O Zambra é o Flamenco Árabe, mais ou menos o que seria uma mistura do Flamenco com danças árabes, mais provavelmente, com a dança ghawazee. Para quem não sabia, os árabes (não exatamente "árabes", mas muçulmanos que falavam árabe advindo de povos dominados e islamizados do norte da África, em sua grande maioria) dominaram parte da Península Ibérica por 700 anos. Portugal não possui a mesma influência que a Espanha, pois conseguiu sua unificação no séc. XIII ainda, mas a Espanha permaneceu sob domínio islâmico até o séc. XV, quando a última cidade reduto árabe foi tomada: Granada. A Andaluzia, assim, foi e ainda é um grande exemplo de influência árabe no Ocidente, cidades como Córdoba, Granada, Cádiz ainda possuem - apesar da grande aversão espanhola por vários séculos aos árabes, ainda presente em intelectuais como Serafin Fanjul - várias marcas da presença muçulmana em sua arquitetura, organização social, idioma e cultura - aqui incluindo música, dança, festas típicas. O próprio Flamenco é contemporâneo do Zambra, ainda que não seja preciso dizer quem surgiu primeiro, e "quem influenciou a quem".
O nome Zambra vem do árabe "Samra", que quer dizer "morena". Este estilo é o que embalava as festas mouriscas (de "mouro" = bérbere = habitantes do norte da África), as quais sempre eram marcadas por muita alegria, palmas, algo bem próximo de festas ciganas, sendo um estilo característico da Andaluzia. Nesta região quatro povos trazidos pela dominação islâmica foram os principais veículos para esta fusão cultural: os bérberes, os turcos (provenientes de Damasco), os tartésicos (já estabelecidos em Guadalquivir, e descendentes das dinastias egípcias) e os ciganos (vindos do Egito, Índia e Europa Oriental).
O Zambra atualmente é uma tentativa de recriar este ambiente de comemoração, e suas apresentações são uma mistura de coreografia e improvisação. Em grupo elas são coreografadas, mas em solos elas geralmente são improvisadas. Os passos, como já comentara, são mistura entre o Flamenco e a dança do ventre "pé no chão" (nada de meia-ponta, arabesque, giros do jazz, aqui é dança do ventre ghawazee). Do Flamenco, temos os posicionamentos dos braços, a postura (ombros para trás, demonstrando valentia), o movimento das mãos (para fora, ao invés para dentro da dança do ventre), sapateado, palmas. Da dança do ventre antiga temos: as ondulações, camelos, tremidos, básico egípcio. Os deslocamentos são como os ciganos, algumas vezes as dançarinas pegam nas saias e a sacodem como ciganas, ou andam com elas na mão, cobrindo parcialmente o corpo. Nesta dança há também o uso de muitos acessórios: xales, leques, bastões, velas, e instrumentos como castanholas, facas, címbalos, pandeiretas, percussões, entre outros.
A roupa das dançarinas de Zambra é semelhante a uma roupa cigana, mas também podem ter a barriga descoberta. Sempre tem o quadril adornado por um xale ou por um cinturão de medalhinhas. A saia densa e rodada é característica, a maioria são saias ciganas, mas há variações. A parte superior que se alterna bastante, desde a um bustiê comum a blusas com longas mangas de babados, sendo também muito usadas blusas ciganas (aquelas fofas na manga usadas com as mangas caída no ombro, desnudando o colo). Algumas dançarinas adotam o estilo ghawazee para compor seus figurinos, com lenços de medalhinhas na cabeça e um visual mais carregado de adereços (moedas, miçangas, etc).
2 comentários:
Olá! Estou aprendendo muito no site. Você poderia falar sobre a dança do ventre grega? O que vocÊ acha de Bobouka? E também sobre hula?
Olá! Estou aprendendo muito no site. Você poderia falar sobre a dança do ventre grega? O que vocÊ acha de Bobouka? E também sobre hula?
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