Tudo bem que na dança do ventre nossos modelitos não se restringem ao cinturão e bustiê, nós podemos variar nos modelos de saias, usar calças, optar por usar ou não cinturão, variar nos tipos de bustiê, mas que pedaço de pano é aquele que as egípcias desfilam em suas apresentações? Elas parecem ter um critério de moda mucho loco, algo que beira a falta de bom senso!
Quando nos deparamos com estas estrelas mal-vestidas, nos perguntamos: o que fez esta criatura achar que esta roupa está valorizando a sua performance? Bem, logo também concluímos que não é bem a dança que ela está buscando valorizar, parece que a plateia está querendo ver outra coisa, as curvas das dançarinas. Para tal, minissaias, tops, roupas aperrrrtadas até prender a circulação e um quê brega. Fico imaginando o agente dessas bailarinas dando a dica: "Na próxima vez se vista mais ousada", e depois de milhares de "dicas", por fim só se a bailarina vier "vestida" com três "post-it" tampando as devidas partes! E se o problema fosse só a "ousadia"! As dançarinas se esmeram em ganhar o título "rainha do brega", para isso lantejoulas, brrrrilhos em todos os poros, cores forrrrtes, e claro: desenhos escabrosos nas roupas (ou então elas mesmas desenhadas ao estilo psicodélico!).
Mas quando foi que surgiu esta tendência? Bem, no início da década de 90, três dançarinas muito conhecidas começaram a se destacar de uma forma peculiar: Dina, Mona Said e Nagwa Fouad. O que havia de exótico nelas? Claro, os modelitos reveladores e inusitados! Em 1992, Dina e Mona Said, não satisfeitas com as roupas diminutas, começaram a usar calças de lycra! Em 1994 (como podemos ver na foto ao lado), novamente não satisfeita, Dina passou a unir seu famoso vestido justo com o shortinho básico, e claro, com um corte enviesado para dar o tcham e presilhas cobertas de strass. Ah sim, esta fotinho é um furo de reportagem: o botão do decote se soltou e ficou essa abertura aí para a alegria da rapaziada. A pobrezinha ficou um bom tempo tentando prender novamente o decote! Dentre outros modelitos de Dina, temos vestidos mais do que reveladores, se este decote se abriu "sem querer", não podemos negar a intenção de mostrar outras partes de seu corpo, nos vestidos transparentes (ao menos ela usa calcinha! Boa moça!), com pouco tecido, e cores e estampas vibrantes (laranja florescente e estampas de flores, frutas, até mesmo as mesmas em miniatura).Mona Said também não fica atrás de Dina no quesito "breguice ousada", claro também com mais detalhes ainda! Um carro alegórico ficaria com inveja das roupas de Mona! Essa aqui não diva nada, é perua mesmo!! Segundo relatos de Leyla Lanty, uma dançarina norte-americana que a viu dançar ao vivo, certa vez Mona entrou no palco com a roupa decotada nas cadeiras (primeira foto acima), os músicos quase perderam a concentração, a expressão deles foi de imensa surpresa, e profissionais que eram, não perderam o ritmo! Músicos egípcios agora têm que tocar esperando qualquer coisa, meninas!
E por fim, claro, Nagwa Fouad! As breguices e situações inusitadas, acho que esta foto ilustra muito bem: vestido de baladi preto transparente, bustiê e microssaia de um tecido extremamente brilhante e colorido fosforescente, e para chamar ainda mais a atenção, subiu numa cadeira para dançar! Segundo relatos narrados por Leyla, numa de suas performances com esta "ropitcha", um homem a mandou descer do palco para se vestir, porque ele tinha trazido a família para ver o show. Nagwa mandou a banda parar de tocar, desceu do palco, subiu na mesa do homem (!) e mostrou que a roupa dela cobria todo o corpo (esse tecido aí transparente). O que aprendemos com esta "lição": não importa se muitos ficarão chocados, o importante é que o show deve continuar (ao menos nos Night Clubs egípcios)!
