O documentário canadense At Night They Dance está dando o que falar. E não é à toa: o filme de Isabelle Lavigne e Stéphane Thibault nos leva para dentro do fascinante e obscuro mundo das dançarinas do ventre do Egito.
Originalmente publicado em Hour Community
Esta é Reda, a matriarca de uma família de dançarinas do ventre
Cairo, a capital do Egito, é a maior cidade do continente africano e umas das mais populosas do mundo inteiro. Todos os conflitos políticos, religiosos e culturais convergem neste epicentro, que talvez tenha sido melhor definido pelos protestos que ocorreram em Tahrir Square este ano. Filmado antes da revolução egípcia, At Night They Dance, o premiado documentário dos cineastas Isabelle Lavigne e Stéphane Thibault, oferece um olhar diferente sobre o Cairo, centrando-se nas beldades egípcias que dançam por dinheiro, quando a noite cai.
Lavigne foi a primeira a ser sugada pelo ritmo hipnotizante do Cairo, quando ela e seu marido, Thibault, visitaram a cidade num feriado há cinco ou seis anos atrás. "Eu me apaixonei pelo Cairo, pelas pessoas", conta a cineasta. "Estávamos de férias no Egito há dois meses e decidimos ficar mais algumas semanas, que se tornaram mais algumas semanas, depois alguns meses e quando nos demos conta, já eram três anos."
Enquanto estava por lá, Lavigne ficou imersa na cultura local, aprendendo a falar árabe e a dançar. Ao passar tanto tempo com o povo do Cairo, Lavigne ficou fascinada com as mulheres que viu dançando nos cabarés e eventos sociais. Ela então dividiu suas observações com Thibault. "Eu conversei com Stéphane sobre o paradoxo das dançarinas de Dança do Ventre na sociedade egípcia. Elas são amadas e adoradas, mas são também desprezadas por suas práticas consideradas vergonhosas e pecaminosas."
Reda
É fácil perceber porque o filme está sendo tão elogiado. Em At Night They Dance, o espectador é levado a uma comunidade do Cairo e deixado lá para compreendê-la sozinho. Essa comunidade é onde vive Reda, mãe de sete filhos, com mais um a caminho. A família de Reda é formada por dançarinas de Dança do Ventre, uma tradição cada vez mais rara entre entre as famílias em razão da corrupção do ofício por lá, que vai desde o uso de drogas à prostituição.
"Nós não queríamos nos aprofundar no lado negro dessa atividade e, depois de quatro meses pesquisando famílias, pensamos que poderíamos não fazer o filme," diz Lavigne. "Então encontramos Reda e sua família e, na mesma hora, vimos quão carismática ela era, quão forte ela era. Eles nos lembraram os personagens do dramaturgo Michel Tremblay, sempre da classe trabalhadora, mulheres espirituosas."
Reda é uma personagem fantástica. Num momento, condena o comportamento dos filhos e, num outro, os defende veementemente. "Eu sempre a amei, desde o primeiro dia," declara Lavigne, com carinho. "Eu amo sua energia, sua complexidade. Ela é linda."
Mesmo linda, o que não falta é drama na casa de Reda, e ninguém de sua família parece estar nem um pouco tímido com a câmera que invade suas vidas. "O senso de intimidade deles é muito diferente do nosso," explica Lavigne, citando como exemplo vizinhos que sempre olhavam pelas janelas. "A câmera era apenas como uma outra pessoa entre eles."
Essa outra pessoa capta uma dicotomia que muitas vezes é bastante evasiva num filme. "Espera-se sempre que as mulheres sejam humildes e reservadas," diz Lavigne sobre um sentimento que conhece há algum tempo. "Então, você se depara com essas mulheres, numa sociedade tradicional, que têm essa força. Todas nós temos isso escondido lá dentro - o que esperam de nós e o que realmente somos."
Lavigne foi a primeira a ser sugada pelo ritmo hipnotizante do Cairo, quando ela e seu marido, Thibault, visitaram a cidade num feriado há cinco ou seis anos atrás. "Eu me apaixonei pelo Cairo, pelas pessoas", conta a cineasta. "Estávamos de férias no Egito há dois meses e decidimos ficar mais algumas semanas, que se tornaram mais algumas semanas, depois alguns meses e quando nos demos conta, já eram três anos."
