Jawari é o plural de Jariya, que quer dizer, serva. Esta serva poderia possuir duas funções: poderia ser r
Eram as Jawari que constituíam os haréns dos sultões, que dançavam, cantavam e conversavam sobre filosofia e poesia para entreter seus senhores. Vários sábios árabes a descreveram em seus livros, como Nafzawi, Al-Jahiz, criando em sua imagem toda uma atmosfera de encantamento e sexualidade. São nos contos sobre as Jawari que surgem os casos de homoerotismo feminino, o que chamaríamos hoje de lesbianismo. Para os muçulmanos clássicos, as mulheres só poderiam se sentir atraídas sexualmente umas pelas outras se estivessem em haréns, o local onde as Jawari viviam ao lado de todas as mulheres da vida do sultão (mãe, filhas e esposas legítimas).
O harém não representava um local voltado para o sexo, mas um local de convivência secreto, onde somente o senhor e os eunucos que o guardavam poderiam ter acesso, sendo dirigido pela mãe do sultão.
Ainda assim, a condição das Jawari não era das melhores.
No Império Turco Otomano, as Jawari passaram a ser chamadas de odaliscas (algo como camareiras). O termo odalisca
A partir do séc. XIX, quando as nações europeias passaram a comercializar seus produtos industrializados e a mesmo industrializar os países árabes, as odaliscas tiveram quase um papel diplomático, ao representarem a hospitalidade dos sultões através de seus corpos e de sua dança.
Assim, nada mais justificável que a imagem da dança do ventre fosse representada por tantos anos como a concubina bela e sedutora, a odalisca. No mundo árabe, a dança do ventre como entretenimento só era desempenhada por Ghawazee ou Jawari (Odaliscas), isto é, por prostitutas ou concubinas, e é por isso que a dança do ventre não é vista com bons olhos por lá. Atualmente, muitas países usam a dança do ventre com papel turístico, como o Líbano, o Egito, a Turquia, mas para muitos árabes, a dança do ventre está longe de perder a sua imagem de promiscuidade.
A impressão deixada nos europeus pelas odaliscas pode ser conferida pelas diversas pinturas que encontramos até mesmo no Google. Pintores como Jean Auguste Dominique, Vicenzo Martinelli e Fabio Fabbi retrataram o imaginário europeu do que seria o harém, obras de erotologia árabe foram traduzidas, se iniciou o movimento que chamamos de "orientalismo" (o Oriente como algo envolto em misticismo e encantamento, como "o outro").
Para fechar, em homenagem a essa ideia orientalista do Oriente (por incrível que pareça não é um pleonasmo), e sobretudo sobre a ideia que temos do harém e das odaliscas, um vídeo "modernoso" da Sarah Brightman: