber "disfarçar" com aquela tremidinha lenta básica ou uma paradinha charmosa quando o ritmo não estiver evidente, ou for um floreio. Nada de cara de "ai meu Deus", o sorriso dá a impressão que você está linda, leve e solta, mesmo que esteja querendo esganar o derbakista.

Aqui abaixo o derbakista Joussef Bichara em um solo extremamente floreado. Tentem dançar ouvindo o vídeo pela primeira vez, e percebam se o ouvido de vocês está afiado nos ritmos e nos floreios! Boa Sorte!



E claro! La diosa: Saida! Abalando no solo de derbake!

sábado, 1 de agosto de 2009

Instrumentos Musicais: Flauta Árabe

Na música árabe comumente encontramos quatro tipos de flauta: a Mizmar, a Nay, a Kawala e o Mijuez. Destas, a Nay e a Kawala possuem um som melódico semelhante, podendo ter a mesma leitura, diferentemente da Mizmar, e do Mijuez, que têm toda uma característica folclórica e aparecem em momentos bem específicos nas músicas clássicas.

A flauta Nay é bem antiga, data aproximadamente 5.000 anos, tendo já sido encontrada em escavações na cidade de Ur, na Babilônia. Originalmente é feita de cana seca (em persa, Nay significa "cana"), mas há versões modernas de metal, possuindo 7 furos. Existem 7 tipos de Nay: Kerdene, Doga, Boussalik, Jaharka, Nawa, Husseini e Ajam, todas se diferenciando entre si de acordo com sua afinação (nota de base). O som da Nay não é utilizado somente para a música como diversão, mas também com fins religiosos, como no caso do sufismo, devido ao seu som profundo.

A flauta Kawala, de origem egípcia, é praticamente a Nay, com a diferença de possuir 6 furos, ao invés de 7. Existem 9 tipos de Kawala, variando em tom e em tamanho (são os mesmos nomes das variações da Nay, além das versões Salamia e Zumarah).

A flauta Mizmar é o conhecido "mosquitinho", dos leigos, devido ao seu som estridente. Feita de madeira, tem seu formato um mix entre a flauta doce e o oboé, não sendo muito longa. Possui também variações, nesse caso regionais, com a Zurna na Turquia e a Ghaita no Marrocos.

E então, como ler estes instrumentos? Vamos apelar ao Oráculo, leia-se: Hossam Ramzy. As flautas Nay e Kawala possuem um som melódico, linear, a sua leitura deve ser feita com movimentos sinuosos, ondulações, ou seja, deve haver um certo ar de encantamento, a dançarina vai ser aquela serpente encantada pela Nay (Quem não se lembra deste clichê?). Hossam Ramzy aponta também que estas flautas podem vir com notas separadas (como se fossem dedilhadas), e nesse caso a bailarina pode tremer ao som delas, mas ao som linear, não se deve fazer inovações, apenas seguir o ritmo.

No caso da Mizmar, numa música clássica, em 99 % das vezes que a ouvir, será para marcar um saidi, em sua versão folclórica. Isto é: pule! Se a base rítmica for um saidi, o Mizmar estará dando a ele seu tom folclórico. No resto, o som da Mizmar pode ser lento, rápido, longo, curto, o que guiará sua leitura será a ocasião: solo do músico (movimentos sinuosos se não for antes da entrada da música, pois senão é a apresentação da banda, e a bailarina deve esperar), folclore (não necessariamente o saidi, marcado conforme o estilo folclórico), floreio (também movimentos sinuosos), entre outros.

O Mijuez é feito de bambu, é semelhante em sua forma com uma flauta de pan, mas seu som é extremamente parecido com o mizmar. O Mijuez indica um dabke, que é um folclore característico do Oriente Médio, e que já falamos aqui.

Vamos identificar o som dos instrumentos? Primeiro vídeo, temos a Nay, entoada por um solista (lembrem da serpente saindo da caixa!); depois temos a Kawala, vídeo o qual um homem monta a flauta a partir da cana, e no final faz uma demonstração dela; a Mizmar, com várias imagens ilustrativas e seu som característico; e por úlitmo um solo de Mijuez.




sábado, 25 de julho de 2009

Instrumentos Musicais: Qanun e Alaúde

O Qanun (ou Kanun) e o Alaúde (ou Oud) são instrumentos de corda, muito presentes nas músicas árabes. O Alaúde, trazido pelos mouros, gozou de muita popularidade na Europa nas Idades Média e Moderna, possuindo uma origem incerta. Já o Qanun provém do Oriente Próximo, é uma versão das antigas harpas egípcias. No Brasil, são poucos os músicos que sabem tocá-lo, e muitas vezes nos shows ao vivo, seu som é substituído pelo teclado ou pela flauta. Quando ele é substituído pelo teclado, sua leitura será a mesma, mas no caso da flauta não, o que veremos adiante quando estudarmos este instrumento.

Basicamente, ao som do Qanun e do Alaúde deve-se tremer! Mas entre eles, o tremido não é o mesmo: quando ouvimos o som de um qanun, ele é mais rápido do que o alaúde, mais vibrante, assim o tremido é mais contido, geralmente em meia-ponta e "joelho chiclete" (joelho soltinho, "bate e volta", o movimento em sua maior parte virá dele); no alaúde, o tremido é mais relaxado, os quadris ficam mais soltos, pois a vibração do instrumento é mais longa. Dessa forma, tem-se um tremido mais distendido, mantendo ainda o joelho como propulsor do movimento, mas relaxando-o mais para dar efeito aos quadris, acrescendo movimentos sinuosos. Em ambos os casos, não se pode esquecer dos braços!! Eles devem ser harmoniosos, suaves, como se estivessem "encantados". E claro, meninas: não se treme só parada! O tremido pode - e deve, para incrementar a performance - ser desenvolvido em ondulações (camelos, redondos, oitos em diversas formas) e andando, só basta ter criatividade!

Em minhas pesquisas na internet, percebi que o conceito difundido por Hossam Ramzy é hors concours; dificilmente se encontra opiniões elaboradas para os intrumentos melódicos que não tenham vindo dele. Como diz o velho ditado: "em time que está ganhando, não se mexe!", eu também vou aproveitar as postagens sobre instrumentos para usar as observações dele. Algo que achei interessante no que ele escreveu, e que realmente cabe muito bem na leitura que fazemos do qanun e do alaúde, é que quando se ouve estes intrumentos, estamos num momento do solista, não da dançarina. Realmente, os movimentos que as bailarinas fazem ao som deles traduzem esse sentimento, pois elas acabam por exaltar a imagem do solista. Interessante, não?

Como diferenciar um som do outro? Vídeos são bastante elucidativos, até porque se está vendo qual instrumento é tocado. Após diferenciá-los pelo som e visualmente, que tal fazer isso numa música clássica? No primeiro vídeo abaixo, em português, é a matéria do programa CIA ÓPERA NA MALA sobre música árabe, e o apresentador explica como é o alaúde, e depois também explica o Daff, o Derbake e o Snuj! Mas faltou o qanun, não é? No outro vídeo, podemos apreciar uma solista de qanun. Bom estudo!


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Como interpretar uma música clássica?

Quando dançamos uma música clássica, o que guia nossos movimentos? O ritmo ou os instrumentos melódicos? Pois é, são os instrumentos melódicos que definem a forma do movimento executado pela bailarina. Os ritmos apenas servem para nortear a dança, para marcar se o momento da música é para deslocamento ou se é para a bailarina ficar parada, mas não dizem qual leitura da música a bailarina vai desenvolver; quem o faz é a melodia. A música, assim, tem que ser toooooooda interpretada, em todas suas variações melódicas, não só em suas marcações.

Nas músicas clássicas, temos os instrumentos de percussão, de sopro, de corda e alguns importados, como o Acordeon (instrumento austríaco, inspirado em um parente pobre chinês). Destes, os primeiros são responsáveis pela composição rítmica, podendo realizar floreios, enquanto os demais desempenham a função melódica da música, podendo acompanhar a percussão, criando uma frase musical; apresentar uma improvisação melódica (Taqsim); e vir numa estrutura isolada da percussão (cada um sola em uma vez). A maioria das músicas árabes - em especial as egípcias - utilizam a estrutura de "pergunta e resposta" entre um solista e a orquestra, isto é, entre os instrumentos melódicos. Estas combinações podem estar presentes em uma só música, e é a bailarina que interpretará tais momentos, de acordo com o tipo do instrumento melódico que estará tocando.

Antes mesmo de distinguirmos os instrumentos, existem percepções que são comuns para se ter em qualquer música clássica:

1 - Como diz Hossam Ramzy, a bailarina é parte da orquestra! Ela está ali dançando da mesma forma que o músico está ali tocando; a sua interpretação compõe uma das frases da música, devendo seguir a melodia e lhe dar forma.
2 - Ao som dos instrumentos de percussão, o que se marcará será o acento do ritmo (como nos dois DUNS do baladi). Pode-se marcar um instrumento de percussão, por exemplo, no início de um novo momento da música, no tilintar de um snuj, quando a percussão está solando, entre outros.
3 - Os movimentos da bailarina acompanham a variação da melodia, nas subidas e descidas de tom (se a nota sobe, a bailarina sobe, etc), nas pausas, nas oscilações (variações longas, movimentos grandes, etc), deve haver harmonia entre a melodia e a dança. Ao som da orquestra, os movimentos são expansivos, ao som do solistas, eles são contidos, floreando apenas no final da frase, procurando destacar o momento do solista.
4 - Em toda música clássica, temos uma sequência de folclore. É importante identificá-la e marcá-la do seu início ao fim.

Nas próximas postagens, vou descrevendo um a um os intrumentos melódicos mais presentes nas músicas clássicas. Dessa forma buscaremos passar uma noção de como devemos ler a melodia deste instrumento, e finalmente, compor uma apresentação completa de dança do ventre para a música clássica.

Fica abaixo Lulu From Brazil mostrando toda sua interpretação na música clássica Talisman.


OBS: A base para esta pesquisa vem principalmente dos meus estudos com a mestra Ranaa Al Jalilah, mas também está acrescida com informações de outros sites, como da Luana Mello e do Hossam Ramzy.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Instrumentos Musicais: Snuj

Os snujs (também chamados de címbalos, zills, finger e sagat) são discos metálicos de cobre ou de bronze, de idade aproximada de 3.000 anos! Reza a lenda que sacerdotisas o utilizavam para espantar "maus espíritos" (será que as dançarinas pouco treinadas estão na verdade atraindo esses espíritos, hehehe?), sendo hoje um instrumento de percussão, tanto usado por músicos quanto por bailarinas.

No caso do snuj não tem a mesma colher de chá que o daff, a dançarina tem que tocar também! Só que temos diferenças entre o modo de tocar do músico e o modo de tocar da bailarina: o músico fica parado, suas mãos geralmente ficam com as palmas viradas para fora, e o snuj de cada dedo toca as extremidades do címbalo correspondente, movimento semelhante ao "estalar os dedos", produzindo um som estridente e bem mais longo que se tocado de outra forma; ele por si só se destaca na música. No caso da bailarina, essa posição das mãos não é rígida, pois ela está dançando, a única coisa que se deve respeitar é a forma de toque do snuj: leve, estridente, não como se estivessem batendo tampas de panela (o famoso "sapinho"), pois assim o som não se sobressai e mais ainda: incomoda! É preciso também bater nas extremidades!

Existem variedades de snujs, podendo ser grandes ou pequenos, altos ou baixos. Destes, os baixos para as dançarinas são melhores porque se fixam melhor nos dedos. Ah sim, como colocar os snujs! Os snujs são dois pares de címbalos, com um elástico no meio para prendê-los aos dedos (escolha elástico preto, o branco fica encardido fácil!!). Dois ficam nos polegares, e os outros dois ficam no dedo médio. Não aperte demais o elástico, senão seus dedos ficarão roxos, sem circulação! Para saber se o snuj está bem posicionado e firme, o côncavo dele (a parte mais proeminente e arrredondada, de onde sai o elástico) tem que estar na sua digital (o meio da digital, o círculo central), e ao balançar os dedos o snuj não muda dessa posição (para não correr o risco de tocando e dançando, ele virar para o lado oposto!). No caso do polegar, centralizando bem o snuj, ele fica abaixo e rente à cutícula, e no dedo médio ele fica sobre (o meio do elástico sobre a cutícula), mas nos dois casos não deixe a extremidade do elástico roçar a cutícula porque pode machucar!

Existem vários modos de acompanhar uma percussão com snuj com ritmos árabes, ou seja, não é só "tec-tec", o som tem que ser identificado. Um som básico é o de 4 tempos: DUM DUM TAKA TA DUM TAKA TA TAKA. Os músicos tocam o DUM com as duas mãos simultaneamente, mas as bailarinas podem tocar só com uma mão. Para quem é destro, pode começar com a direita: DUM, dividindo os TA e os KA nas mãos opostas ao som anterior, assim como o DUM, que fatalmente cairá na mão que se iniciou a tocar. Eleja uma mão para iniciar o "DUM", e com ela sempre execute este som. Assim você não ser perderá no meio do ritmo. A Ansuya ensina em seu DVD instrucional a se deslocar a cada DUM que você tocar, assim, "DUM - pisa". Toda vez que você tocar esse DUM, você pisará um pé e se deslocará, e até você conseguir tocar e andar sem ficar totalmente dessincronizada!

Creio que o melhor DVD para aprender a tocar snujs é o da Ansuya (Finger Cymbals with Ansuya e o Advanced Finger Cymbals with Ansuya), mas quem não tem e nem pode comprar, o ideal é tentar acompanhar uma música em casa ou na sua aula de dança do ventre (não se intimide com os olhares enigmáticos que te lançarem!). Uma dica para não perturbar a vizinhança no seu início de aprendizado: coloque em volta dos snujs esparadrapo ou fita crepe, para abafar o som, mas depois que você estiver treinada a dançar e tocar, tire essas fitas para começar a limpar o som do seu toque.

Os snujs podem ser dourados ou prateados, sendo uma escolha pessoal da bailarina, que verá aquele que ela se adapta melhor e gosta mais. Com o tempo ele escurecem, para limpar se pode usar produtos para limpeza de pratos de bateria (vende em lojas de instrumentos musiciais), sendo algo muito importante para a durabilidade de sua aparência e da sua "afinação" guardá-los num saquinho de pano. O ar em contato com este metal forma crostas nas bordas, que além de escurecer seu instrumento musical, podem desafiná-lo! Para testar a qualidade do som de um snuj, ao se tocar seu som deve se prolongar mesmo após ser abafado (aquele immmmmmmmmmmm).

E importante: não toque seus snujs num taqsim, num momento lento da música ou quando cantor estiver cantando (para ele não tacar o snuj em você!). O snuj aparece nos momentos mais marcados pela percussão, ou então como um solo, numa pausa da música. Assim ele tem a sua hora, não é para aparecer em toda a apresentação, ele é como se fosse um "enfeite", a sua "frase" é destacada, não podendo coincidir com outros momentos solo, como o do cantor (a vez do cantor é só dele, assim como a orquestra se apresenta no início, quando ele canta, algumas bandas dão até uma pausa, o snuj, então, precisa se calar!). O snuj bem tocado é um instrumento muito apreciado, mas por ser tão marcante, ele pode ser tornar também insuportável, por isso toda dedicação é imprescindível para quem quer se apresentar tocando este instrumento.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Instrumentos Musicais: Pandeiro Árabe

Segundo Vitor Abud Hiar, o pandeiro árabe pode ser considerado o pai do pandeiro moderno ocidental. Alguns estudiosos acreditam que ele seja uma derivação do instrumento bendir - pandeiro beduíno sem címbalos para a composição do ritmo Mesarfe Shabi - assim como é o mazhar. No Líbano o pandeiro árabe é conhecido como daff, e no Egito como Riq (nome mais usado mundialmente). Eu sinceramente me habituei a chamá-lo de daff!

O pandeiro árabe é composto por um corpo de madeira revestida por madrepérolas, revestimento de pele de carneiro ou peixe, e um conjunto de cinco címbalos duplos. Existem alguns pandeiros que utilizam material sintético no revestimento, devido à fragilidade do pandeiro com a umidade do ar, porém seu som não oferece as mesmas variações que um feito de forma original. No Egito todos os riqs são feitos à moda antiga, por isso são considerados os melhores.

Por possuir uma vibração curta, com sons agudos e secos, o daff é chamado de "pandeiro tenor". A sua utilização é um sinônimo de "ostentação", pois é ele que dá corpo e revelação ao ritmo, compondo frases rítmicas não possíveis para um derbake. Vitor Abud Hiar dá dicas de como explorar estas frases no momento mais oportuno:

1 - É necessário conciliar o som agudo dos címbalos com o som seco do revestimento, ou seja, não somente se deve "tirar o som" do daff, mas individualizar e harmonizar os dois sons que se produzem dele.

2 - O daff pode ser utilizado, basicamente, de 3 formas: utilizando todos os címbalos e a membrana de couro; utilizando parte dos címbalos e a membrana de couro; e utilizando apenas a membrana de couro... Parece meio óbvio, mas conforme as coisas complicam a gente percebe o porquê dessa distinção!

3 - O dum, a batida grave do daff, pode ser produzido somente tocando a membrana do instrumento com o indicador ou então no címbalo próximo ao dedo anular juntamente com a membrana.

4 - Para se tocar o címbalo existem 4 formas: tocando-o preso; tocando-o solto; repique trigêmeo; e repique comum. O repique é o balançar mesmo!


5 - Existem dois movimentos básicos para se tocar o daff: o 1º utiliza menor intensidade (os sons tá e ká) e o repique dos címbalos. O 2º também é utilizado para variações de menor intensidade e forma ritmos como o baladi (Dum Dum tá ká Tá Dum tá ká Tá tá ká Dum Dum...)

Assim, o daff é basicamente utilizado dessa forma:

Dum: Dedo indicador no revestimento. No centro, esse dum seria mais seco e com pouca vibração, sendo mais utilizado no ritmo Cifteleli.
Ká: Batida na borda do daff com o dedo médio
Tá: Batida no címbalo com o dedo anular.

Ah sim, dançarinas, não se preocupem em aprender a tocar e a dançar!! O pandeiro árabe é um acessório na dança do ventre, mas não é o mesmo daff de um profissional! Ele, na dança, tem apenas caráter simbólico, sendo mais pesado e com címbalos com menor sonoridade.

Para quem quer aprender a tocar - Eu!!!! - é importante ter cuidados especiais com seu querido instrumento. Nesse caso é importante hidratar com creme o revestimento: cinco gotinhas são suficientes! E também evitar expô-lo ao calor excessivo! No demais, é só ter carinho e dedicação, que ele será de muita serventia!

Aqui embaixo o exemplo de um baladi no daff!

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