A linda Kiania Lima tem se destacado no meio da Dança do Ventre pelo seu talento, domínio técnico e simpatia. Inclusive, já contribuiu aqui no nosso blog com um "guia" sobre improvisação que nós amamos e recomendamos fortemente a leitura. Ela conheceu a dança do ventre com 10 anos de idade, após assistir duas bailarinas na televisão. Este foi o click do encantamento e o início da busca pelos estudos. Dentre suas professoras podemos destacar Rita Ferraz, Málak Alaoani e Aziza Mor-Said. Hoje, integra o quadro de bailarinas "Noites no Harém" da famosa casa de chá paulista Khan el Khalili. Sua maior fonte de estudo é a bailarina egípcia Dina. Vamos conhecer um pouco do início de todo esse percurso agora?
Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Eu não tenho nenhum motivo considerado especial para ter entrado no mundo da dança do ventre. Não tenho descendência árabe e não me lembro de ter tido contato com alguém da cultura até realmente começar a dançar profissionalmente, muitos anos depois. Me apaixonei pela dança quando, aos meus 10 anos, assisti uma apresentação de duas moças, na TV. Era uma apresentação com taças, e há 16 anos atrás, a dança não tinha todo o glamour que vemos nos dias atuais. Eu sempre tive contato com os esportes. Tentei jogar basquete, handball, fiz natação. Não me dei bem com nenhuma dessas modalidades. Paralelamente a isso, tinha meu contato com a dança. Iniciei meu aprendizado no jazz. Tão pequena que nem consigo me lembrar quantos anos eu tinha. Gostava muito do jazz. Fiz uma aula de ballet clássico e odiei. Nunca mais voltei. (Coitada da minha mãe que tinha comprado todos os acessórios, se assim posso dizer). Bom, aos meus 10 anos eu decidi que queria fazer dança do ventre de qualquer jeito, pois tinha ficado fascinada pelas moças da TV. Um dia, na minha escola, organizaram um show de talentos, onde qualquer aluno poderia apresentar qualquer coisa que quisesse. Fiquei espantada quando uma das minhas amiguinhas de sala fez um número de dança do ventre. Era muito difícil encontrar informações, locais de aulas, ainda mais com a minha idade. Bom, tive a oportunidade de fazer a minha primeira aula com a professora dessa minha amiga de escola. Rita Ferraz. Ela dava aula na sala de estar da sua casa. Entrei em uma turma de duas pessoas. As duas meninas do meu colégio. Nem preciso dizer que eu não parei nunca mais e as duas desistiram, né?! Fiz aulas regulares com a Rita até meus 20 anos.
Como foram as primeiras aulas?
As minhas primeiras aulas foram uma delícia. Sinto muita falta daquele cheirinho da sala de estar da Rita. Não só por ser onde tudo começou. A minha vida, os meus sonhos, mas também porque foram os anos mais acolhedores que vivi, no meio da dança. Naquela época a dança era só amor. Eu nem sonhava um dia estar onde estou (estar, por exemplo, escrevendo para vocês, contando sobre o meu início). Me lembro de a minha primeira aula ter sido uma delícia. Eu estava tão ansiosa. AHHHH..COMO ESTAVA! Lembro que na primeira aula aprendi os oitos verticais (oito para cima e oito para baixo) e me lembro que consegui fazer os dois de primeira, e que me senti super confortável fazendo aquilo. Me lembro que a Rita ficou meio abismada e me encheu de elogios. Eu fiquei me achando horrores e me senti em um sonho. Fazendo o que eu tanto queria. Me sentindo a menina das mil e uma noites. Por alguma razão que eu só tenho a capacidade de entender nos dias de hoje, eu acredito que estava destinada àquilo. Foi uma coisa muito forte que senti. Por incrível que pareça, eu sinto mais dificuldades hoje do que no início do meu aprendizado. Talvez por toda a cobrança que toda bailarina profissional carrega consigo.
Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
Minha maior dificuldade na dança sempre foi a de me apresentar em público. Sempre fui estudiosa. Sempre tive um certo talento, que era o que algumas pessoas diziam, mas eu saía correndo de qualquer tipo de apresentação. Sempre fui muito tímida. Dancei apenas para mim mesma por 13 anos e, ainda hoje, tenho isso como minha principal barreira a superar. Sempre busquei a perfeição. Nunca achava que estava pronta para nada e, por isso, demorei tanto tempo para dar início a minha carreira de bailarina e, ainda assim, por um empurrão da minha mãe, que me inscreveu na pré-seleção de bailarinas Khan el Khalili.
Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
FATO 1: Sempre me achei muito dura na parte do tronco. Tinha o sonho de ser modelo e ginasta, ao mesmo tempo (hahahaha). Fui daquelas garotinhas que andavam com livro em cima da cabeça e tudo. Cheguei a trabalhar um pouco como modelo de passarela, mas tenho como uma das minhas frustrações na vida, a de nunca ter conseguido fazer a minha aula de ginástica olímpica e também a de nunca ter sabido dar uma estrelinha... Por toda a minha vida na dança ouvi diversas pessoas falando que eu era muito travada, muito durinha. Me cansei disso e decidi encarar como meu estilo na dança. Não ligo. Sou durinha e nunca consegui fazer aquele passo de soltar os bracinhos molinhos, de um lado para o outro, passando o peso. É idiota, mas só faço isso do jeitinho durinho da Kiania.
FATO 2: Eu não ia ser Kiania, no momento em que estava dando minhas primeiras engatinhadas no mundo das bailarinas profissionais. Ia ser Paola. Tinha vergonha de me chamar Kiania, sei lá por que.Graças ao Jorge Sabongi e Aziza Mor Saidi escolhi o melhor nome para me acompanhar na minha jornada. O MEU!
FATO 3: Uma vez, na aula da Aziza, ela pediu que fizéssemos uma seqüência de forma despojada. Eu fiz, achando que estava arrasando (Hahaha), aí quando terminou a minha seqüência a Aziza falou: "Legal, Ki! Agora faz a despojada." Eu fiquei com aquela cara de "Ué?! Morri!!! Hahahahaha. Isso marcou a minha vida eternamente.
FATO 3: Uma vez, na aula da Aziza, ela pediu que fizéssemos uma seqüência de forma despojada. Eu fiz, achando que estava arrasando (Hahaha), aí quando terminou a minha seqüência a Aziza falou: "Legal, Ki! Agora faz a despojada." Eu fiquei com aquela cara de "Ué?! Morri!!! Hahahahaha. Isso marcou a minha vida eternamente.
Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Eu acho que o mais importante é ter certeza do seu amor por essa arte. Se não tem muito amor, não vai longe. Se você acha as roupas bonitas, se acha que tem algum glamour em vesti-la e é simplesmente isso, tudo vai dar bem errado. Bailarina de dança do ventre é quase uma sem vida. Óbvio que tudo depende do quanto você vai se dedicar e querer se entregar para este mundo. E é aí que mora a palavra AMOR.
Siga seus princípios.
Seja você, mesmo que seu você seja "menos legal" do que o você de outra pessoa.
"Tente" falar pouco.
Dance. Dance. Dance.
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Vamos ver o antes e o depois dos vídeos da Kiania?
(2010)
(2013)
Vamos ver o antes e o depois dos vídeos da Kiania?
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