E existem brasileiras adotando semelhantes figurinos? Sim, existem, infelizmente... A última que ouvi falar - graças a Deus não precisei testemunhar isso - foi uma dançarina com top e saia jeans, devidamente bordados, em que a moçoila ainda se atrevia a fazer arabesques... Sinceramente: poupe-me!!! Claro que existem muiiiiitas dançarinas que acreditam que "o que é bonito tem que se mostrar", mas acho este ditado uma grande desculpa para se mostrar de tudo, e que independente dos gostos pessoais de cada um, acaba vulgarizando a dança do ventre. Dança do ventre é vulgarizada no Egito? Ô se é! Lá dançarina do ventre tem um sinal de igual ao lado das prostitutas. Não se iludam com brilhos, plumas, strass, lá a coisa tá feíssima, é preciso muito cuidado e muitos anjos da guarda para se trabalhar decentemente no Egito.
Mas é isso, fica a dica de se valorizar e valorizar a nossa dança. Se você é uma dançarina linda, excelente, use uma roupa que mostre o que você tem de bonito sim, mas não mostre algo que vá confundir o objetivo da sua dança. Vamos dançar para sermos admiradas, não somente assediadas!
Aqui abaixo Nagwa Fouad num dos seus momentos psicodélicos:
7 comentários:
Belo post!
Como elas são as "donas do negócio" , é difícil contestar o papel que elas mesmas prestam no próprio país. Mas isso realmente, não significa que devemos fazer o mesmo, ainda mais no nosso país, que já tem tanta bunda na televisão.
Pois é, Hanna, o papel que elas prestam no país, digamos assim, é ser "entretenimento masculino" pelas Night Clubs do Cairo. Muita gente pensa que lá é moral, bonito, "patriótico" ser dançarina do ventre no Egito, mas apesar de todas as mulheres aprenderem a dança para fazer em casa, aquelas que a fazem publicamente são discriminadas e até rechaçadas. Acho que a Dina, a Mona e a Nagwa chutaram o balde mesmo, afinal, quem assiste a elas na maioria das vezes não busca ver "arte" no que elas fazem!
Eu fiz esse post pensando nas meninas que acham que dançar praticamente nua é algo atraente. Se elas pensarem em usar as dançarinas do Egito como justificativa, então, elas mais que precisam saber o que realmente se passa por lá!
Eu não assisti nenhuma apresentação da Dina aqui no Brasil, mas uma amiga minha que estava lá disse que o figurino dela não tinha um item importante: a calcinha!
Não sei se é verdade, mas não duvido nada!
Sempre defendo que o mundo da dança do ventre não é um mundo à parte e que as regras valem no nosso dia a dia valem pra ele também! Tem gente que vai se apresentar maquiada de palhaça: look carregado nos olhos, na boca, no blush, no cabelo, nas roupas...
Poupem meus olhos!!!!
É, de repente a Dina já está aderindo a esta nova onda (o agente dela deve ter pedido "mais ousadia"). Hoje o nome da "dina" é usado para qualificar a honra de uma mulher no Egito! Estar "abaixo da Dina" é exemplo para deplorar a imagem de uma mulher! Não queremos ser como ela, né?
Pelos vídeos que já vi, percebi que as dançarinas turcas também estrapolam no figurino. Usam saias curtinhas ou só um fiozinho de véu na frente e outro atrás. Se bobear a gente até confunde com passista de escola de samba daqui do Brasil!E além do mais dançam feio que só... Pelo menos as que vi achei exagerado... Elas dançam com as pernas abertas, usam muitos floreios, jogação de cabelo toda hora... aff!!!
Sim, algumas dançarinas turcas extrapolam, especialmente a Didem, a dançarina da Turquia que mais tem vídeos no youtube. É que lá na Turquia existem as dançarinas tradicionais (que dançam ritmos próprios da cultura, como o Chifteleli, e folclore, algo mais cigano, se assim posso dizer) e as que são para entretenimento masculino, isto é, sharmuta! Lá ainda tem uma certa distinção entre "dada" e "não dada", no Egito qualquer dançarina do ventre que se apresente publicamente é vista com maus olhos, e destas existem as que usam as roupas mais "segura o tcham" possíveis!hehe
Enquanto isso no Brasil, patria das dançarinas clonadas, que apenas copiam o estilo estrangeiro de dança e não criam nada de especial, virou moda querer julgar a vestimenta das musas, das maravilhosas e apoteóticas divas egipcias... Ah coitadas, o dia que uma brasileira chegar no dedo mindinho do pé da Dina pr exemplo, vocês podem começar a falar. Bando de despeitadas.
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