domingo, 15 de novembro de 2009

Folclore: Khaleege


Ai, eu amo Khaleege! Só que eu não tenho um labirinto muito bom para girar a cabeça... Lembro uma vez quando comecei a dançar, minha professora estava fazendo uma coreografia de khaleege linda, e no final todas giravam a cabeça num rodopio e paravam lindas e loiras... Quem disse que eu consegui? Eu consegui foi cair no chão estatelada, tentando lembrar quem eu era, onde eu estava, o mundo rodaaaando!!

O Khaleege é a dança do Golfo Pérsico, lá o ritmo tradicional é o soudi! Aqui no Brasil nós conhecemos apenas uma versão do Khaleege: a feminina. Neste folclore, os homens também dançam, mas separados das mulheres (ou seja, eles não dialogam na dança, cada um tem a sua parte, e geralmente nem dançam sequer no mesmo espaço). Apesar de ambos serem Khaleege, as características mudam para cada gênero, o que vamos explicar aqui.

Khaleege Feminino

A principal característica que percebemos nesta dança é a famosa "ginga", a dançarina precisa movimentar os ombros, balançar o corpo para frente e para trás. Um pé fica na frente do outro nos deslocamentos, e a jogada de cabelos é essencial.

Além dessa expressão do corpo, evidente quando ouvimos o ritmo soudi, podemos utilizar alguns movimentos mais elaborados com as mãos e os braços, mas nada "Imagem & Ação", você não precisa simular o fogo crepitando nas areias do deserto (eu já vi...), mas fazer um charme, tocando a testa com o pulso nos dois lados da mão (em forma de concha), no peito (podemos colocar uma das mãos no peito quando jogar o cabelo), bater os pulsos (com delicadeza), e por aí vai.

A túnica do Khaleege é outra característica marcante deste folclore: chamada Tobe el Nashar, a longa túnica apresenta cores fortes, é bordada e muitas vezes possui uma textura ou bordado brilhantes, e é usado por cima de alguma roupa (muitas dançarinas do ventre usam o cinturão e o bustiê por baixo nas apresentações). Esta túnica ainda pode ser usada para compor os passos, ao segurá-la nos giros e nos deslocamentos. Os cabelos longos são fundamentais para compor este visual, devem vir soltos, podendo usar arcos para enfeitá-los.


Khaleege Masculino

Este folclore é uma dança beduína, os passos basicamente são a famosa "ginga" e um quê de malabarismo. Os homens dançam com o bastão ou com um rifle (Yoolah), o primeiro serve como uma espécie de apoio, para balançarem para frente e para trás em fila, também movimentando-o de forma semelhante ao Saidi (segurando com os braços para cima e o apoiando no ombro) e o segundo o giram sem parar, o jogando para cima e também usando como apoio. Os homens, além disso, dão uns saltinhos - tímidos - para acompanhar o acento do ritmo, semelhante ao das mulheres.

A roupa deste folclore é a roupa tradicional dos árabes do Golfo Pérsico. Isto é, muitos deles não usam só essa roupa para dançar, mas na sua vida cotidiana também.


E claro, eu não podia deixar de mostrar o cantor que me fez "descobrir" o Khaleege masculino pensando "aquilo é uma arma na mão deles?". Com vocês Al Wasmi, e sua sensualidade ao cantar movimentando apenas a sombrancelha!

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá, é a primeira vez que vejo esse blog, parabéns, é muito rico e interessante!

Camila Flavia disse...

Primeira vez que vejo seu blog também. Adorei! É muito bom encontrarmos pessoas as mesmas paixões. Amei os vídeos de khaleege masculino e as informações também!! BJS

Celia disse...

Que bom, Camila! Também fico feliz por ter nos encontrado. Seja muito bem-vinda!

Hanna Aisha disse...

Confesso que tive "medo" do vídeo de khaliji da Fatima, mas AMEI. Esse é o khaliji que eu gosto de ver, básico em sua essência, sem as indianices brasileiras!

Ótimo texto, com uma ressalva (pra variar! ahahah) que diz respeito ao gestual, que se vc reparar, a Fatima quase não faz.

Buscando vídeos de khaliji feminino, do povo de lá mesmo, vc vai ver que elas não fazem os gestos que vc comentou, oq é uma distorção muito comum aqui no Brasil.

Nunca dancei lá nos países do Golfo, mas todas as meninas que foram, tiveram de reaprender o khaliji.

Se há culpados? Não, creio que faz parte da nossa tentativa de entender e representar uma cultura que não é nossa.

Celia disse...

Sim, sim, não há cultura importada ou exportada que se mantenha "pura". A dança do ventre é um dos maiores exemplos de trocas culturais, sendo "dança do ventre", "belly dance", "danza del vientre" ou "danse du ventre", ainda que traduzindo tenha o mesmo nome, ela é moldada por características de cada lugar que a recebe!

Malikat al Hanna disse...

Apenas uma ressalva sobre o que vc chama de khaleeji masculino, a dança masculina com armas de fogo, na verdade é chamada de Yoolah.
Quanto ao gestual usado, ele existe sim, porém em cada país do golfo é usado um gestual diferente .
Vc pode ler mais sobre isso no grupo Arab Soul do multiply.
Procure nas tags do grupo por khaleeji.
Um abraço.

Celia disse...

Oi Malikat, não é ressalva, é um adendo! Bom saber novos nomes, vou adicionar na descrição do "Khaleege Masculino" o termo Yoolah.

O ritmo soudi em algumas regiões é conhecido como khaleege, da mesma forma, as danças que utilizam esse ritmo são comumente nomeadas de khaleege. Se você procurar por "Khaleege" no youtube, verá que a dança Yoolah também aparecerá. Não posso afirmar que tem um certo ou um errado, pois os dois são utilizados para denominar este folclore.

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