É necessário falar árabe para se desenvolver melhor na dança do ventre? O árabe faz a diferença entre dançarinas do ventre? Hummm, hummmmm, hummmmmm (processando): NÃO!! Falar árabe é um quê a mais, um gosto pessoal, não é decisivo para a formação na dança do ventre. Maaasss, você quer aprender árabe? Acha bonito, interessante, exótico, atrativo, enigmático, etc, etc, etc, quer aprender mesmo? Então temos as dicas para quem quer ingressar de cabeça no mundo árabe.
Primeiramente, aprender uma nova língua não é apenas aprender a se comunicar com os nativos de determinada região, é aprender a pensar conforme este povo, a compreender novas noções de tempo, de sociedade, de identidade. No árabe, por exemplo, uma característica é o "não pertencimento" de nada, tudo é de Deus, tudo vem de alguém para alguém ("de mim para você"), não se dá nada, porque nada pode ser posse de alguém, ele passa de uma pessoa a outra. Outra característica é vista nos verbos, nos substantivos que não se flexionam somente em número e em pessoa, mas em gênero, homem e mulher são diferenciados em todas as esferas da vida, incluindo até mesmo na expressão de sua língua. Profundo, não? Pois é, mas esse não é o primeiro desafio... A segunda característica do árabe é que temos 4 tipos dele: pré-islâmico, standard (aqui no Brasil chamado de clássico), clássico (aqui considerado o árabe sagrado, é o árabe do Alcorão) e popular. Destes, o que temos contato são o standard (clássico) e o popular.
O "standard" é o ensinado nas faculdades e cursos, é o árabe da comunicação: os 22 países adotam esta versão para todas as formas cultas e oficiais na transmissão de ensinamentos, em toda a produção escrita. O árabe popular não tem uma forma escrita (ainda que encontremos "transliterações"), ele é somente falado, não segue um padrão, variando em cada país de origem, em algumas regiões conseguindo ser discrepantes do árabe original. O árabe que comumente ouvimos nas músicas é o árabe popular, variando entre o sírio-libanês e o árabe egípcio.
Assim, para aprender árabe, deve-se identificar a finalidade de seu aprendizado: estudo da cultura, contato acadêmico? Árabe padrão - clássico; compreender as músicas, cantar: árabe popular. Em determinados países, não é necessário falar nenhum destes "árabes", sabendo inglês ou francês, você pode ser compreendido facilmente, mas é preciso saber com antecedência qual destes idiomas estrangeiros é falado por lá (depende do país imperialista que dominou a região: Inglaterra ou França). Mas se é um desejo intrínseco falar o árabe, onde aprender?
Aqui no Rio de Janeiro, o árabe padrão clássico é ensinado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, num curso aberto à comunidade: o CLAC. Esse curso com duração de dois anos, ensina toda a base gramatical da língua, mas é fraco no quesito "conversação". Para isso, há intercâmbios promovidos pela faculdade para a Síria e para a Tunísia, em que grupos de alunos vão estudar de um mês a dois anos a língua árabe, sendo que todas as despesas são cobertas pelos mesmos. Nesses dois casos, a Tunísia é de longe a opção mais rápida e mais barata: um mês de estudo, com alojamento, comida, e direito a comprar "lembrancinhas" dá aproximadamente R$1.200. O que encarece a viagem, no entanto, é a passagem de avião: R$3.600 (ida e volta). Ainda assim, é um ótimo programa para quem já tem alguma noção de árabe padrão clássico e quer visitar a antiga Cartago, com os monumentos romanos ainda por lá, às margens do Mediterrâneo.
No caso do árabe popular, o único curso que conheço é o por correspondência da Gisele Bomentre. Esta dançarina do ventre morou por vários anos no Oriente Médio, tendo feito também um curso no México de árabe sírio-libanês, passando a divulgar seu conhecimento em cursos de árabe popular (este sírio-libanês, mais usado no Oriente Médio, como Líbano, Jordânia, Emirados Árabes, etc), árabe egípcio e árabe padrão clássico (esse último trabalho dela eu ainda não conheço) em apostilas divididas em 15 módulos, vendidas pela internet. Eu tenho algumas apostilas dela, realmente são elucidativas, pois além do material impresso, vem um cd com a pronúncia das palavras e algumas partes da apostila em áudio. Só uma pena que as apostilas são tão curtinhas, em média 10 páginas, aí eu acabei interrompendo a "coleção" por achar que era um pouco de "luxo" para uma curiosa no mundo árabe popular...