Enquanto estava por lá, Lavigne ficou imersa na cultura local, aprendendo a falar árabe e a dançar. Ao passar tanto tempo com o povo do Cairo, Lavigne ficou fascinada com as mulheres que viu dançando nos cabarés e eventos sociais. Ela então dividiu suas observações com Thibault. "Eu conversei com Stéphane sobre o paradoxo das dançarinas de Dança do Ventre na sociedade egípcia. Elas são amadas e adoradas, mas são também desprezadas por suas práticas consideradas vergonhosas e pecaminosas."
Reda
É fácil perceber porque o filme está sendo tão elogiado. Em At Night They Dance, o espectador é levado a uma comunidade do Cairo e deixado lá para compreendê-la sozinho. Essa comunidade é onde vive Reda, mãe de sete filhos, com mais um a caminho. A família de Reda é formada por dançarinas de Dança do Ventre, uma tradição cada vez mais rara entre entre as famílias em razão da corrupção do ofício por lá, que vai desde o uso de drogas à prostituição.
"Nós não queríamos nos aprofundar no lado negro dessa atividade e, depois de quatro meses pesquisando famílias, pensamos que poderíamos não fazer o filme," diz Lavigne. "Então encontramos Reda e sua família e, na mesma hora, vimos quão carismática ela era, quão forte ela era. Eles nos lembraram os personagens do dramaturgo Michel Tremblay, sempre da classe trabalhadora, mulheres espirituosas."
Reda é uma personagem fantástica. Num momento, condena o comportamento dos filhos e, num outro, os defende veementemente. "Eu sempre a amei, desde o primeiro dia," declara Lavigne, com carinho. "Eu amo sua energia, sua complexidade. Ela é linda."
Mesmo linda, o que não falta é drama na casa de Reda, e ninguém de sua família parece estar nem um pouco tímido com a câmera que invade suas vidas. "O senso de intimidade deles é muito diferente do nosso," explica Lavigne, citando como exemplo vizinhos que sempre olhavam pelas janelas. "A câmera era apenas como uma outra pessoa entre eles."
Essa outra pessoa capta uma dicotomia que muitas vezes é bastante evasiva num filme. "Espera-se sempre que as mulheres sejam humildes e reservadas," diz Lavigne sobre um sentimento que conhece há algum tempo. "Então, você se depara com essas mulheres, numa sociedade tradicional, que têm essa força. Todas nós temos isso escondido lá dentro - o que esperam de nós e o que realmente somos."
Com toda essa pressão todos os dias, não é de se admirar que dancem a noite toda.
10 comentários:
eu tenho o documentario aqui em casa é realmente maravilhoso
Me diz que está em cartaz em algum lugar de são Paulo, por favor=D
Ai que bom que você traduziu...achei a noticia e tava com uma preguiiiiiiiiiiiça de ler rsrs só vi q era um documentário sobre dança.
Pelo jeito parece legal. Lançaram esse ano eu acho.
Oi Livia dioca!
Essa não é a tradução da matéria que você viu não! Ela tava quase sem informação sobre o documentário, a Tina fez uma pesquisa sobre esse filme para postar aqui! O link do que vc viu é esse aqui: http://www.hollywoodreporter.com/review/at-night-they-dance-la-190225
Olá Rubi, pelo que vi no google, até o momento o filme só foi exibido publicamente em Cannes e numa Mostra de Cinema em Quebec, hehe.
Provavelmente não deverá estrear por aqui em um circuito grande, melhor ficar de olho em salas de museus e espaços culturais, como CCBB, essas coisas. ;)
olá flor gostei muito do seu blog o meu fala sobre feminilidade e dança do ventre , da uma olhadinha beijocas.
http://veuseoutrascoisas.blogspot.com/
Aaaaaiiii... eu qro esse documentário!!!!!
Alguém sabe onde consigo? Ele tem legendas pelo menos em inglês?????
Vou ficar de olho, Celia.
Tem link pra baixar? eu sei, é feio...mas a curiosidade tá me mordendo aqui...
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