terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Primeiros Passos de Aziza-Mor Said


E a primeira entrevista do ano da série "Primeiros Passos" é com a tocantinense Aziza Mor. Seu primeiro contato com a dança do ventre foi em 1995. Desde lá, começou a estudar a dança por conta própria através de vídeos até que em 1996, em um workshop com Hossam Ramzy, decidiu partir para um trabalho mais direcionado e com professores de carne e osso. Sua carreira profissional como professora e bailarina se iniciou em 1999, mesmo ano em que passou a integrar o grupo de bailarinas da casa de chá egípcia Khan el Khalili, aprovada na primeira seleção de bailarinas desta casa. Estudou com figuras renomadas do meio como Lulu From Brazil, Soraia Zaied, Raqia Hassam, Mahmoud Redha, Randa Kamel, Gamal Seif, entre outros nacionais e internacionais. Podemos ver Aziza dançando como convidada nos vídeos didáticos de Lulu From Brazil e da Khan El Khalili. Atualmente vive em São Paulo (capital) e é professora no Centro Cultural Shangrilá House e no Estúdio Elis Pinheiro de Dança do Ventre. Em 2005 cursou "Dança e Movimento" na Universidade Anhembi Morumbi, complementando cada vez mais seus conhecimentos. Além disso, é instrutora de Yoga. Aziza dispensa maiores introduções, já que é uma bailarina muito reconhecida no Brasil. Confiram a entrevista gostosa em que ela nos fala sobre seu início na dança.

Porque você começou a dançar a dança do ventre?
Comecei porque me senti atraída pela beleza dos movimentos. Meu 1° contato foi visual. Assisti a uma apresentação em um programa de TV. Meu 1° ano de estudo foi solitário, eu em um quarto em casa, com espelhos, vídeo, TV e aparelho de som. Em Araguaína (Tocantins), na época, não tínhamos professores desse estilo de dança. Comecei a estudar através de vídeos didáticos. Após um ano, participei do meu 1° workshop, em São Paulo. Workshop de Ritmos com Hossam Ramzy, em 1996 ou 1997. Nesse workshop pude ver muitas bailarinas maravilhosas de perto e esse contato fez eu perceber o quanto eu tinha ainda que me desenvolver, foi um choque perceber a diferença de qualidade, mas foi a partir daí que comecei a ter aulas com a intenção de buscar a qualidade que presenciei naquele dia. As aulas particulares foram muito importantes para meu desenvolvimento, afinal não era possível ter aulas regulares, porque eu morava longe, cerca de 2.150km de São Paulo.


Como foram as primeiras aulas?
As primeiras aulas foram de descobertas e novidades, uma atrás da outra. Foram aulas individuais e direcionadas para as minhas necessidades. Cada professora atacando um ponto. Lembro da minha dedicação, confiança e atenção. Sempre anotando as dicas e praticando muito. A média era: uma semana de aulas, para três ou quatro meses sem aulas, onde os estudos eram conduzidos por mim mesma. Minha disciplina tornou possível aprender assim, eu praticava todos os dias cerca de uma hora e meia.

Quais eram as suas dificuldades e como você as superou?
Minhas dificuldades: batida vertical ou “soldadinho”, oito maia, tremidos em geral, timidez excessiva. As dificuldades com a técnica foram superadas com a repetição, prática, estudo, desenvolvimento da consciência corporal. A timidez foi desaparecendo aos poucos, conforme fui ganhando confiança. Fui ganhando confiança conforme fui dançando em público.

Uma história peculiar sua com a dança do ventre.
Teve uma ocasião na qual eu estava dançando e tive o privilégio de ter a renomada professora Egípcia Raqia Hassam na platéia, isso foi antes da Soraya Zayed ir morar no Egito, ela também estava dançando nessa noite. Bom, não perdi tempo, logo após fui pedir a Raqia um parecer sobre a dança e ela muito generosa o fez. Disse que eu era muito delicada e esse era o problema: delicadeza em excesso, me aconselhou a ser mais forte. Eu entendi na ocasião que se tratava de por mais força na execução dos movimentos, quase “morri” tentando fazer tudo mais forte, mais pesado, me debati em busca da “força” por mais de um ano e aí como não encontrava essa qualidade, desisti, renunciei furiosa. Foi aí que aconteceu um “milagre”, descobri minha força. A minha e não a que eu achava que deveria ter. Compreende a diferença? A força pode estar presente na delicadeza, no movimento, no olhar, na presença, na agilidade, na pausa, na atitude... As vezes encontrar é abrir mão depois de ter tentado tudo.


Um recado para quem está começando ou continua estudando.
Recebi por e-mail de uma amiga, também bailarina, Talita Vital, e vou utilizar agora como mensagem de motivação:
A Historia do Bambu Chinês
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se ve nada por aproximadamente cinco anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto a partir do bulbo.
Durante cinco anos, todo o crescimento e subterrâneo, invisível a olho nu, mas macica e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra esta sendo construída. Entao, no final de 5 anos, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros. Um escritor de nome Covey escreveu:
Muitas coisas na vida pessoal são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e às vezes, nao ve nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu quinto ano chegará e com ele virão um crescimento e mudancas que você jamais esperava. O bambu chinês nos ensina que nao devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos!
Viver, sonhar, que é um projeto fabuloso, que envolve mudancas de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização. Devemos sempre lembrar do bambu chinês para nao desistir facilmente diante das dificuldades que surgirão. Procure cultivar sempre dois bons habitos em sua vida: a PERSISTÊNCIA E A PACIÊNCIA! pois vc merece alcançar todos os seus sonhos!!! É preciso muita fibra para chegar as alturar e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.
*
Muito bacana a entrevista! Acho interessante conhecer mais um pouco dos artistas que admiramos, além de ter a oportunidade de percebermos as etapas pelas quais passaram para chegar onde chegaram. Espero que tenham aproveitado. Abaixo o "antes e depois" da Aziza.


2006

Nas Super Noites no Harém - 2011

Suas alunas - Coreografia de Aziza

6 comentários:

Diário de Bordo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dirceu Bento Jr. disse...

Parabéns Aziza Mor, uma entrevista rica em detalhes e uma verdadeira aula motivadora para as pessoas que apreciam essa modalidade de dança. A dança do ventre no Brasil ganha em importância e tem sua história enriquecida pela relevância da sua dedicação, seriedade, disciplina e perserverança. Suas alunas são discipulas privilegiadas! Que 2012 te traga muito sucesso profissional e pessoal, pois você é uma pessoa especial e merece tudo isso!

Aziza Norman disse...

Lívia obrigada pela oportunidade, pelo carinho e cuidado com a revisão do texto, por tornar possível uma aproximação maior com todas as pessoas que amam dançar. Parabéns pelo seu blogger. Bjooo

Leandra disse...

Gosto muito da dança da Aziza, tive oportunidade assistir a uma aula dela há anos atrás e vi o cuidado e didática q tem com suas alunas. Estudo DV desde 2006 e já desanimei por diversas vezes, porém, lembro da da história da Aziza para me fazer recomeçar. Para Aziza, meus parabéns pela excelente bailarina q é, em minha opinião singela, uma das poucas q vejo dançando verdadeiramente DV e a admirável em seu todo. Q Deus continue te abençoando e dando insipiração para crescer mais a cada dia.

Lívia disse...

Obrigada Aziza pela atenção! Uma bailarina admirável pela história, pro seu trabalho e maneira de lidar com seu público.

Em seu facebook ela divulgou o link do post e vi alguns comentários dizendo sobre como o texto motivou as pessoas a continuarem ou a iniciarem os estudos em Dança do Ventre! Isso é muito legal! É o objetivo dessa série de entrevistas!

Novamente obrigada! beijos e sucesso (mais)!

Adrielli Brites disse...

Parabéns pelo blog, lindo como sempre.
Adorei esse post sobre a Aziza admiro muito seu trabalho e é muito bom conhecer mais sobre ela, como ingressou na dança, quais foram seus professores... muito bacana mesmo.

Beijos

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