segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Primeiros Passos de Samara Nyla

Samara Nyla é formada em Geografia e pós-graduada em Psicopedagogia. No entanto, estuda Dança do Ventre desde 1999, quando tinha apenas 12 anos de idade. É uma bailarina conhecida por sua leitura musical refinada e performances de improviso. Atualmente, mantêm-se em constante estudo com diversos profissionais internacionais e nacionais, mas seus principais professores são Samra Sanches e Nami Hanna. Já participou de diversos programas na televisão como Big Brother Brasil, Fantástico, a novela "O Astro", entre outros. Em 2012 abriu seu próprio espaço de dança, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, o Studio El Said de Dança, onde ministra aulas (entre outros locais). Ela também possui um atelier especializado em figurinos para Dança do Ventre e de moda fitness que leva seu nome como marca em parceria com sua mãe Gilda Marques. Vamos conhecer um pouco do seu início?
Samara Nyla ainda loira em 2003
Porque você começou a dançar a dança do ventre? 


Meu primeiro contato com a dança do ventre foi em 1998 quando fui assistir a CIA de danças Yahliw com Luciana Midlej e Adriana Almeida em uma feira cultural no RJ. Me apaixonei pela dança mas não iniciei meus estudos naquele ano. Eu comecei a dançar aos 12 anos de idade devido a um problema de saúde (ovário policístico) e minha médica me indicou fazer dança do ventre 2 vezes na semana para dissolver os cistos do meu ovário. Achei aquilo muito interessante pois não sabia que a dança era bom para esse tipo de problema. Com 1 ano de aula a minha médica constatou a eficácia da dança e eu já não tinha mais nada. Mas a esta altura eu já estava apaixonada por essa arte tão magnífica que nunca mais parei e indico a todas as mulheres que tem ou venham a ter qualquer tipo de problema parecido com o que eu tive.

Como foram as primeiras aulas? 
A primeira aula foi muito engraçada! rs Eu achei todos os movimentos muito estranhos no corpo, mas ao mesmo tempo achei leve, bonito e comecei a gostar do que vi que meu corpo podia fazer. Com o tempo, e claro com treinos, que a gente percebe como os movimentos ganham mais formas e se tornam mais fáceis, muito bons!
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou? 
Minha maior dificuldade era parar as mãos! rs Eu fazia todos os movimentos e os braços e mãos ligados no 220V! rs Eu acho a coordenação de mãos e molduras de braços a parte mais difícil da dança, estudei muito sobre isso e tive uma mestra maravilhosa, que até hoje está presente em minha vida, que é a Samra Sanches. Com ela aprendi a ter mais calma para dançar e a coordenar melhor os braços e mãos. 
Uma história peculiar sua com a dança do ventre. 
Sempre me achei muito baixinha!!!! rsrsrs e com isso, quando eu comecei a dançar com véu de seda eu sempre me embolava nele. Daí o véu parecia mais uma burca colorida do que um elemento de dança. Meus braços sempre foram muito curtinho devido também a minha altura e eu tive que trabalhar muito a questão do véu na minha dança.

Um recado para quem está começando ou continua estudando. 


Para quem esta começando a dançar agora eu digo siga em frente e mergulhe de cabeça nessa arte milenar tão rica e encantadora que é a dança do ventre. Estude sempre, se aperfeiçoe cada dia mais, treine e busque seus objetivos, não se deixe levar por decepções do mundo da arte, viva intensamente a sua emoção ao dançar!

Primeiramente quero agradecer a Jesus, que me deu esse dom que tanto amo que é dançar e por ele fazer a minha vida muito mais colorida devido a dança. Quero agradecer também a Luciana Midlej e Adriana Almeida por terem sido, sem saber na época, as grandes motivadoras do meu sonho se tornar realidade, porque foi as vendo dançar que eu me apaixonei pela arte. Agradeço a minha médica na época, Drª Sandra Barcelos, que me mandou fazer a dança para melhorar minha saúde. Mas agradeço mesmo imensamente a minha mãe, Gilda Marques, por ser a maior fã e parceira que eu tenho, por ter me dado força desde primeira aula, por ter sido ela a me levar para ver meu primeiro show de dança do ventre e por ela ter batalhado junto comigo a minha melhora de saúde na época, obrigada minha heroína! Agradeço também ao meu marido Rick Araujo por todo o carinho e empenho de trabalhar junto comigo e de ser tão compreensivo com a minha dança e por fim, ao meu avô Lino Marques que era contra a dança no início, mas logo mudou de ideia quando descobriu a cultura e o quanto estudamos para fazer bonito no palco.