Na verdade, aprender árabe é realmente uma curiosidade, para quem está no meio da dança do ventre. Eu sou apaixonada pela cultura árabe, conhecer o árabe escrito é essencial para minha carreira acadêmica, mas nem todo mundo está tão envolvido para se dedicar a este idioma. No meu curso conheço pessoas que estão lá por causa da dança, da música, mas no final das contas, elas permanecem não por isso, mas por se cativarem pela língua, o árabe realmente é muito lindo! Ahhh, eu sou suspeita para falar! Masha Allah!
Mas ainda que o árabe não seja necessário para quem quer dançar, acho importante conhecer o significado das músicas. Nós aqui disponibilizamos as traduções, pois acreditamos que saber o que a música quer dizer é importante para interpretá-la. Para isso não demora muito, é só pesquisar, e nem vai levar anos de dedicação! E então, você decidiu se quer aprender árabe? Aqui abaixo há um vídeo - direcionado às crianças - ensinando o alfabeto árabe com imagens e palavras ocidentais (nesse caso do inglês). É muito gracinha:
7 comentários:
Oi!
Felizmente, concluí o curso de arabe do CLAC no ano de 2008 e posso dizer, como bailarina, que fez mta diferença pra mim, mesmo tb não considerando saber a língua como obrigatório.
Infelizmente, não me dediquei nem continuo me dedicando como eu gostaria pois não vivo só de dança e meu tempo é super curto.
É ser alfabetizado de novo, o início é um pouco desanimador, mas tendo força de vontade, no final, as coisas vão ficando mais fluidas!
Hath saaid!
Oi, Hanna, eu também faço o CLAC, e como você deve saber, o árabe de lá é completamente diferente das músicas que dançamos. Acho que a única coisa que dá para ser aproveitada é o som das letras na hora de pronunciar um nome árabe, porque no resto o vocabulário é totalmente diferente! Para se ter uma ideia, não existem dicionários de árabe popular, porque não há uma coerência que permita compilar suas variantes, e ao contrário, é possível estudar toda a estrutura da língua em sua versão clássica (como eu faço com meus amados dicionários aqui em casa, Wehr e Baalbaki, e até o Alphonse Nagib). O árabe clássico, como mesmo falam os estudiosos, é para o campo universitário, para a produção literária, que é o que busco agora que estou o aprendendo.
Adorei o blog. Estou aprendendo a dançar achei muito dificil mas sei com força e determinação eu consigo, gostaria de algumas dicas se possivel.
Sem mais
Oi Cristina, qualquer dúvida você pode perguntar no blog, terei o maior prazer em te ajudar. Agora quanto a dançar meeesmo, você pode encontrar ótimos professores, depende só da região de onde vc mora. Mande um e-mail com suas informações e quem sabe posso te dar mais dicas! Bons estudos!
Aprender Árabe-تعلم العربية
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Olá, ofereço aulas de Frances / Espanhol / Arabe para brasileiros e estrangeiros de todas as origens e em todos os niveis de conhecimento, especialmente iniciantes. Falo também bereber,inglês, alemão , mas as aulas serão principalmente em Frances / Espanhol / Arabe .
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lenguas.idiomas@gmail.com
Vila Velha - Espirito Santo
Boa noite, meu nome é Alex Bonifacio e sou graduado em Letras (árabe-português) pela Faculdade de Letras da UFRJ. O árabe é uma língua dificultosa de aprender, mas treinando diariamente o aluno terá bons resultados.Na ocasião em que fazia a graduação tive ótimos professores, dentre eles Ibrahim Georges Khalil, Suely e Hani, portanto o que guardo bem como referência e histórico foi o professor João Baptista Medeiros, uma das maiores autoridades do idioma no Brasil.Atualmente tenho poucas lembranças da estrutura gramatical do idioma, mas tenho imensamente vontade de voltar a estudar a língua de Muhammad, o profeta do Islam.Aquele abraço aos simpatizantes do idioma árabe.
Olá Alex,
Que legal, vc era do árabe! Eu conheci alguns estudantes de lá. Também conheço o Ibrahim, a Suely, o Hani e o João Baptista. Por sinal, mês passado almocei com o João Baptista e dei duas palestras na UFRJ para as turmas dele.
Realmente o árabe é uma língua que precisamos estar em permanente contato, muitas coisas eu já esqueci, ao menos o alfabeto e algumas palavras mais recorrentes de músicas que mantenho sempre em mente. Bjs e mantenha contato com o árabe!
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