

Dessa forma, a dança oriental teve uma grande expressão no mundo árabe, e posteriormente na época do Imperialismo, pelo mundo europeu. No mundo árabe percebemos a grande influência no Líbano, ainda que lá não seja tão marcante e característica quanto no Egito (o dabke é muito mais tradicional no Líbano que a dança do ventre propriamente dita), e também na Turquia, a atual herdeira do Império Turco Otomano.

Sendo assim, vou me ater ao Egito para facilitar a visão deste momento. Ahhh, o Egito! A Inglaterra deu a independência ao Egito em 1922, mas quem disse que ela saiu de lá? A influência britânica foi extremamente forte até o início da segunda onda do nacionalismo egípcio na década de 50.
Bem, aí a coisa começou a mudar: a Palestina foi repartida para dar lugar ao Estado de Israel em 1948. Comoção no mundo árabe!
Uma das explicações para isso ter acontecido foi o desvirtuamento da fé que os países árabe-islâmicos haviam se submetido ao absorver valores ocidentais. A dança do ventre começou a perder espaço gradativamente, o uso do véu começou a voltar com força nas grandes cidades, várias pessoas passavam a exprimir asco e revolta ante os valores ocidentais que antes se faziam presentes nos grandes círculos da sociedade. Os países árabes ainda tentaram retomar os territórios da Palestina, mas foram derrotados (espiões israelenses descobriram a tática de guerra deles pouco antes do confronto), o que gerou ainda mais essa necessidade de retorno à fé, aos verdadeiros valores islâmicos. Para piorar na Guerra dos Seis dias, em 1970 Israel invadiu e ocupou a Península do Sinai, território egípcio, que só foi devolvida através de um tratado de paz em 79. O que aconteceu então? Egito expulso da Liga Árabe, presidente assassinado por um fundamentalista, Egito na mão de Hosni Mubarak. O resto a gente conhece pelos noticiários...
Essa situação também é narrada no livro autobiográfico da dançarina egípcia Dina (Ma Liberté de Danser), que só tomei conhecimento depois de contar para a Lívia o que conto a vocês neste post, sobre a mudança da imagem da dança do ventre no mundo árabe. Essa volta ao conservadorismo aconteceu em todo o mundo árabe, até mesmo no Líbano que é cristão! A dança do ventre fora dos círculos familiares passou a ser vista como haram (ilícito), como uma importação e não com expressão da cultura egípcia, e até mesmo árabe!
No entanto, a dança do ventre no meio familiar anda fortalecida no Egito. As mulheres andam de niqab na rua (aquele véu que só deixa os olhos à mostra), depois passam na Khan el Khalili (ou seus maridos), compram uma roupa de dança do ventre ou um xale de medalhas, e vão pra casa dançar! Eu mostro meus vídeos para elas, elas gostam, dão opinião, dicas, etc, a dança do ventre nesse ponto acredito que nunca vai morrer! Inshallah!
E aqui esse vídeo que acho ótimo para ilustrar a sociedade egípcia da era de ouro da dança do ventre:
4 comentários:
Sim Célia, eu já vi uma dançarina do ventre super over deixando a noiva morta de vergonha, infelizmente não tenho link para te mostrar, mas a cara da noiva foi cômica.
Sabe que eu nunca entendi, nos países árabes, as mulheres andam de véu, burca, etc nas ruas, mas na tv elas não usam.
Não sei se no Líbano é obrigado a usar na rua, mas eu vejo as cantoras famosas do Líbano em seus vídeo clipes sem véu.
Adorei o post! engraçado, né? aqui valorizamos tanto o "estilo egípcio" da dança e lá no próprio Egito a DV é mal vista...
Oi Rubi,
Você já visitou um país árabe? É sério mesmo a pergunta!
Assim, as mulheres não são obrigadas a usar o véu em muitos países árabes, o uso é uma escolha pessoal. As mulheres que passam na tv árabe, em sua maioria, não usam véu, mas existem cantoras, como a Aida el Ayoubi, que usam véu e são famosas.
O Líbano é um país majoritariamente cristão, poucas são as mulheres que usam véu, pois ele é mais um atributo islâmico (ainda que em muitas regiões o seu uso seja cultural, como na Pérsia, as mulheres zoroastras usam o xador).
Aeee Celia!!! Adorei o post. Imagino o trabalhao de resumir mil anos de História rrs Essa história é tensa msm...
Beijos
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