*
Vamos ver o Antes e Depois dos vídeos da Samara?
(2008)
(2012)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Primeiros Passos de Kiania Lima

A linda Kiania Lima tem se destacado no meio da Dança do Ventre pelo seu talento, domínio técnico e simpatia. Inclusive, já contribuiu aqui no nosso blog com um "guia" sobre improvisação que nós amamos e recomendamos fortemente a leitura. Ela conheceu a dança do ventre com 10 anos de idade, após assistir duas bailarinas na televisão. Este foi o click do encantamento e o início da busca pelos estudos. Dentre suas professoras podemos destacar Rita Ferraz, Málak Alaoani e Aziza Mor-Said. Hoje, integra o quadro de bailarinas "Noites no Harém" da famosa casa de chá paulista Khan el Khalili. Sua maior fonte de estudo é a bailarina egípcia Dina. Vamos conhecer um pouco do início de todo esse percurso agora?
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Eu não tenho nenhum motivo considerado especial para ter entrado no mundo da dança do ventre. Não tenho descendência árabe e não me lembro de ter tido contato com alguém da cultura até realmente começar a dançar profissionalmente, muitos anos depois. Me apaixonei pela dança quando, aos meus 10 anos, assisti uma apresentação de duas moças, na TV. Era uma apresentação com taças, e há 16 anos atrás, a dança não tinha todo o glamour que vemos nos dias atuais. Eu sempre tive contato com os esportes. Tentei jogar basquete, handball, fiz natação. Não me dei bem com nenhuma dessas modalidades. Paralelamente a isso, tinha meu contato com a dança. Iniciei meu aprendizado no jazz. Tão pequena que nem consigo me lembrar quantos anos eu tinha. Gostava muito do jazz. Fiz uma aula de ballet clássico e odiei. Nunca mais voltei. (Coitada da minha mãe que tinha comprado todos os acessórios, se assim posso dizer). Bom, aos meus 10 anos eu decidi que queria fazer dança do ventre de qualquer jeito, pois tinha ficado fascinada pelas moças da TV. Um dia, na minha escola, organizaram um show de talentos, onde qualquer aluno poderia apresentar qualquer coisa que quisesse. Fiquei espantada quando uma das minhas amiguinhas de sala fez um número de dança do ventre. Era muito difícil encontrar informações, locais de aulas, ainda mais com a minha idade.  Bom, tive a oportunidade de fazer a minha primeira aula com a professora dessa minha amiga de escola. Rita Ferraz. Ela dava aula na sala de estar da sua casa. Entrei em uma turma de duas pessoas. As duas meninas do meu colégio. Nem preciso dizer que eu não parei nunca mais e as duas desistiram, né?! Fiz aulas regulares com a Rita até meus 20 anos.

Como foram as primeiras aulas?
As minhas primeiras aulas foram uma delícia. Sinto muita falta daquele cheirinho da sala de estar da Rita. Não só por ser onde tudo começou. A minha vida, os meus sonhos, mas também porque foram os anos mais acolhedores que vivi, no meio da dança. Naquela época a dança era só amor. Eu nem sonhava um dia estar onde estou (estar, por exemplo, escrevendo para vocês, contando sobre o meu início). Me lembro de a minha primeira aula ter sido uma delícia. Eu estava tão ansiosa. AHHHH..COMO ESTAVA! Lembro que na primeira aula aprendi os oitos verticais (oito para cima e oito para baixo) e me lembro que consegui fazer os dois de primeira, e que me senti super confortável fazendo aquilo. Me lembro que a Rita ficou meio abismada e me encheu de elogios. Eu fiquei me achando horrores e me senti em um sonho. Fazendo o que eu tanto queria. Me sentindo a menina das mil e uma noites. Por alguma razão que eu só tenho a capacidade de entender nos dias de hoje, eu acredito que estava destinada àquilo. Foi uma coisa muito forte que senti. Por incrível que pareça, eu sinto mais dificuldades hoje do que no início do meu aprendizado. Talvez por toda a cobrança que toda bailarina profissional carrega consigo.

Quais eram as suas dificuldades e como você as superou? 
Minha maior dificuldade na dança sempre foi a de me apresentar em público. Sempre fui estudiosa. Sempre tive um certo talento, que era o que algumas pessoas diziam, mas eu saía correndo de qualquer tipo de apresentação. Sempre fui muito tímida. Dancei apenas para mim mesma por 13 anos e, ainda hoje, tenho isso como minha principal barreira a superar. Sempre busquei a perfeição. Nunca achava que estava pronta para nada e, por isso, demorei tanto tempo para dar início a minha carreira de bailarina e, ainda assim, por um empurrão da minha mãe, que me inscreveu na pré-seleção de bailarinas Khan el Khalili.

Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
FATO 1: Sempre me achei muito dura na parte do tronco. Tinha o sonho de ser modelo e ginasta, ao mesmo tempo (hahahaha). Fui daquelas garotinhas que andavam com livro em cima da cabeça e tudo. Cheguei a trabalhar um pouco como modelo de passarela, mas tenho como uma das minhas frustrações na vida, a de nunca ter conseguido fazer a minha aula de ginástica olímpica e também a de nunca ter sabido dar uma estrelinha... Por toda a minha vida na dança ouvi diversas pessoas falando que eu era muito travada, muito durinha. Me cansei disso e decidi encarar como meu estilo na dança. Não ligo. Sou durinha e nunca consegui fazer aquele passo de soltar os bracinhos molinhos, de um lado para o outro, passando o peso. É idiota, mas só faço isso do jeitinho durinho da Kiania.
FATO 2: Eu não ia ser Kiania, no momento em que estava dando minhas primeiras engatinhadas no mundo das bailarinas profissionais. Ia ser Paola. Tinha vergonha de me chamar Kiania, sei lá por que.Graças ao Jorge Sabongi e Aziza Mor Saidi escolhi o melhor nome para me acompanhar na minha jornada. O MEU!

FATO 3: Uma vez, na aula da Aziza, ela pediu que fizéssemos uma seqüência de forma despojada. Eu fiz, achando que estava arrasando (Hahaha), aí quando terminou a minha seqüência a Aziza falou: "Legal, Ki! Agora faz a despojada." Eu fiquei com aquela cara de "Ué?! Morri!!! Hahahahaha. Isso marcou a minha vida eternamente.

Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Eu acho que o mais importante é ter certeza do seu amor por essa arte. Se não tem muito amor, não vai longe. Se você acha as roupas bonitas, se acha que tem algum glamour em vesti-la e é simplesmente isso, tudo vai dar bem errado. Bailarina de dança do ventre é quase uma sem vida. Óbvio que tudo depende do quanto você vai se dedicar e querer se entregar para este mundo. E é aí que mora a palavra AMOR.
Siga seus princípios.
Seja você, mesmo que seu você seja "menos legal" do que o você de outra pessoa.
"Tente" falar pouco.
Dance. Dance. Dance.
*
Vamos ver o antes e o depois dos vídeos da Kiania?
(2010)

(2013)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tradução: Law Saalony

Tradução da música Law Saalony do Mustafa Amar a pedido da Nádia Cristina.


Law Saalony - Se me perguntarem

Se me perguntarem
Eu vou dizer que você é minha querida
Você e eu fomos feitos para amar um ao outro
A paixão vem me atormentando há anos, querida
Esconda seus olhos
Não os deixe encontrar os meus
Eles poderiam me deixar sem palavras
Como quando eu me apaixonei por você
Eu superei, mas eu ainda estou sofrendo de saudade
Você docemente falou comigo até o meu coração se apaixonar por você
como posso esconder meu carinho de seus olhos
o fogo neles fez meu coração se render
Anos se passaram, mas eu ainda estou sofrendo de saudade

Letra:

lw salwny lw salwny ant hbyb 'eywny ant hbyb 'eywny
ayyyyyyyyyyyyyyh awwwwwwwwwwwwwwh lw salwny
lw salwny ant hbyb 'eywny
ant wana mktwb lna ayyyyyyyyyyyyyyh ayyyyyyyyyyyyyyh ghyr hbna
kam snh dwbt ana mn alshwq ly ana fyh
ayyyyyyyyyyyyyyh awwwwwwwwwwwwwwh lw salwny
dary 'enyk 'elya yasaqyny alghram ltshwfk 'enya wytwh alklam
qlbk lma khdny twhny fy hwah balashwaq w'edny ah mn narh ah

kam snh dwbt ana mn alshwq ly ana fyh
ayyyyyyyyyyyyyyh awwwwwwwwwwwwwwh lw salwny
klmh fy klmh qlby at'elm ytwh wazay bs akhby w'eywnk ndwh
rmshk lma slm khdny wjabny lyk
qlby bnzrh slm ah mn nar 'enyh

kam snh dwbt ana mn alshwq ly ana fyh
ayyyyyyyyyyyyyyh awwwwwwwwwwwwwwh lw salwny
ayyyyyyyyyyyyyyh awwwwwwwwwwwwwwh lw salwny

