quarta-feira, 10 de junho de 2009

Tabu: A dança do ventre tem ficado exagerada?

O título talvez não diga com clareza o que quero expor, mas o que pretendo comentar é como a dança do ventre tem evoluído de uma arte tradicional e fechada para apresentações performáticas, com passos do jazz, balé e até um quê de Cirque de Soleil para inovar e atrair admiradores... Não que isso seja ruim - tudo na vida evolui, senão o samba continuaria sendo o Lundu - mas o que não vemos hoje em dia por aí, hein?

É difícil juntar todas as novas tendências num só pacote para definí-las, até porque muitas delas não são necessariamente parecidas. Neste meio temos desde a Suheil dançando Pump It! com passos da dança do ventre e hip-hop (o próprio hip-hop com passos da dança do ventre, quem nunca viu os camelos da Beyoncé?) à Saida dando chutes na altura dos holofotes entre um tremido e outro, ou até mesmo os recentes Véus Poi ou então os Véu em Leque, em que as bailarinas estão quase montando um espetáculo, só que nele a dança é menos importante do que o impacto que a apresentação dará à sua audiência.

Não sou contra a inovações, muitas delas eu admiro, adoraria girar com véu duplo como faz a Petite Jamilla, mas muita gente torce o nariz quando vê uma bailarina que incorpora outras tendências ao seu vocabulário de dança e usa músicas ocidentais, como do próprio Black Eyed Peace. Elas provavelmente pensam: "Isso não é dança do ventre", mas será que isso não é dança do ventre mesmo? O que determina essa fronteira?

Eu realmente critico dançarinas que quase dão um "duplo twist carpado" no palco para se destacar e virarem referências, pois na hora de fazerem uma leitura da música que está tocando, saem passeando pelo palco e não dançam quase nada (nesse caso, a Dina que o diga!), o carisma dá o poder pra essas coisas, que posso fazer? Eu começo a pensar que daqui mais uns anos eu vou ver umas dançarinas cuspindo fogo nas apresentações! Eu reparo muito nos movimentos, adoro surpresas na dança (como uma que vi num DVD da Hadara Nur em que ela emenda um cambrê numa jogada pra frente com os cabelos, e depois volta linda e loira), mas não suporto quando vejo que muitas dançarinas se preocupam mais em ter estas "cartas na manga" do que um vocabulário de dança.

Não acredito que a dança do ventre se descaracterize ao utilizar músicas de outros estilos - como vi muito bem desempenhada com um véu ao som de "Dust in the Wind" num concurso e que ganhou o primeiro lugar! -, acho que o poder de tirar da dança do ventre a cara de dança do ventre é da própria bailarina. Gente, se você fez balé, jazz, sapateado, dança indiana, o que seja, na sua vida, ótimo agregar coisas novas, mas não esqueçam de dançar a dança do ventre quando você está lá para a dança do ventre! O mérito de uma bailarina deveria ser sempre a base que ela tem, a forma como ela interpreta a música, sem fugir do seu foco que é esta arte em forma de dança oriunda da cultura árabe.

Aqui abaixo temos o dançarino Timur "debochando" do estilo atual que as dançarinas do ventre utilizam. Reparem bem a forma como ele executa os redondos, como ele "aproveita" para se exibir para a plateia (colocando as mãos para destacar os "seios"), as jogadas de ombro e de cabeça, e principalmente quando ele treme encolhendo a barriga para não mostrar as gordurinhas saltitando (não que ele tenha, mas muitas dançarinas fazem assim!).

15 comentários:

Luciana Nogueira disse...

Concordo plenamente contigo... Acho que invações têm limites e o meu é perder a cara de Dança do Ventre. Quando vejo uma apresentação, seja com música genuína árabe ou ocidental, e não sabemos exatamente em que estilo ou categoria esta dança se enquadra, já não gosto. Soubem tradicionalista, não gosto nem de dançar tecno árabe, quem dirá leques de seda!

Luciana Nogueira disse...

Olha, eu dancei quadrilha por muitos anos e hoje em dia as quadrilhas não tem mais nada a ver com as quadrilhas antigas, dançam até Calypso!!!! Rsrsrsrs... (Comparação tosca com a Dança do Ventre)

Celia disse...

Hahahaha, realmente!! O perigo de misturar demais é perder totalmente a referência, como nas quadrilhas!

Studio de Danças Jalilah´s disse...

oi celia. Tb acho q as pessoas estao querendo ir alem e esse além muitas das vezes não é dança do ventre. Éssa linha é sem dúvida muito sutil.

por acaso vc tem a musica desse video??? to querendo a um tempao. bjs

Ana Paula CLAC

Celia disse...

Poxa, não sei... :(
Vou pesquisar!!

Hanna Aisha disse...

Então... já fui muito contra, hoje sou bem mais aberta. Acho que é uma questão de contexto e esclarecimento, sempre.
Já vi apresentações "inovadoras" ruins, como já vi uma ou outra maravilhosa. Comumente, as pessoas não sabem faze-lo, mas é possível faze-lo bem.
Acho que existem exageros sim. Mas é sempre bom ver o contexto antes de criticarmos.
Aliás, vcs acham que as bailarinas dos anos 50, 60 dançavam de formas tão ricas assim como é hoje a DV dizemos "clássica", por exemplo?
Beijos

Anônimo disse...