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vem aí o 5º Zahra Sharq com Esmeralda no Rio de Janeiro - RJ

O Zahra Sharq do ano passado foi excelente (confira aqui). Aposto que o deste ano não vai ser diferente. Hanna Aisha dessa vez vai trazer a bailoca Esmeralda! Sem falar das convidadas conterrâneas: Aisha Hadarah, Elaine Rollemberg, Eliza Fari, Natália Trigo, Nilza Leão, Rayza Telo, Samara Nyla, entre outras.  Eu já garanti meu ingresso pro show e o workshop, cujo tema vai ser "os quatros pontos cênicos na dança e seus respectivos movimentos". Não dá pra perder, galera!

Quem quiser mais informações, passa lá no blog da Hanna!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Espetáculo "Elis Pinheiro - Passagem"

O espetáculo Passagem, de Elis Pinheiro, com certeza deixou muitas marcas no coração de todos. A escolha do tema foi muito pertinente, já que estamos sempre vivenciando transições, mudanças, transformações... Afinal, a vida, em resumo, é isso. E na dança, quantas vezes experimentamos isso? De quantas formas? Tanto como bailarinas, estudantes, espectadores, produtoras, etc?
Não é segredo para ninguém que eu sou fã do trabalho da Elis Pinheiro. Vibrei diversas vezes com as conquistas de todos ali envolvidos e me emocionei tantas outras. Um projeto realmente cuidadoso e que por isso eu abri outra exceção em falar de eventos aqui. No entanto, todos os comentários feitos aqui provém não dessa minha relação com a Elis, mas de um show feito com profissionalismo verdadeiro e comprometimento. Para mim, essas são as palavras que sintetizam o que foi o Passagem. Primeiramente, porque Elis e o corpo de baile alcançaram desempenhos incríveis em coreografias majestosas. Tudo coreografado pela internet, à distância. Como a Elis agora reside na Inglaterra, o acompanhamento foi todo virtual e só deu certo porque claramente todas as meninas envolvidas possuíam um senso de grupo muito forte, de união mesmo, força de vontade de fazer o melhor para estar a altura do que foi propositado para aquele dia e porque tinham orgulho de serem parte daquilo. A coreografia que abriu o espetáculo é um exemplo disso. Eu tive a sensação de estar assistindo um "lago dos cisnes", versão Dança do Ventre. As roupas me lembraram a entrada dos cisnes e a apresentação da bailarina principal, sem o príncipe, sem o drama, com outra pegada... até porque na metade do baile rola um said, que arrepiava. Emocionante.


Esse espetáculo me fez várias vezes me sentir no céu, transportada para outro tempo - sensação de fazer a "passagem". E a dança/arte é para isso, né? Nos tirar do mundo comum. Um desses momentos foi com a cia. da Vanessa Castro e seus lindos Fan veils, perfeitas com a iluminação. E mais a frente com um solo da Mariana Quadros, sexy, intenso, foda. Ainda não achei os vídeos dessa apresentação, uma pena. Achei interessante que boa parte das músicas lembravam algo indígena, tribal, o que imediatamente me remetia aos ritos de passagem que tanto estudei em Antropologia. O duo entre Elis e Mariana é um exemplo. Elas pareciam "mensageiras da mudança", como se estivessem participando de alguma cerimônia especial que visava marcar de fato algum momento de transição.



Olívia Zarpellon, Erica Seccato e Patrícia Saad foram um destaque a parte. As coreografias idealizadas por elas revelavam a verdade de cada uma e se integrava totalmente na proposta mágica da noite. A sinceridade corajosa delas me fez saltitar de felicidade. Sem falar do coleguismo evidente entre as meninas que abraçaram com carinho a coreografia de cada uma com linhas estéticas tão diferentes. Foi muito legal. Vi um grupo entrosado, unido, comprometido, envolvido, mergulhado. A coreografia de Dabke da Paty empolgou a galera e foi feminino e forte na medida certa. A coreografia romântica da Erica tinha lindos passos, formações e deslocamentos legais. As duas me lembraram o post sobre coreografias em grupo, claro, como bom exemplo. Mas, pra mim, a coreografia contemporânea da Olívia é a que mais põem em relevo o que estava dizendo sobre o espetáculo em si. A sensação era de renascimento, rito de passagem mesmo, crescimento. E Zahira Nader entrou no jogo, embarcou na viagem dela com a música, foi um bálsamo para os olhos.


Aquela noite foi um suspiro de prazer. No fim Elis ME brindou com uma música que só tinha visto a Orit Maftsir dançar (veja o vídeo aqui) e que babava eternamente. Quando a música começou e eu soube que era o fim do show, eu pensei "Meu deus, isso é pra mim! Só pode. Obrigada!!". Eu achava que só a Orit era capaz de dançar Amarein, mas... era uma noite de mudanças, certo? Um momento inesquecível.
(O youtube não quer me deixar incorporar o vídeo ¬¬)

A Elis é visivelmente uma profissional muito exigente e as meninas responderam a isso. As trocas de roupa eram muito rápidas, porque percebi que várias delas participavam quase em sequência de diversas coreografias, com pequenos intervalos entre uma e outra. Aliás as roupas e a maquiagem eram de muito bom gosto. Um luxo, sem economia nenhuma na beleza, digno de gala. A iluminação foi cuidadosamente ensaiada. Só havia profissionais de qualidade ali. Ao vivo era indescritível. Uma experiência que muitos vão se lembrar dizendo "Foi naquele espetáculo, Passagem".

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Mar Mediterrâneo e a Dança do Ventre

Compartilharam no meu facebook a apresentação da bailarina Ariella (KK-SP) no programa da Ana Maria Braga e fui assistir, claro. Não dá pra incorporar aqui, então vai o link: http://globotv.globo.com/rede-globo/mais-voce/t/editorias/v/pimenta-polemica-ana-maria-conversa-com-vinicius-sobre-decisao-de-fazer-prato-especial/2602331/

O vídeo consiste em um trecho de um quadro do programa, que nada mais é que uma disputa na qual os participantes fazem de tudo para mostrar quem é o melhor anfitrião de um jantar. Isso inclui a recepção, diversão, comida, etc. A dança começa em 1:55, enquanto o anfitrião prepara uma carne de cordeiro. Após, aparece uma pessoa dizendo ser descendente de árabes e que apreciou muito a apresentação, mas que como o tema do jantar era "Mediterrâneo" achou meio "nada a ver".

ALÔÔÔÔÔ??? Tive comichões! Seu moço, deixa eu te explicar uma coisinha: o Mar Mediterrâneo banha nada mais, nada menos que 3 continentes e dentre os países temos Egito, Líbano, Síria, Marrocos, Tunísia, Turquia, Grécia... enfim, não vamos ficar contabilizando né? Vamos olhar o mapa e pensar antes de abrir nossas bocas.

domingo, 28 de abril de 2013

Coreografias em Grupo

Minha ideia hoje é discutir sobre o que torna uma coreografia em grupo realmente boa, já que eu, particularmente, acho as coreografias de grupo em Dança do Ventre, em sua grande maioria, chatas, sempre aquela mesmice: cada uma das bailarinas executa no seu quadrado uns movimentos que se encaixam na música, cumprem seu dever de estarem sincronizadas, com uma técnica X e é só, abraços pra quem fica. É pouco artístico, sabe?. Não me comunica nada.
Não é a dificuldade dos passos que me chama a atenção. O fato de estar em grupo, a meu ver, tem uma magia por causa de um elemento: a quantidade de gente junta .

Só que, pra ficar realmente interessante, diferente de uma apresentação em solo ou dupla, tem que utilizar esse elemento a seu favor, com formação de desenho, variação entre eles, interação entre os participantes do grupo, exploração do espaço e criatividade, claro! A maioria das coreografias não tem intenção nenhuma. Ok, sabemos que isso é algo que a Dança do Ventre toda passa e todo mundo reclama. Mas isso fica pior ainda quando vejo os grupos dançando. No caso de coreografia em grupo de iniciantes, então (já que grande parte desse nível técnico dança somente em grupo), o que dizer?


Não tive exatamente um tempo para reunir coreografias pra mostrar aqui, mas a vontade de escrever veio depois de ver o vídeo acima: uma coreografia de véus, super simples, sem movimentos difíceis tecnicamente, mas com significado pra quem assiste. Poderia ser facilmente a coreografia de final do ano de uma turma de iniciante, por quê não? O que diferencia é a ideia - isso inclui escolha do figurino, da iluminação, da música - e a entrega à essa proposta. Só isso.