BOM NÃO SOU CONTRA MODERNIZAR DESDE QUE NÃO PERCA A ESSÊNCIA!!

Celia disse...

Ana Paula,
Descobri por acaso hoje o nome da música deste vídeo que você queria! É "Kool Ma Akkollak" do Bassil Moubayyed!

Unknown disse...

BOM VC PRECISA VER AQUI EM MANAUS, SO PRA COMEÇAR AQUI TEM UNS 30 GRUPOS DE DANÇA ARABE UNS ATE COM MAIS DE 60 BAILARINOS E NINGEUM LUCRA NAUM COM ISSO E ERA UMA BELISSIMO TRABALHO ANTIGAMENTE EU ME EMOCIONAVA COM A PRESENTAÇAO, VC IMAGINA 4O PARES EM CIMA DE UM PALCO DANÇANDO UM BELO DABKE TRADICIONAL COM TODA ENREGIA E ALEGRIA GENTE EU AMAVA TUDO AQUILO....HOJE DEPOIS DE BUSCAREM INOVAR E MODERNIZAR NOSSA DANÇA TA QUASE IRRECONHECIVEL OU SEJA AS VEZES PRA MELHORAR ACABAM ESTRAGANDO O QUE POR SI SO JA E PERFEITO, PERDE-AE A ESSENCIA TALVEZ SEJA ESSA ERA TECNOLOGICA DAE ESTAO QUERENDO DEIXAR A DANÇA COM TRAÇOS FUTURISTAS....
AGORA EM MANAUS DANÇAR O TRADICIONAL E SER CAFONA E SER ANTIQUADO...QUE PENA!!!!!!EMBORA SEJA BEM BONITO AS APRESENTAÇOES E O GRAU DE DIFICUDADE COREOGRAFICA SEJA DE MAIS...POREM NUNCA MAIS UM GRUPO CONSEGUIU ME EMOCIONAR SINTO FALTA MUITA FALTA ...
TA AQUI UM VIDEO DE DANÇA ARABE QUE CHAMAMOS DE ESTILIZADA...
http://www.youtube.com/watch?v=M62A0ujLcZU

dany e tony disse...

concordo em plenamente com a joecilane, era uma vez um onde no festival marquesiano se apresentavam danças maravilhosas hj em dia perdemos toda a empolgaçao e vontade de assistir!!!!

dany e tony disse...

concordo em plenamente com a joecilane, era uma vez um onde no festival marquesiano se apresentavam danças maravilhosas hj em dia perdemos toda a empolgaçao e vontade de assistir!!!!

Victtoria disse...

Já tem bailarinas cuspindo fogo em apresentações uma delas é a Luciana LamberT qualquer vídeo que você assistir dela!

Adriana Atefah disse...

Inovações boas, sim existem..
Mas ficam com cara de tudo, menos com cara de "dança do ventre'
Começa a ficar agressivo muitas vezes...Algo que era para transmitir a suavidade do corpo e delicadeza da feminilidade, começa a ficar algo pesado de se ver...
Descaracterizar a dança do ventre é querer praticamente matar a dança.Pois ela tem origem no oriente e não vai deixar de ser assim.
Discordo veementemente por mais bonita que seja a inovação, o quesito não é só beleza e ser 'stars"...é dança do ventre, pelo menos o que entendemos como dança do ventre.

Fiquei pasma quando vi um vídeo que minha amiga me trouxe para ver o que chamam de tribal. Eu vi mesclas de danças de várias culturas,tinha acessórios da cultura japonesa, espanhola, menos a tribal árabe mesmo.

Não faço questão de ser agradável quanto a isso.

Para mim, inovar demais, exagerar demais nas inovações pode ser realmente lindo o efeito visual, mas você começa a matar a dança do ventre.

Eu particularmente em minhas danças evito muitos movimentos que não são de origem da dança do ventre.

Não menosprezo a criatividade das dançarinas que conseguem fazer um bom feito visual, até mesmo porque elas são verdadeiras artistas.

Mas eu continuo não abrindo mão de preservar os vestígios dos movimentos originais.

Anônimo disse...

É......
Tem um pessoal exagerando muito.
Algumas nem precisavam apelar tanto, pois possuem técnica, carisma e etc., mas o fazem para atender apelos midiáticos, e a belly dance acaba virando mesmo uma "ginástica olímpica".
Tenhamos sempre bom senso, porque o exagero pode cair no ridículo.

Unknown disse...

Eu sou bailarina de dança do ventre há 10 anos, e desde os 8 anos eu pratico dança, e concordo plenamente com tudo que tu escreveu pois penso que a dança do ventre é uma dança linda e deveria ser dançada como na sua forma original, hoje em dia, a maioria das bailarinas de sp, principalmente, tem usado passos fortes de balé e isso não acho bonito, a dança do ventre quanto mais simples e original mais linda fica..pois, misturar com balé, deixa a dança grotesca e apelativa.. cris vargas

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