Outra coreografia tecnicamente "suave". A dificuldade fica por conta dos alinhamentos, coordenação, posicionamento, sincronismo de tantas pessoas, e, novamente, a ideia. Ficou ótimo. Eu adoro espetáculo temático também. As coreografias do "Mitológico Feminino" são super legais. Recomendo assistir também o vídeo do Grupo Hob Salam (Deusa Éris), o da Nesrine (Oxum) e o da Aziza-Mor (Deusa Durga), fiquei em dúvida sobre qual colocar aqui. Quem tiver tempo, assista todo o show, que está muito bem feito, alta qualidade profissional.


Tenho que confessar também uma tendência por gostar de coreografias nas quais cada bailarina faz uma coisa diferente. Deu pra perceber com os exemplos anteriores? Acho que a leitura fica inusitada. A Chrystal Kasbah tem umas ideias bem bacanas nesse quesito.


Mas não precisa ser sempre daquele jeito pra me conquistar. Todo mundo executar os mesmos passos, mas em posições/tempos/formações/níveis/etc diferentes, também é super interessante. Adorei essas russas e o figurino. Coreografia sonho! Muito fofinha.


Pra finalizar, meu sonho de consumo em danças de grupo, o Arabesque Dance Company. É cada coreografia de cair maneiríssima. Quero muito os DVDs deles, quem tiver pra trocar/vender, ou quiser me dar, estamos aí, porque o frete pro Brasil fica muito caro.

*UPDATE 13-05-13*
A Nilza Leão fez um post muito bom sobre a questão do "nós" nas coreografias em grupo, algo que toquei de leve aqui, quando falo das pessoas se prestarem a agarrar a proposta da coreografia para aquilo realmente ganhar significado e ficar algo deleitável ao público e não um monte de gente executando técnicas X ou Y. Se você gostou do assunto, vale super a pena conferir, achei que complementou o nosso post: 

http://www.blognilzaleao.com.br/bailarina-ou-artista-o-que-voce-quer-ser/

quinta-feira, 7 de março de 2013

A Vida no Harém


Pessoas, dica da Lívia que encontrou a revista fisicamente, eu achei no site da Revista de História da Biblioteca Nacional o link da matéria "Nem tão eróticas", escrita pela historiadora, mestra e doutoranda em Estudos Árabes na USP, Marina Soares (gente finíssima, sempre me ajudando na minha pesquisa).

Para ler o artigo, clique aqui.

Marina desfaz vários mitos a respeito do harém e das odaliscas, especialmente quanto à ideia de um local de prazer e erotismo superexplorado.

Espero que gostem!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Por que devemos dançar com o abdômen contraído?


Devemos sempre dançar com o abdômen contraído. Isto protegerá sua coluna e seus joelhos. Seus desenhos sairão mais definidos e seu eixo estará garantido. Além disso, fica esteticamente mais bonito e você poderá controlar melhor a troca de peso nas transições. Acredite: fazer isto traz grandes diferenças!!!  Muitas vezes essa é a linha divisória entre uma boa bailarina e uma excelente bailarina. Quanto mais cedo você se conscientizar deste caminho melhor.
Como contrair?
Pense menos na colocação do quadril e mais em envolver os músculos abdominais inferiores. Lembre-se que é uma inclinação controlada da pélvis e não uma dobra forçada desconfortável. Manter os joelhos relaxados ajuda.
Para aquelas que não entendem como isso funciona, uma dica com "visualização" pode ajudar: Imagine que no seu quadril há uma bacia cheia de água e você precisa segurá-la bem para que ao dançar você não derrame esta água nas pessoas, ou no palco. Experimente essa visualização dançando em frente ao espelho.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Inspirações de Fora da Dança do Ventre


Sabe aquela música que não é "de dança do ventre", mas quando você a ouve, lá vem os camelos e ondulações para acompanhá-la?
Você não está só neste sentimento!

Existem muitas dançarinas que utilizam músicas de diversos estilos musicais para relê-las com a dança oriental, executando movimentos da dança do ventre de forma muito graciosa. Claro que existem aqueles "abortos da natureza" que deixam a apresentação no mínimo bizarra, mas não podemos julgar o todo por algumas exceções. 

Eu tenho uma pequena seleção de músicas que ao ouvir automaticamente começo a dançar ou a pensar em dançá-las. Vamos a elas:

Iron - Woodkid


Adagio - Albinoni

Agape - Dead Can Dance

Another Day in Paradise - Versão Turca do Dolapdere Big Gang

Mystics Dreams - Loreena Mckennitt


E vocês possuem alguma música que dê vontade de fazer um oito maia fora de contexto? XD

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Crônicas de uma Dançarina do Ventre - Episódio 3

Era uma apresentação inédita para a maioria das alunas: todas iriam dançar e tocar snuj com música ao vivo. Os egos estavam inflamados! Egos estavam explodindo, para dizer a verdade...

Ensaiamos no palco, nos posicionamos no palco, chegou na hora, cadê que no palco dava todo mundo? Esqueceram da banda, dos milhares de fios passando em cima, das cortinas!! Oh meu Deus, pequenos detalhes, maaas, a vaidade de algumas bailarinas teria que ser sacrificada: elas iriam para o chão!

A notícia não chegou a todas, um seleto grupo de dez bailarinas, que não desgrudavam da dançarina-mor organizadora da festa, tomaram ciência e decidiram por todas que elas permaneceriam no palco e as demais pobres mortais iriam para o chão. Fácil, não? Sim, se não fosse a cena que se passaria nos próximos capítulos.

Eu sempre sou a última a saber, dom da minha distração, fui arrumadinha esperar a entrada no palco, estranhando ter poucas pessoas lá, quando sou avisada com a música começando a tocar que meu lugar era na chóóón. Saí correndo para não perder a apresentação, com a saia esvoaçante digna de ensaio sensual da VIP, mas não antes de ver o show à parte de uma dançarina, que chocada com o lugar que a designaram, dizer que o palco era para ela, porque ela era uma estrela (ah, esqueci o nome dela, ops).

Passamos a dançar, com A Estrela do meu lado sorrindo tão forçadamente, que seu aparelho dental brilhava mais que a roupa. O chão ficou lindo, de várias cores, dançarinas felizes  - em sua maioria -  e bem posicionadas, dançando a coreografia com desenvoltura. O palco... Bem, se ao menos as dançarinas conseguissem esticar os braços ou as pernas sem esbarrar uma na outra! Êta estrelismo! Quiseram tanto o palco que mal conseguiram se mover no mesmo, deixou a magia da apresentação para quem estava no chão.

A apresentação acabou, vimos os vídeos e as fotos, quase todos mostrando as alunas que ficaram no chão. E tenho certeza que a maioria delas não se importou por não estarem no palco, elas estavam se divertindo!

Por isso digo: isso é ser esperta?
A graça está na dança, sem mais!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Encarando o improviso com técnica - Por Kiania Lima

Uns dos grandes temas na Dança do Ventre é o improviso: Como fazer? Existe técnica para estudar improviso? É possível aprender a improvisar? Enfim... O improviso é uma das marcas dessa dança e é um grande desafio para a expressão artística de uma bailarina, por isso tanta discussão em torno dele.
Quem nunca ouviu que improviso é "sentir e não pensar em nada"? É "deixar a música fluir no seu corpo"? Estas frases não estão totalmente equivocadas, mas dão margem a interpretações enganosas. Cuidado! Uma coisa é a técnica estar tão interiorizada em seu corpo e mente, que de fato, ao dançar você "não pensa em nada", "deixa a música fluir no corpo". Quando falo da técnica englobo muitas coisas que estudamos: os movimentos, a leitura musical, os ritmos, a utilização do espaço, dos planos, velocidade,  intensidade, instrumentosfolclore, e tantas outras mil coisas. Ou seja, o improviso é um instante em que você usa, CONSCIENTEMENTE, tudo aquilo que você estuda. Portanto, você pensa, sim! O improviso não brota do vazio, ou do seu bel-prazer. Além disso, você precisa estar apto a se entregar aos seus conhecimentos e vivência. Isso é outro passo fundamental no improviso. Confiar em você. Confiar no que aprendeu e estudou!!! Acredite, isso não é algo fácil para todo mundo... Abaixo, transcrevo as palavras da bailarina Kiania Lima (KK- SP) que em seu grupo de discussão no facebook escreveu sobre como o improviso funciona. Eu gostei muito, pois ela tocou em pontos super importantes, essenciais, que não podem passar despercebidos, com exemplos bacanas. Aproveitem!
*
"Bom, eu já disse muitas vezes aqui que não acredito nessa crença do "DANÇA AÍ" nem do "SENTE AÍ". Eu só me tornei hábil para improvisar quando me dei conta de algumas coisas e vou citá-las aqui:
1- Tranquilidade: Se é improviso e ninguém sabe o que você pretende fazer, então não tem que ter medo de errar. Não é verdade? Muitas pessoas denunciam pelo rosto que alguma coisa deu errado, aí o público se toca ou fica procurando o erro denunciado pela bailarina. Para improvisar precisa aprender que não existe erro. Uma coisa pode não ter saído do jeito que você queria. De repente até da certo e fica melhor do que o que você queria, e se não der, pelo menos você aprende alguma coisa com aquilo. Um exemplo muito útil para mim é a finalização. Muitas bailarinas deixam aquela sensação ruim no público e algumas vezes estragam com todo o trabalho de uma música por denunciarem perder a finalização. Eu afirmo!!!! Se você não conhece a música e for um final medonho e você por um acaso perdê-lo (porque com a prática você aprende que as músicas denunciam a finalização), o público só vai dar importância para isso se você quiser. Se você agir naturalmente, tudo dá certo;

2- Segurança da sua técnica: um dos principais motivos da minha total desconfiança da expressão "DANÇA AÍ" é que se você não tem segurança da sua técnica, e isso abrange: a qualidade dos seus movimentos em isolado, as suas emendas, a sua postura e etc, muito provavelmente você não terá um bom improviso. O improviso, para mim, pode ser comparado a um curso de datilografia. No início você começa digitando com os dois dedos indicadores (o famoso "catando milho"), até que com o passar do tempo e a prática você começa a usar os outros dedos e acelera a velocidade da sua digitação, até que chega o dia em que você não é só rápido, que você faz tudo isso sem nem precisar olhar para o teclado e também se dá conta de que não consegue ficar muito tempo na atividade se não se preocupar com a sua colocação postural. Quanto melhor você conhecer o seu corpo, quantos mais caminhos ele souber fazer, melhor e mais fácil vai ficar para você e isso significa estudar, estudar e estudar técnica. Lembra que técnica é o palpável??? Porque o que você é, você já é!!!;

3- Respiro: Precisa existir aquela calma para esperar o que vai vir na música, e não sair fazendo todas as coisas de uma vez e nem o que você quer. Tem que ter sempre em mente que é a música que manda em você e não você, portanto não adianta você fazer coisas lindas que não tenham nada a ver com o que está tocando;

4- A bailarina só tem uma chance para errar: Sim. Eu encaro isso como uma verdade na minha carreira. A bailarina tem uma chance para ouvir a frase e depois ler da melhor forma possível. Com o tempo você vai percebendo que nem vai mais precisar ouvir a frase inteira para saber o que fazer. Lembra do curso de datilografia? Ouvir muita música árabe de todos os gêneros é um ponto crucial para ser bem sucedida nesse aspecto. Você vai começar a entender que as músicas dizem que você tem que fazer. UMA BOA BAILARINA é aquela que tem um BOM OUVIDO. Quanto mais música árabe você ouvir, mais o seu ouvido vai estar treinado para ouvir os diversos sons, até os muito escondidos e SE o seu corpo estiver compatível para trabalhar fielmente às nuances percebidas pelos seus ouvidos (item 2), com certeza vai ser uma coisa maravilhosa;

5- Jogar numa fogueira aquela sensação do "estou fazendo sempre a mesma coisa": É óbvio que se você não leva a sério o item 2 dessa extensa lista, provavelmente você estará, mesmo, mas se você estuda, desencane disso. Uma bailarina pode dançar uma dança inteira apenas fazendo camelo e, ainda assim, a dança ser divina. Muitas bailarinas dançam priorizando os movimentos básicos e é lindo. Quando você se der conta de que um camelo não é igual ao outro, por exemplo, você vai se sentir muito confortável para improvisar. Se você estica um camelo na abertura, é totalmente diferente do outro que você estica no fechamento, ou que você não estica nunca, ou que estica tanto para abrir quanto para fechar. Se você faz tudo isso condizente com a música, você não tem porque acreditar que você esteja fazendo sempre a mesma coisa. Se você tiver concentrada na música não tem como você se tomar por esses pensamentos, e tudo isso tem também como base o item 2. ESTUDAR, ESTUDAR e ESTUDAR;

6- Autoconfiança: "Acredite em você". Isso soa absurdamente clichê e é, mas está absurdamente comprovado que tudo feito com autoconfiança fica melhor. Uma vez em um exemplo em sala que tive a oportunidade de participar, comprovamos a diferença na dança da pessoa de acordo com o que a pessoa pensava enquanto dançava. Eram distribuídas algumas frases do tipo "Eu sou muito boa", "Eu sei o que estou fazendo", "Estou com raiva" e "Não sei o que estou fazendo", dentre outras e ACREDITEM, a dança da pessoa condizia com o pensamento proposto durante a dança da pessoa.
Isso não é o máximo???"

Kiania dançando na Khan el Khalili, um espaço que preza pelo improviso.

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